Exemplo
Luca Colajanni, assessor da Ferrari, disse ontem que gostaria de saber qual foi a reação dos brasileiros em 2008, quando o finlandês Kimi Raikkonen tirou o pé do acelerador para deixar que o brasileiro Felipe Massa o ultrapassasse no GP da China. Usou o exemplo para justificar que Massa já viveu o outro lado da situação. "É compreensível que os fãs de Felipe se rebelem. Mas é preciso entender que não há nada específico contra ele, pelo contrário. Em 2008, Felipe estava melhor colocado no campeonato e Kimi visou aos interesses da equipe também", lembrou Colajanni.
Felipe Massa publica hoje, no site da Ferrari, o seu tradicional texto de análise após as corridas. Apesar de já ter dito o que pensa da ordem para deixar Fernando Alonso ultrapassá-lo e vencer o GP da Alemanha, no domingo, é possível que tenha novas explicações. Mas, para a direção da equipe italiana, o caso não deveria ser motivo de tanta controvérsia.
"As polêmicas não me interessam e reitero o que sempre digo a nossos pilotos: os interesses da Ferrari estão acima dos deles", avisou o presidente da escuderia italiana, Luca di Montezemolo, defendendo a decisão de ordenar que Massa abrisse caminho para que seu companheiro Alonso, que está melhor colocado no campeonato da Fórmula 1, pudesse vencer a prova.
Montezemolo, inclusive, deu a entender que decisões dessa natureza vão continuar sendo tomadas na equipe. "Elas existem desde os tempos de Nuvolari [anos 30] e eu mesmo passei por isso quando fui diretor esportivo da Ferrari, na época do Lauda [anos 70]", lembrou o dirigente.
Ele tem total confiança de que a Ferrari não será punida pelo Conselho Mundial da FIA, mesmo depois de ter sido multada em US$ 100 mil pelos comissários do GP da Alemanha. "Chega de hipocrisia. Entendo que para alguns seria prazeroso ver nossos pilotos serem eliminados da prova. Mas certamente não para mim e os nossos fãs", afirmou Montezemolo.
A FIA se reúne no próximo dia 10 de setembro, dois dias antes do GP da Itália, em Monza. Além da multa, o Conselho pode ainda determinar uma outra pena caso julgue que a Ferrari infringiu os regulamentos da entidade. Essa punição pode variar desde uma reprimenda, uma multa maior, até a desclassificação da corrida ou, no pior dos cenários, a exclusão do Mundial de Construtores. Neste caso, a escuderia ainda teria a possibilidade de recorrer à Corte de Apelações.
Comenta-se que Massa poderia ter sido mais discreto "perder" a posição numa disputa de freada, por exemplo, pareceria natural. Não ficaria tão caracterizada a ordem de equipe que levará a Ferrari a julgamento, podendo ser até punida, e sua imagem de piloto seria menos lesada.
O brasileiro preferiu passar a mensagem de que não perde para Alonso na pista. Só se a Ferrari ordenar. Mas já está pagando um preço que compreenderá melhor somente quando desembarcar no Brasil.
Fato consumado. Com sua atitude, Massa se igualou a Rubens Barrichello, nunca perdoado pelo torcedor brasileiro por ter adotado comportamento semelhante quando também estava na Ferrari, ao deixar o então companheiro de equipe, o alemão Michael Schumacher, ultrapassá-lo para vencer o GP da Áustria em 2002.
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