Veja os irmãos Valeski em uma situação cotidiana e não há como desconfiar de nada. Margaret, de 46 anos, é professora de Educação Física. Sérgio, 45, toca a autoelétrica da família. E Domingos Júnior, 41, é artista plástico. Exercem funções tão distintas que, nos dias de semana, é quase impossível conseguir encontrá-los juntos sem nada previamente agendado.

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Mas eis que chega o fim de semana e os Valeski deixam o disfarce de lado, juntam as bicicletas, as toucas, óculos, tênis e viram triatletas. É praticamente certo que enquanto todos estão descansando, os três se dividem correndo, pedalando e nadando pelos mais diversos locais do país.

"É um vício", explica Sérgio, que foi quem começou com a brincadeira, há 16 anos.

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Para se ter uma idéia, os irmãos nem lembram qual foi o último fim de semana que passaram dentro de casa, sentados na poltrona, assistindo à televisão. Certamente não será agora que isso ocorrerá: amanhã, os três participarão do Sesc Triathlon de Caiobá.

Para os Valeski, a prova tem um significado especial. Sérgio, por exemplo, desde que começou a modalidade não perdeu uma edição da competição no litoral paranaense. Curiosamente, é, dos três, que tem a pior melhor marca: um 4.º lugar. Já Domingos e Margaret conseguiram, em seus melhores desempenhos, o 2.º em suas categorias.

"É que tem gente quase profissional competindo comigo. Gente que trabalha só meio período...", explica Sérgio, que passa o dia inteiro na loja e só consegue tempo para treinar à noite. Às vezes, são mais de 22 horas, e lá está ele, nadando.

Da mesma forma, Domingos e Margaret têm de se desdobrar para se manter bem preparados. O primeiro nada ao meio-dia, corre ou pedala à noite. A irmã, faz tudo depois do expediente.

Se tudo isso parece cansativo, os Valeski garantem que não.

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"Se você sair do trabalho e não treinar, fica faltando algo. Parece que aí é que você cansa", explica Margaret que nos dias da prova é a última da família a largar – o começo do feminino é posterior ao do masculino –, assim como foi a última a encarar o desafio do triatlo, há dez anos.

Na prova, os irmãos têm poucas chances de interagir. Com Margaret, Sérgio e Domingos só cruzam no ciclismo. "Mas enquanto eles estão voltando eu estou apenas indo", brinca a primogênita.

Assim, as histórias em comum ficam por conta da ala masculina. A melhor delas serve para ilustrar a união de sangue, acima de qualquer disputa. "O Sérgio vinha pedalando na frente quando furou o pneu da bicicleta dele. Eu vi, e quando passei ele gritou para eu jogar a bomba de ar, que tinha perdido. Na mesma hora, peguei e joguei para trás", conta Domingos Jr. "Ele conseguiu terminar a prova, mas eu cheguei na frente", completa.

Se a richa dos dois não passa da brincadeira, ao menos a disputa familiar está bem dividida. Sérgio – que enjoou do surfe, foi para o triatlo e acabou inspirando os irmãos – começou na frente. Nos últimos anos, porém, foi ultrapassado por Domingos.

Já para Margaret o parâmetro seria a tia, que agora está machucada e, por isso, não disputará a prova de Caiobá.

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