Faltam 200 dias para a abertura dos Jogos Olímpicos de Londres. Enquanto boa parte dos atletas brasileiros corre atrás da vaga para o evento que começa em 27 de julho, parte dos 142 representantes do país já classificados usarão as próximas 29 semanas para atingir sua melhor performance, mesmo sabendo que têm chances de pódio próximas a zero.
Embora mantenham no discurso o clichê de sempre lutar pela vitória, os competidores de esportes em que o país não tem tradição de medalhas sabem que vão à capital inglesa para cumprir o espírito olímpico de "o importante é competir". Na pior da hipóteses, estão no grupo seleto dos que disputarão o maior evento esportivo do mundo.
No ciclismo, o paranaense Gregolry Panizo, 26 anos, ganhou a primeira vaga do Brasil em Londres ao vencer o Pan-Americano, em junho de 2011. Vai para a primeira Olimpíada treinando e pedalando no Brasil e ciente de que o máximo que pode fazer é ajudar o colega Murilo Fischer a chegar o mais à frente possível. O que dificilmente será o top 10 (em Pequim, o catarinense ficou em 20.º lugar).
"Mesmo com uma estrutura legal aqui na minha equipe [Pindamonhangaba, SP], não conseguimos chegar ao nível dos europeus. Eles têm muitas provas de alta quilometragem; nós, não. O ciclismo estrada é uma modalidade em que se pega o ritmo competindo, não só com treino", diz. As três vagas do Brasil no ciclismo são do país, não do atleta que a conquistou, mas dificilmente o ciclista de Tupãssi não será convocado.
No tiro esportivo, o ouro de Ana Luiza Ferrão na prova de pistola 25 metros no Pan de Guadalajara marcou o novo recorde da competição (773,9 pontos), mas não seria suficiente para colocá-la na final olímpica, se comparado ao desempenho das atiradoras nos Jogos de Pequim (2008). "No tiro, tudo pode acontecer. Estou me preparando para estar na final com uma série de competições internacionais. Então, é conter o nervosismo e fazer o melhor", fala.
Sem patrocínio e com apoio da confederação da modalidade e do Comitê Olímpico Brasileiro (COI) para bancar o treinamento e os campeonatos até os Jogos, Ana Luiza, 38 anos, afirma que já se acostumou a competir pelo prazer e gosto pelo esporte. "Espero poder chamar a atenção do Brasil para o tiro esportivo com o melhor desempenho possível."
O canoísta Ronílson Oliveira espera ter, depois de participar de uma Olimpíada, reconhecimento maior do que teve com a prata no C2 1000 m (caiaque com dois atletas) no Pan, na prova que rendeu a ele e ao baiano Erlon Silva a vaga em Londres. "Houve pouca repercussão na imprensa. Nos sentimos excluídos. Conseguimos uma prata e ninguém na minha cidade [São Vicente, SP] ficou sabendo", lamenta o atleta de 21 anos.
A pretensão do canoísta é a mesma de Ana Luiza: a final olímpica, o que já seria um feito inédito para brasileiros na modalidade. "Esta semana, volto para os treinos nas raias do Flamengo. Com o tempo do Pan [3m40s482], estaria na final de Pequim", compara.
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