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O grupo de jogadores do Figueirense se pronunciou, nesta quarta-feira (21), através de nota oficial sobre os motivos que o levou a não entrar em campo na terça para enfrentar o Cuiabá, na Arena Pantanal, em duelo válido pela Série B do Campeonato Brasileiro. Os atletas alegaram que os atrasos salariais vêm ocorrendo desde 2017 e que as promessas de solucionar os problemas não foram cumpridos pela diretoria, que também não teria aceito a proposta final do elenco para evitar o W.O.

"Os atrasos vêm ocorrendo desde 2017. Há atletas remanescentes do elenco de 2017 e 2018 que ainda não receberam seus acertos trabalhistas dos contratos anteriores. Há casos de até 7 meses de atrasos. Mesmo assim, confiando na atual gestão do clube, foram feitos parcelamentos dos débitos anteriores, que deveriam serem pagos em 2019, e, infelizmente, também não estão sendo pagos", afirmou o elenco em nota oficial.

Os jogadores do Figueirense lembraram que paralisações em treinos já haviam sido realizados durante esta temporada e detalharam o cenário de atrasos, que também envolve as categorias de base e funcionários do clube, sendo que alguns deles receberiam apenas um salário mínimo.

"Já neste ano de 2019, os atrasos são reiterados. Já houve paralisação dos atletas em Julho, e apenas com promessas, voltamos a treinar e a jogar. Infelizmente os atrasos permanecem São 3 meses de atrasos no pagamento dos Direitos de Imagem, que representam 40% da remuneração bruta de cada atleta, representando quase 65% da remuneração líquida. Há ainda falta do pagamento do Salário de Julho, e, ainda, há casos de mais de 7 meses sem depósitos do FGTS", acrescenta a nota.

O elenco afirma que havia avisado a diretoria que não entraria em campo para enfrentar o Cuiabá caso as dívidas não fossem quitadas antes do compromisso de terça-feira. "Na última semana, na tentativa de resolver amigavelmente a situação, sem conseguir diálogo com a Presidência, notificamos o clube, informando que era nosso direito receber os valores em atraso e, caso não houvesse quitação, não entraríamos em campo", diz.

Os jogadores também defenderam a legalidade da paralisação pelos atrasos salariais, citando artigo da Lei Pelé. "Nossa paralisação estava respaldada pelo artigo 32 da Lei 9.615/98 (Lei Pelé), permite a paralisação quando houve atraso por 2 ou mais meses no pagamento dos Salários, Direito de Imagem ou até mesmo dos depósitos do FGTS", afirma.

Os atletas do Figueirense ainda apresentaram a versão deles sobre como foi a conversa com os dirigentes nas horas que antecediam a partida contra o Cuiabá. Eles apontaram que um prazo inicial, as 17 horas de terça-feira, para realização dos pagamentos não foi cumprido.

A partir disso, o elenco fez nova proposta, dando uma semana para que os atrasados fossem quitados, com a exigência de o presidente Claudio Honigman se comprometer a renunciar caso não cumprisse o acordo. Mas como a direção não aceitou essa proposta, os jogadores optaram pelo W.O.

"Fomos para o Estádio e fizemos uma nova proposta. Aceitaríamos que o clube pagasse todos os valores até dia 28/08, desde que o Presidente assinasse documento se comprometendo oficialmente a pagar os valores e, se não pagasse até esta data, ele renunciaria. A Diretoria Executiva foi taxativa ao mencionar que não assinariam tal documento. O clube não se comprometeu com nada. Nenhuma das nossas exigências foram cumpridas. E estas eram as mais simples possível", explicam os jogadores.

Com o impasse, a delegação do Figueirense havia deixado Florianópolis na última segunda-feira com destino a Cuiabá depois de quatro dias sem treinar. Os jogadores avisaram os dirigentes que só entrariam em campo quando as contas fossem colocadas em dia. Sem acordo, eles deixaram a Arena Pantanal. Já o árbitro carioca Pathrice Wallace Corrêa Maia precisou esperar 30 minutos para anunciar o fim da partida e dar a vitória ao Cuiabá por 3 a 0.

Além de ser declarado perdedor, o Figueirense vai ser denunciado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) no artigo 203 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) por "deixar de disputar, sem justa causa, a partida". Se o clube perder mais uma partida por W.O. nesta Série B, ele será excluído da competição e rebaixado para a Série C.

Em comunicado oficial, a diretoria do clube catarinense apontou os jogadores como os únicos responsáveis pelo W.O. O futebol do Figueirense vem sendo comandado pela empresa Elephant desde 2017 e sofre nesse período com graves problemas financeiros.

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