Mensalinho
O mensalinho da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) começou em 1993, na gestão Ricardo Teixeira, com R$ 8 mil para cada federação, com o nome de "programa de assistência financeira", copiando um modelo da Fifa. Cada presidente tinha de preencher um pequeno caderno de encargos justificando a distribuição dos gastos. Foi uma forma de a CBF tentar exigir o mínimo de organização das federações. E também de sistematizar o auxílio financeiro que já prestava, ocasionalmente, baseada nos pedidos dos presidentes. Congelado em R$ 30 mil por um período, foi reajustado neste ano para R$ 50 mil mensais.
Chamada de mensalinho da CBF, a ajuda de custo dada pela entidade máxima do futebol às suas afiliadas colocou a Federação Paranaense de Futebol (FPF) no topo atual das beneficiadas. O auxílio chegou a R$ 1,2 milhão em 2011, como comprova o balanço financeiro da entidade local, uma entre os sete que descriminaram de forma clara o repasse da Confederação, incluindo Sergipe, Maranhão, Piauí, Espírito Santo, Ceará e Amazonas, conforme reportagem publicada ontem pelo jornal O Estado de São Paulo.
Entre elas, o montante pago corresponde, em média, a 23% do total de receitas de todo o ano. Líder, a FPF teria recebido R$ 100 mil a mais que a Federação sergipana.
O presidente da FPF, Hélio Cury confirma o auxílio, que seria praticado há praticamente 20 anos. Os valores atuais mensais seriam de R$ 50 mil, com outros aportes eventuais, especialmente no fim do ano.
"Todas as federações sempre receberam. Quando assumi, no fim de 2007, a FPF não recebia e fomos até o Rio conversar com a CBF e voltaram a pagar", explicou o dirigente.
O motivo da interrupção parcial teria sido a crise entre o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e o mandatário local, Onaireves Moura.
"Tinha toda aquela confusão, o Moura já havia sido preso, a Federação vivia um momento terrível, não tinham nem para quem pagar", exemplificou.
Cury explicou que, por um bom tempo, como havia bloqueio das contas por causa das milionárias dívidas da FPF, o dinheiro da CBF era emitido como ordem de pagamento, não era recolhido de propósito e voltada para a Confederação.
"Esse valor acumulado foi, por exemplo, usado para evitar um dos leilões do Pinheirão em 2011. Pedi empréstimo à Federação Gaúcha, Carioca, usei R$ 700 mil de dinheiro próprio e peguei R$ 1,6 milhão que estava acumulado para pagar parte da dívida", justificou.
Quanto ao uso desse dinheiro como forma de a entidade máxima angariar apoio das federações, Cury releva. "É obrigação da CBF ajudar suas afiliadas. E o voto é secreto. O importante é que está tudo contabilizado, às claras, e é um valor importante que corresponde de 20% a 25% do nosso orçamento", completou.
As entidades de Alagoas, Roraima, Mato Grosso e Distrito Federal nem sequer registram seus balanços na internet, e o da Federação do Rio Grande do Norte, no site da CBF, está incompleto (não mostra receitas e despesas). Nas demais entidades, o aporte entra em itens como "repasses e subvenções", ou "subvenções e doações", "auxílios e subvenções" e até "outras rendas".
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