Fifa ‘cria’ setor fantasma

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A Fifa vendeu ingressos em lugares que não existem para o jogo entre Espanha e Uruguai, ontem, na Arena Pernambuco. A menos de uma hora do início da partida, em todos os acessos à arquibancada do estádio havia grupos de 10 a 15 torcedores segurando suas entradas na mão, em volta de orientadores que não sabiam como e onde acomodá-los.

"Paguei R$ 228 por um ingresso no setor 327 e não existe esse setor. A Fifa não tem competência para uma simples venda de ingresso", reclamou o autônomo Geraldo Viegas.

Outros setores com assentos-fantasma eram o 320 e o 322. No sábado, a organização havia sido alertada do problema por um torcedor que havia detectado incompatibilidade entre o lugar impresso no seu bilhete e o mapa de assentos do estádio. A Fifa emitiu um comunicado informando que havia ocorrido um erro na impressão e que o problema seria corrigido. Na prática, porém, os voluntários foram pegos de surpresa pelo grande número de torcedores sem um lugar para sentar.

Procurado pela Gazeta do Povo, o chefe de imprensa da Fifa na Arena Pernambuco, Leslie Dickens, disse que não poderia comentar o assunto e sugeriu que o questionamento fosse feito ao centro de comunicação da entidade, no Rio. Funcionários da área de marketing informaram à reportagem que há uma folga de segurança entre a capacidade do estádio e o número de ingressos vendidos, o que permite ter uma reserva de assentos vazios. Os "sem-assento" foram acomodados nessas cadeiras.

Outro problema com ingressos foi a incoerência entre o valor pago e os lugares. Lado a lado no estádio há torcedores que compraram bilhetes da categoria 1 (R$ 228), 2 (R$ 143) e 4 (R$ 50).

"Comprei cinco ingressos de R$ 143 e tem gente do meu lado que pagou cinquentão. O voluntário disse que não poderia fazer nada e me mandou procurar a Fifa. Quero meu dinheiro de volta", protestou o estudante de Direito Thiago Araújo.

Nas lanchonetes, mais caos. Em todas havia longas filas, falta de lanche e troco. Em pelo menos uma delas, por não ter calculadora, as atendentes usaram telefones celulares para calcular o troco.