O apito
A Fifa pretende testar na África do Sul a inclusão de mais dois auxiliares atrás dos gols para ajudar a diminuir os lances polêmicos. A Gazeta do Povo ouviu alguns especialistas a respeito do tema. Confira:
"Vai ajudar a diminuir as polêmicas, como o gol de mão do Henry. É uma forma de minimizar os erros sem a ajuda dos recursos eletrônicos aos quais a International Board já demonstrou ser refratária. Mas é um avanço caro, que deve ficar restrito a campeonatos de maior impacto financeiro."
Renato Marsiglia, comentarista de arbitragem da Rede Globo.
"Há uma barreira grande para introduzir a tecnologia no futebol. É uma alternativa para aumentar o número de olhos humanos em cada partida, já que apenas 5% das decisões dos árbitros em um jogo são de alto grau de dificuldade e ocorrem dentro da área. Os árbitros atrás do gol ajudam aí. Os jogadores ficarão mais preocupados porque serão mais monitorados. E o desgaste para o árbitro será menor."
Jorge Rabello, presidente da Comissão de Arbitragem do Rio (COAF), estado que já testou os auxiliares atrás das traves.
"Ainda é preciso ver que poderes esses árbitros terão, se poderão intervir ou se serão fonte de informação. Se for esse o caso, será espetacular. Um benefício dessa iniciativa é que poderemos dividir melhor as tarefas, permitindo maior concentração nos lances. Quando a gente está focado no impedimento, muitas vezes não dá para perceber se uma bola entrou no gol ou não. Até porque é tudo muito rápido."
Roberto Braatz, árbitro auxiliar paranaense do quadro da Fifa.
"Será benéfico para os árbitros. A imagem de trás do gol que eles terão é a mesma das câmeras que mostram lances polêmicos. Nosso trabalho ficará menos penoso com esse novo elemento de informação. Até porque entramos em campo cercado por pessoas que têm a intenção de nos enganar, o que faz parte da cultura do futebol. Quanto mais olhos à disposição da arbitragem, melhor. Dividem-se as tarefas, mas não a responsabilidade, que continua nas costas do árbitro."
Evandro Roman, árbitro paranaense do quadro da Fifa.
"É um avanço. Um gol claramente irregular, como o do Henry, seria facilmente anulado dessa maneira. Acho interessante, mas não dá para parar por aí. Ainda defendo que a tecnologia deve ser utilizada para resolver lances mais polêmicos. O futebol está muito rápido, com uma velocidade que o olho humano muitas vezes não consegue acompanhar."
Carneiro Neto, colunista da Gazeta do Povo.
A Irlanda vai ter mesmo de se conformar em assistir ao Mundial de 2010 pela televisão. A "missão impossível" dos irlandeses, revelada na segunda-feira pelo presidente da Fifa, Joseph Blatter pediram a ele para serem incluídos como a 33.ª seleção da Copa, por causa do gol de Gallas que classificou a França na repescagem, feito depois de Henry ajeitar a bola com a mão , foi por terra definitivamente ontem. O secretário geral da entidade, Jerome Valcke, classificou o pleito exatamente como "impossível" de ser atendido.
Assim, sem a Irlanda entre os participantes, a Fifa anuncia hoje os critérios e os cabeças de chave no sorteio dos grupos da Copa de 2010, que acontecerá na sexta, na Cidade do Cabo. A França deverá ser, inclusive, uma das oito seleções escolhidas para encabeçar uma das chaves, provavelmente ao lado de África do Sul, Brasil, Argentina, Itália, Alemanha, Inglaterra e Espanha.
Blatter tenta interferir de maneira decisiva na definição do formato para o agrupamento das seleções para o sorteio. Ele defende uma fórmula que isole as grandes potências de tal forma que se consiga evitar o risco de duas favoritas se enfrentarem já nas oitavas de final da Copa. Por isso, a definição dos cabeças de chave e a forma de dividir as demais seleções ganha importância.
Mas, por enquanto, está definido apenas que a África do Sul será a cabeça de chave do Grupo 1, para poder abrir o Mundial no dia 11 de junho, em jogo marcado para o Estádio Soccer City, em Johannesburgo. "Essa é a única certeza do sorteio", disse Valcke, deixando no ar a possibilidade de surpresa de última hora na divisão dos quatro grupos de seleções que irão compor o sorteio.
A outra certeza é que a Irlanda terá de esperar pelo menos até 2014 para jogar um Mundial. A solicitação dos irlandeses será examinada hoje, na reunião extra do Comitê Executivo da Fifa, apenas por uma questão formal. Falar da possibilidade de inchar a Copa chega a irritar Valcke. "Não podemos mudar toda a estrutura da competição. E por que não se fala em incluir a Costa Rica (reclamou da arbitragem na repescagem com o Uruguai) ou outra seleção?", questionou o dirigente.
O Comitê Executivo da Fifa, composto por 24 membros, também vai discutir e provavelmente aprovar a introdução de mais dois árbitros assistentes em partidas já na Copa de 2010. Outros temas do encontro são os incidentes na repescagem entre Argélia e Egito, além do escândalo das apostas no futebol europeu e do limite de idade para a participação de jogadores nos Jogos Olímpicos, que pode cair para 21 anos.
Personalidades na festa
A atriz Charlize Theron, o ex-jogador de críquete Makhaya Ntini e o ex-jogador de rúgbi John Smit, todos sul-africanos, serão estrelas da cerimônia do sorteio dos grupos da Copa, sexta-feira. O evento será marcado pela mensagem da integração racial, tanto em alguns discursos como pela presença física de alguns convidados.
Theron, ganhadora do Oscar de melhor atriz de 2004 por Monster, será a apresentadora do sorteio. Ntini e Smit participarão por serem símbolos dessa integração. Enquanto um foi o primeiro negro a defender a seleção sul-africana de críquete, o outro sagrou-se campeão mundial de rúgbi pelo país em 1995, conquista que se tornou marco do governo Nelson Mandela, iniciado um ano antes.
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Interatividade
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As cartas selecionadas serão publicadas na Gazeta Esportiva.