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Luiz Felipe Scolari passou as três últimas semanas se esquivando de qualquer tema que não fosse futebol. Questões sobre a organização e os gastos para as Copas das Confederações e do Mundo eram solenemente ignoradas pelo treinador. Até ontem.

Um dia depois das manifestações que levaram 250 mil pessoas às ruas em pelo menos 20 cidades brasileiras, Felipão seguiu seus jogadores e falou sobre os protestos. No entanto, preferiu minimizar o papel da seleção como vetor de mudanças sociais e reforçou sua estratégia de aproximar a equipe da torcida.

"A seleção é do povo. Nós somos povo. Estamos tentando dar ao povo aquilo que eles mais querem da seleção, que vá crescendo, empolgando e possa representar o Brasil de acordo com os seus anseios no futebol. Outras áreas, não temos interferência nenhuma", afirmou o treinador, que demonstrou apoio aos protestos.

"É comum e é normal em uma democracia que se aceitem demonstrações e essas situações sejam recebidas e percebidas pelo nosso governo. Que as manifestações continuem a ser pacíficas, democráticas e normais."

Desde segunda-feira Feli­­pão vem pisando além da linha que ele mesmo demarcou. À tarde, bancou sozinho a abertura do treino para torcedores no Estádio Presidente Vargas, atividade fechada, segundo a Fifa. À noite, no programa Bem, Amigos!, do SporTV, definiu como "inferno" as condições de treinamento da seleção na Copa das Confederações, por causa dos deslocamentos aos centros de treinamentos.

As manifestações além do futebol de Felipão foram acompanhadas pelos jogadores. Na segunda-feira, em redes sociais, e ontem, em entrevista coletiva, quatro deles tornaram público seu apoio aos protestos. O treinador negou a existência de alguma proibição. Disse, apenas, que algumas questões estritamente relacionadas à seleção devem ser tratadas internamente e cobrou responsabilidade em qualquer declaração. Algo que, veladamente, exigiu da imprensa internacional que tem repercutido a turbulência social no país.

"Estão falando lá fora algumas coisas que podem não ser a realidade total do Brasil. Antes da Olimpíada houve muitas manifestações em Londres e nem por isso a Inglaterra acabou ou deixou de ser visitada. Algumas situações vamos ter de entender e a partir disso buscar a evolução daquilo que todos nós e o governo pretendem", afirmou o brasileiro.

A postura ainda comedida de Felipão foi acompanhada pelo seu adversário de hoje, o mexicano José Manuel de la Fuente. Questionado sobre os protestos, preferiu manter-se à margem. "Respeitamos a situação social do Brasil, mas estamos aqui para uma situação de esporte", disse.

Um raciocínio explicado pelo técnico da seleção brasileira. "O que podemos interferir? Trabalhamos num setor que pode barrar alguém? Abrir portas para alguém? Fazemos nossa obrigação, que é jogar futebol", afirmou Scolari.

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