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Marcos Paulo no ônibus para Joinville. Volante, de 20 anos, é uma das esperanças do Coritiba na Série B | Jonat han Campos/ Gazeta do Povo
Marcos Paulo no ônibus para Joinville. Volante, de 20 anos, é uma das esperanças do Coritiba na Série B| Foto: Jonat han Campos/ Gazeta do Povo

A "menina dos olhos" do elenco do Coritiba poderia ser rubro-ne­­gra. Calma, torcedor: não seria do Atlético. Tampouco é menina. É o volante Marcos Paulo, de 20 anos, destaque do time na temporada, que por muito pouco não está no Flamengo. Coisas do destino, que trouxe o menino de infância pobre e cabeça no lugar para o Alviverde.

Natural de Florianópolis, Mar­­cos Paulo era um peladeiro que quase por acidente começou a jo­­gar bola. "Foi em um campeonato de colégio. Um treinador, o seu Edí­­lio, me viu e me levou para a escolinha do Flamengo. De lá, fui para o Rio, fiquei dois meses, mas não me adaptei", conta.

A saudade da família, que até hoje vive no bairro Monte Cristo, na parte continental de Floripa, o levou ao Avaí. Enquanto patinava nos juniores, chegou a jogar no fu­­tebol paranaense. "Fui emprestado para o Iguaçu (de União da Vitó­­ria). Não fiz um bom campeonato, a equipe caiu." Era 2008 e, por pouco, ele não largou o futebol.

"Clube pequeno é duro. Co­­me­­cei a dar valor a coisa que não dava. Morava com seis pessoas em um quarto, sem ar condicionado, num hotel abandonado na beira de estrada... sofri muito e não po­­dia voltar para casa", conta. O brio pa­­ra ficar até o fim do contrato veio pela fé no talento e por um la­­do preguiçoso. "Nunca trabalhei (ri­­sos). O meu irmão mais velho, o André, é quem livrava a barra para mim. Ele sempre me apoiou muito. Devo muito a ele, é como um pai para mim", conta. O pai, seu Valdir, faleceu quando ele era criança.

Do Iguaçu, Marcos Paulo voltou ao Avaí. Foi relegado aos juniores. E então surgiu o Coritiba. "Eu estava desconfiado de vir para cá, sabe? Achei que não ia dar certo, mas che­­gou um ponto em que as coisas viraram. O Coritiba é a minha se­­gunda chance na vida", agradece. O futebol já deu um pouco de independência ao menino, que divide um apartamento com o atacante angolano Geraldo. Mas ainda anda à pé: "Pego carona com o Ariel, que mora pertinho", conta.

A namorada, Danielle, ficou em Floripa, mas sempre está por aqui. Nas horas livres, Marcos Paulo faz o perfil padrão do boleiro. "Eu gosto muito de DVD de pagode, vamos aos shoppings, vamos em festinhas quando tem... não sou muito diferente de ninguém não", diz o jogador, que era torcedor do Vasco e do Figueirense na infância. A profissão o fez virar a casaca. "Hoje sou avaiano. E co­­xa-branca, né?", ri.

Nas ruas, a torcida demonstra o mesmo carinho, ainda que indiretamente. "Esses dias peguei um táxi para o Couto e o motorista perguntou: ‘Você joga no Coritiba?’ Eu disse ‘sim’ e ele achou que eu era da base e falou que no time atual tinha um menino que tava indo bem, um tal de Marcos Paulo (ri­­sos). Aí eu disse que era eu!", conta, demonstrando pés no chão para não deixar o assédio o transformar. "Eu tinha medo disso. Sem­­pre peço a Deus para manter mi­­­nha humildade, meu caráter."

Os sonhos de futuro incluem a seleção para 2014. "Vivo brincando com o Geraldo sobre isso. A gente apostou quem chegaria antes." Ele perdeu: o colega já figura entre os selecionados de Angola.

Mas, pelo que vem mostrando, Marcos Paulo tem tudo para chegar lá e dar o troco no Mundial do Brasil.

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