Amanda Rossi foi encontrada morta dentro do campus da Unopar| Foto: Roberto Custódio/JL

Segurança e ausência de Pelé causam polêmica

Zurique – A questão da segurança no Brasil se transformou em polêmica durante a cerimônia na sede da Fifa, irritando a CBF e polarizando opiniões. Tudo começou quando a jornalista canadense Erica Bolman, da agência Associated Press (AP), perguntou ao presidente Ricardo Teixeira como o Brasil lidaria com o assunto, "por ter um dos maiores índices de homicídios do mundo".

Teixeira, visivelmente irritado, pediu primeiro para saber a nacionalidade da jornalista. Depois, quis saber o nome e o meio de comunicação para o qual ela trabalhava. O escritor Paulo Coelho, que estava ao seu lado, perguntou se Teixeira queria que ele respondesse. Mas o presidente da CBF decidiu contra-atacar, alegando que o problema da segurança era uma "questão internacional". "Nossa violência não é nem maior nem menor do que a das capitais dos países ricos", alegou, insistindo que os Jogos Pan-Americanos não viram qualquer crise de segurança.

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, interrompeu a conferência e pediu que a imprensa tivesse respeito. "Quando demos a Copa para a África do Sul, a primeira pergunta que tivemos foi sobre a segurança. Agora, mais uma vez a pergunta é feita. Por favor, tenham respeito com o futebol e com nossos convidados", disse, apontando para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Outro ponto polêmico na festa foi a ausência de Pelé, que incomodou membros da Fifa, jornalistas estrangeiros e ex-jogadores presentes à cerimônia. No vídeo mostrados pela CBF o Rei do Futebol apareceu uma vez, rapidamente. Somente o presidente Lula lembrou de mencionar o ex-craque, mostrado nas imagens da Fifa sobre a história dos Mundiais. Pelé estava em Colônia, na Alemanha, em compromissos comerciais.

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Zurique – O Brasil ganhou ontem o "direito" e a "responsabilidade" de ser sede da Copa do Mundo de 2014, mesmo com as ausências de Pelé, de um orçamento e de garantias de unidade política em torno da proposta. Por unanimidade, o Comitê Executivo da Fifa aceitou a candidatura do país, que organizará 64 anos depois o Mundial. A primeira vez foi em 1950.

Antes de abrir um envelope e exibir um papel com o nome do Brasil, por pura formalidade, já que era a única candidatura, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, fez um típico discurso de estrangeiro impressionado e que contemporiza eventuais problemas do país, como por exemplo a instalação de uma CPI no Congresso, ameaça que tira o sono de cartolas brasileiros. "Não deveria dizer, mas digo que fiquei impressionado", afirmou, referindo-se ao dossiê apresentado pelo comitê organizador do Mundial.

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Ao confirmar a 20.ª edição da Copa do Mundo para o Brasil, Blatter lembrou que a Fifa, depois de estabelecer um sistema de rodízios, que caiu na segunda-feira, decidiu que o torneio seria na América do Sul. O dirigente disse que teve a "impressão" que haveria uma competição, mas a Colômbia desistiu de disputar com o Brasil. "Não foi fácil (escolher o Brasil) por causa disso, pois o desafio era o Brasil atingir as condições", afirmou. "Colocamos tudo em nível máximo e deu tudo certo", completou. "Decidimos por unanimidade dar o direito e a responsabilidade para o Brasil abrigar a Copa de 2014."

Na suntuosa nova sede da Fifa, numa região montanhosa de Zurique, personalidades do futebol destacaram a tradição do país cinco vezes campeão mundial ao comentar a decisão da Fifa.

"A Copa no Brasil é como fazer uma peregrinação a Meca, a Santiago de Compostela ou a Jerusalém", disse Michel Platini, presidente da Uefa. "O Brasil deu muito ao futebol. Agora terá a responsabilidade de organizar a Copa", afirmou Joseph Blatter.

Apesar das declarações de euforia, o evento foi repleto de polêmicas e os próximos meses prometem ser intensos nos bastidores da Copa. Enquanto a Fifa fazia festa para o Brasil na Suíça, o deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP) rompeu a imagem que Ricardo Teixeira, presidente da CBF, queria passar de um país unido em torno da Copa e pediu oficialmente a instauração de uma CPI para investigar casos de lavagem de dinheiro.

Segundo Torres, mais de 200 assinaturas de deputados já foram coletadas, mas ele admite que a pressão das CBF pode acabar reduzindo o número de pessoas que apóiem a CPI.

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Em Zurique, a CBF conseguiu que o presidente da República, 13 governadores, três ministros e outros políticos estivessem presentes à apresentação da candidatura. Além disso, insistiu que a Fifa vetaria uma CPI e que prejudicaria a campanha brasileira. "CPI é coisa do Congresso. Se as pessoas acham que resolve alguma coisa fazendo CPI, que o façam", afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Durante o evento, Blatter ainda revelou que esperava que a Copa ainda fortalecesse o futebol dentro do cenário brasileiro, para frear os jogadores. "Estamos vivendo uma invasão de jogadores brasileiros no mundo. Em Copas futuras, como em 2018, poderemos já ter até seleções só de jogadores brasileiros atuando contra o Brasil. Isso não queremos e esperamos que o Brasil mantenha seus jogadores no país."