Repercussão
Nuzman teme reflexo dentro de quadra; atletas mostram união
Presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman expressou preocupação com a crise institucional vivida pelo vôlei brasileiro. Ex-presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) e ex-jogador da seleção na modalidade, o dirigente admitiu temer que os problemas fora de quadra afetem o desempenho do país nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio.
Na última quinta, o Banco do Brasil suspendeu o pagamento do patrocínio à CBV, após relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) apontar irregularidades na administração dos recursos na entidade.
Nuzman adotou uma posição neutra e evitou criticar a CBV, mas não escondeu a sua decepção com o atual cenário político do vôlei brasileiro. "O vôlei é um esporte hoje tremendamente popular, um exemplo para o país de profissionalismo, de trabalho, e é importante que possamos ter o voleibol retomando o seu caminho, para os atletas, para os treinadores e para os torcedores de uma maneira geral...", disse, na terça-feira, durante a festa do Prêmio Brasil Olímpico, no Rio.
Nuzman também negou intervir com a CBV.
Jogadores
O ponteiro Murilo falou à rádio Estadão que os jogadores pretendem criar uma associação de atletas para cobrar as autoridades. "Assim teremos mais força para brigar", disse, ressaltando que a Superliga não será paralisada para não prejudicar os clubes. "Precisamos resolver os assuntos internos na CBV. E tentar fortalecer os clubes. Não vamos deixar cair no esquecimento. Vamos correr atrás para que essas pessoas sejam punidas", disse.
O vôlei brasileiro, esporte que representa a maior chance de medalhas do país nos Jogos Olímpicos de 2016, pode ser suspenso por um ano de partidas internacionais.
Na semana passada, a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) anunciou punições ao técnico Bernardinho e atletas da seleção por causa de polêmicas em que se envolveram durante o Mundial da modalidade, em setembro, na Polônia. A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), em resposta, criticou o presidente da entidade internacional, o também brasileiro Ary Graça. Segundo a confederação, a punição foi uma retaliação às denúncias de corrupção contra o dirigente.
Como forma de protesto, a CBV decidiu abandonar a organização da fase final da Liga Mundial em 2015. Se o país mantiver essa decisão, a FIVB prometeu abriu um procedimento disciplinar. Segundo o artigo 15.5 do Código de Disciplina da FIVB, o "fracasso em organizar uma competição" resulta em quatro sanções. A primeira é a suspensão do Brasil de "participar de competições internacionais" por "até um ano". O tamanho da sanção depende da importância do torneio abandonado. A Liga Mundial é um dos eventos de maior relevância no calendário.
A retaliação poderia afetar os times brasileiros às vésperas da Olimpíada e em uma modalidade que tem chances de trazer quatro ouros: duas no vôlei de quadra e outras duas no vôlei de praia. Existe ainda uma multa, que no final das contas ficaria na casa dos milhões de dólares.
Outra medida é a suspensão do Brasil por quatro anos da organização de qualquer evento internacional. Isso afetaria etapas do Grand Prix e do vôlei de praia.
Mas a polêmica maior seria a Olimpíada de 2016. A FIVB poderia suspender o evento. Mas, no Comitê Olímpico Internacional (COI), ninguém acredita nessa hipótese. "Existem contratos com patrocinadores e dezenas de compromissos", alertou um membro do Comitê Organizador dos Jogos do Rio. "Ninguém no COI acha que serão loucos a esse ponto", disse.
Mesmo assim, diante da crise aberta, a estratégia da FIVB é tentar negociar com o Brasil. Em janeiro, serão realizadas reuniões para apagar o incêndio. Caso contrário, o porta-voz da entidade, Richard Baker não vê outra alternativa. "O evento não pode ser tratado dessa forma. Sem entendimento, vamos abrir um procedimento disciplinar. Não há como prever qual a decisão", resumiu.
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