Atletiba na Arena. Apesar de o adversário não ter semelhanças com o eterno rival estadual Coritiba, a sensação entre os torcedores do Atlético é de véspera de clássico. E dos quentes. Não é à toa que "o Caldeirão vai ferver" virou frase e promessa comum à toda torcida rubro-negra para o duelo de amanhã com o São Paulo. A crescente rivalidade vem sendo alimentada desde a decisão da Libertadores de 2005. Na época, o clube do Morumbi fez o possível para impedir que o Furacão jogasse a primeira partida em casa. Ganhou um inimigo de peso.

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A controversa ida do atacante Aloísio para o time paulista – cuja sentença judicial para a briga entre os dois clubes sai hoje – e a tentativa de levar também Dagoberto deixaram os atleticanos ainda mais enfurecidos. Mas nem precisava. O vice continental no ano passado continua sendo o motor principal de toda a bronca. "Está engasgado. Por isso todo jogo deles aqui vai ter gosto de revanche. Eles têm de aprender que aqui quem manda é a gente", soltou Rodrigo Jardim Oliveira, fiscal de loja de 21 anos. Para ele, "virou Atletiba". "É a mesma raiva", explicou ele, que enfrentou fila ontem, na Arena, atrás de ingresso para a partida de amanhã e também para a do dia 12, contra o River Plate, pela Sul-Americana.

Depois da vitória em Buenos Aires, o coro dos provocadores ganhou ainda mais adeptos. A confiança em um bom resultado, que serviria de quebra para impedir o oponente de abrir vantagem na liderança do Brasileiro, é nítida. Sempre em um tom que beira o bom-humor e a ameaça.

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"São Paulo caiu na Arena é caixão e vela preta. Nacionalmente é nosso rival número 1", bradou o engenheiro de som Vilmar Correia, de 27 anos, com o ingresso na mão. "Manda os bambi (sic) para cá", complementou, usando o termo nada carinhoso inventado pelo jogador Vampeta para se referir aos são-paulinos.

Na maior comunidade do Atlético no Orkut, o clima é similar: otimismo, xingamentos e provocações ao adversário recém-promovido a inimigo número 1. Algumas mensagens destacam a necessidade de soltar o verbo nas arquibancadas. Até um refrão é repetido pelos usuários: "Bambi c..., fugiu do Caldeirão" deve ser promovido a hino da galera.

Esse mal-estar levou a Polícia Militar a reforçar o efetivo para o embate. Em São Paulo, o clima tenso atinge a diretoria, mas não parece interferir nos jogadores. O superintendente de futebol tricolor Marco Aurélio Cunha admitiu que se criou uma "rivalidade desagradável" e pediu respeito, lembrando como em ameaça velada que haverá outro jogo em Sampa.