A "menina dos olhos" do elenco do Coritiba poderia ser rubro-negra. Calma, torcedor: não seria do Atlético. Tampouco é menina. É o volante Marcos Paulo, de 20 anos, destaque do time na temporada, que por muito pouco não está no Flamengo. Coisas do destino, que trouxe o menino de infância pobre e cabeça no lugar para o Alviverde.
Natural de Florianópolis, Marcos Paulo era um peladeiro que quase por acidente começou a jogar bola. "Foi em um campeonato de colégio. Um treinador, o seu Edílio, me viu e me levou para a escolinha do Flamengo. De lá, fui para o Rio, fiquei dois meses, mas não me adaptei", conta.
A saudade da família, que até hoje vive no bairro Monte Cristo, na parte continental de Floripa, o levou ao Avaí. Enquanto patinava nos juniores, chegou a jogar no futebol paranaense. "Fui emprestado para o Iguaçu (de União da Vitória). Não fiz um bom campeonato, a equipe caiu." Era 2008 e, por pouco, ele não largou o futebol.
"Clube pequeno é duro. Comecei a dar valor a coisa que não dava. Morava com seis pessoas em um quarto, sem ar condicionado, num hotel abandonado na beira de estrada... sofri muito e não podia voltar para casa", conta. O brio para ficar até o fim do contrato veio pela fé no talento e por um lado preguiçoso. "Nunca trabalhei (risos). O meu irmão mais velho, o André, é quem livrava a barra para mim. Ele sempre me apoiou muito. Devo muito a ele, é como um pai para mim", conta. O pai, seu Valdir, faleceu quando ele era criança.
Do Iguaçu, Marcos Paulo voltou ao Avaí. Foi relegado aos juniores. E então surgiu o Coritiba. "Eu estava desconfiado de vir para cá, sabe? Achei que não ia dar certo, mas chegou um ponto em que as coisas viraram. O Coritiba é a minha segunda chance na vida", agradece. O futebol já deu um pouco de independência ao menino, que divide um apartamento com o atacante angolano Geraldo. Mas ainda anda à pé: "Pego carona com o Ariel, que mora pertinho", conta.
A namorada, Danielle, ficou em Floripa, mas sempre está por aqui. Nas horas livres, Marcos Paulo faz o perfil padrão do boleiro. "Eu gosto muito de DVD de pagode, vamos aos shoppings, vamos em festinhas quando tem... não sou muito diferente de ninguém não", diz o jogador, que era torcedor do Vasco e do Figueirense na infância. A profissão o fez virar a casaca. "Hoje sou avaiano. E coxa-branca, né?", ri.
Nas ruas, a torcida demonstra o mesmo carinho, ainda que indiretamente. "Esses dias peguei um táxi para o Couto e o motorista perguntou: Você joga no Coritiba? Eu disse sim e ele achou que eu era da base e falou que no time atual tinha um menino que tava indo bem, um tal de Marcos Paulo (risos). Aí eu disse que era eu!", conta, demonstrando pés no chão para não deixar o assédio o transformar. "Eu tinha medo disso. Sempre peço a Deus para manter minha humildade, meu caráter."
Os sonhos de futuro incluem a seleção para 2014. "Vivo brincando com o Geraldo sobre isso. A gente apostou quem chegaria antes." Ele perdeu: o colega já figura entre os selecionados de Angola.
Mas, pelo que vem mostrando, Marcos Paulo tem tudo para chegar lá e dar o troco no Mundial do Brasil.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Governo Lula impulsiona lobby pró-aborto longe dos holofotes
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Deixe sua opinião