Tricolores
Afastados A diretoria anunciou ontem seis jogadores que vão treinar separados do elenco. A maior surpresa é o lateral-esquerdo Márcio Careca, titular em 18 dos 19 jogos realizados pelo Paraná no Brasileiro. Além dele, estão na lista: o lateral-direito Parral, o lateral-esquerdo Digão, o zagueiro Da Silva, o volante Serginho e o meia Élton. O meia Joélson, primeiro a ser barrado, transferiu-se para o Avaí.
Reforço O volante Muçamba, que defendeu o Paraná entre 2005 e 2006, está voltando a pedido de Lori Sandri, que o havia levado para o América-RN.
Manobra O também volante Batista começou a treinar e será registrado hoje na CBF. Como cumpriu ontem a suspensão pelo terceiro amarelo pelo Avaí, poderá enfrentar o Juventude, no domingo.
Kleina diz que foi depreciado
Uma situação inusitada no futebol marcou o fim da segunda passagem do técnico Gílson Kleina pelo Paraná. Ele esteve na Vila Capanema ontem pela manhã para passar o cargo a Lori Sandri, além de se despedir dos jogadores.
"Fico feliz por ser a pessoa que abriu as portas para eu começar como treinador (em 2003, no Criciúma)", disse Kleina. Além de lamentar a falta dos resultados, ele reclamou da atuação de parte da imprensa curitibana. "Achei que fui depreciado muitas vezes, em jornais, em rádios. Podem falar até do lado profissional, agora do pessoal eu não admito", disse o técnico, que reafirmou não ter havido qualquer discussão com os jogadores Joélson e Daniel Marques ou tentativa de interferência de dirigentes no seu trabalho. (NF)
Se o incêndio na Vila Capanema estava ficando fora de controle, a solução encontrada pela diretoria paranista foi trazer um técnico que admite ser uma espécie de bombeiro do futebol. Lori Sandri assumiu ontem o cargo com a missão de salvar o chamuscado Tricolor de algo pior, como o desmoronamento para o grupo dos quatro últimos classificados no Brasileiro.
"Tenho tido a felicidade de ser um bom bombeiro. Espero que no Paraná, um clube do qual gosto muito, possa fazer as coisas acontecerem da maneira que desejamos", disse o treinador, que assinou contrato até o fim do ano, quando haverá eleição no clube.
Aos 58 anos, 28 como técnico, ele invocou a experiência como principal arma para enfrentar o clima explosivo criado pela seqüência de sete jogos sem vitória e cinco sem marcar um gol sequer. A estratégia é domar o fogo aos poucos: "Temos de agir com tranqüilidade. Não chegar aqui e mudar tudo. Transmitir isso aos jogadores é um dos caminhos. O restante virá com resultados, voltar a vencer um jogo dará calma para pensar no futuro."
O primeiro balde de água foi jogado por Gílson Kleina, ao pedir demissão na segunda-feira. "Os seis pontos que precisamos fazer nestas duas partidas em casa (Juventude e Cruzeiro) são fundamentais. E de repente, em vez de apoiar o time, a torcida poderia ficar mais preocupada em pressionar o treinador. Então preferi que o comando fosse trocado. Tem momentos em que você tem de deixar o orgulho de lado", explicou o ex-comandante.
Porém o sucessor deixa claro que uma simples substituição, apesar de motivar a equipe a curto prazo e no caso conter a rejeição da arquibancada , não tem o poder de resolver todos os problemas.
"Temos de entender uma coisa. Só motivação não torna um grupo vencedor. Mudar o técnico pode funcionar por uns três jogos, mas depois percebemos que não é benéfico", afirmou Lori, com a vivência de quem é lembrado quando as coisas não vão nada bem.
Foi assim duas vezes em 2005, por exemplo, quando assumiu o Paraná correndo sério risco de não passar à segunda fase do Estadual, e mais tarde o Atlético-MG, com a árdua tarefa de evitar a queda para a Série B. Em nenhum dos casos conseguiu o objetivo imediato, mas arrumou os times para as competições seguintes. Ou em 1995, quando assumiu o Coritiba após Paulo César Carpegiani jogar a toalha e devolveu o clube à Primeira Divisão nacional.
Ele só não promete mágica. "Não vou pegar uma varinha e transformar o sapo em uma princesa da noite para o dia. Mas, talvez por ter um pouco mais de tempo andando por esse mundo afora, tenho condições de acrescentar algo. E o Paraná, como começou bem o campeonato, é sinal de que tem qualidade", avisou Lori, preferindo seu bom e velho extintor.
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