Rodrigo de Oliveira, de 13 anos, poderia ser apenas mais uma das cerca de 200 crianças que treinam no Centro de Futebol Zico sonhando ser jogador de futebol. Ao vê-lo misturado com os amigos, com camisa vermelha e colete azul, correndo atrás da bola, é difícil imaginar que ele é filho de Roberto Dinamite, maior ídolo do Vasco.

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Mas o que faria ali o herdeiro do maior artilheiro da história da Colina? Treinando no clube do ídolo do Flamengo, o maior rival? A resposta vem do próprio Rodrigo, mostrando a maturidade e a sinceridade que parece ter puxado do pai.

- Não quero jogar lá (no Vasco). Por muitos motivos. Prefiro dizer que agora prefiro estar aqui, onde me sinto bem - garante.

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Rodrigo não é um garoto rebelde. Muito menos virou a casaca...

- Sou Vascão, lógico - garante, enchendo o pulmão para falar qual é o clube do coração.

- Nunca perguntei a ninguém se tem muito flamenguista aqui (risos). Mas sou Vasco. Com orgulho - completa.

Roberto sonhar ver o filho no Vasco

O garoto apenas quer paz. E também tentar esquecer um trauma que viveu há quase quatro anos. Rodrigo, então com nove anos, estava ao lado do pai no dia 20 de janeiro de 2002, quando Roberto Dinamite foi expulso da tribuna de honra de São Januário durante a partida entre Vasco e Ponte Preta.

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Por exigência do presidente Eurico Miranda, um segurança deu a ordem para ele sair do local. Rodrigo nunca mais voltou a assistir uma partida no estádio.

- Foi um momento que o marcou de forma negativa. Até nem procuro tocar muito no assunto. Mas ele nunca deixou de torcer. Continua vascaíno e vai ser pelo resto da vida. Mas fala que não quer ir ao clube mais. Foi criada uma situação para que ele viesse para cá. O Rodrigo é só uma criança iniciando no futebol. E o Zico nos recebeu muito bem aqui. Neste momento que o Vasco vive é melhor evitar algumas coisas. Seria ruim a minha presença em São Januário. Criaria problemas e ele poderia sentir - disse Roberto Dinamite, que criou uma amizade muito grande com Zico ao longo da carreira.

- Para mim não é estranho meu filho estar treinando aqui. Demonstra algo maior. Eu e o Zico tínhamos uma rivalidade muito grande. Fomos ídolos de duas grandes torcidas. Mas sempre nos respeitamos. E passamos a nos dar muito bem, ter demonstrações de carinho. Os torcedores passaram a entender que, fora de campo, éramos amigos. O Zico teve um ato de grandeza enorme comigo ao participar da minha despedida e vestir a camisa do Vasco - lembra Dinamite.

Pai e filho lidam bem com a situação. No CFZ, Rodrigo não sofre pressão de ser o herdeiro de Roberto Dinamite. Nem corre o risco de se envolver na briga política do Vasco. Meio no anonimato, vai trabalhando forte.

- Ele ainda tem que treinar muito. Mas leva jeito para a coisa (risos).

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Rodrigo está no CFZ há quase dois meses. Três vezes por semana, após a escola, o herdeiro vascaíno tenta seguir nos mesmos passos do pai. Mas Roberto Dinamite deixa escapar que sonha, um dia, ver o filho vestir a camisa do Vasco.

- Isso não vem em questão agora. Mas é lógico que gostaria. Quem sabe no futuro ele não vai estar lá. Quem sabe... - finaliza Roberto Dinamite.