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Paranavaí – Uma simples caminhada pelas ruas centrais de Paranavaí, perto do Café da Pedra, espécie de Boca Maldita da cidade, é suficiente para acabar com o sossego da dupla Adriano e Rafael Pulga.

Filhos ilustres da terra, os jogadores carregam nos ombros a pressão de quem pode dar ao ACP o primeiro título estadual de sua história. E não é fácil. Quando menos se espera, lá vem um comentário sobre a campanha do time. "Adriano, domingo tem de vencer, para depois empatar lá e ser campeão", exige o fanático, conhecido apenas como Moraes, um dos líderes da confraria informal.

Experiente, o lateral-direito de 28 anos responde com um discreto sorriso. "Eu sofri muito no começo. Como estava jogando na Europa e logo na terceira partida do campeonato machuquei o joelho (rompeu o menisco, ficando 40 dias afastado), sempre tinha alguém para dizer que eu queria me encostar no ACP. Foi bem complicado", diz o ala, natural de Piracicaba-SP, mas há dez anos encantado com a tranqüilidade e o calor de Paranavaí.

"Não saio mais daqui. Quando eu pendurar as chuteiras volto definitivamente. Quero ser vereador e presidente do Vermelhinho", sonha, arrancado risadas até da pequena Lara, de sete anos, uniformizada com as cores do time sensação do Paranaense. "Mas ela gosta mesmo é do Tiago, só quer entrar com ele em campo. No domingo (amanhã), só vai entrar comigo porque eu insisti muito", resmunga o contrariado pai.

A filha e a gravidez da esposa foram os principais motivos que fizeram Adriano trocar a neve da Ucrânia (defendia o FC Zarya) pelo chamado do amigo Amauri Knevitz, técnico com quem foi campeão da Série C pelo Malutrom em 2000. "Não imaginava que daria tão certo", resume o ex-titular, sacado da equipe devido à contusão e à boa fase de Gilberto Flores.

Nada que incomode o aprendiz de empresário, dono de estabelecimentos comerciais em Paranavaí, Maringá e Curitiba. Ele prefere brincar com o xodó Rafael Pulga, 20 anos, "adotado" como filho.

O prata da casa na verdade tem vários "pais" na cidade em que nasceu. Um deles é o zagueiro Miranda, também de Paranavaí. O são-paulino e ex-vizinho de muro participou diretamente de um dos gols mais bonitos da carreira do meia. Pulga estreou a chuteira que ganhou de presente do amigo no confronto com o Atlético, pela primeira fase do Estadual. O jogo seguia empatado até os 49 do segundo tempo, quando o volante recebeu a bola na área e com uma cavadinha, encobriu o goleiro. "O Miranda sempre diz que foi por causa da chuteira", conta, rindo.

"Imagine se a gente consegue dar esse título para a cidade? Será inesquecível! Eu nem sei o que pode acontecer", diz Adriano, antes de ser interrompido pelo grito de outro corneta. "É no domingo, hein!"

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