A frustração da semana passada foi transformada em euforia e agora o Flamengo está a uma vitória de conquistar, após 17 anos, o Campeonato Brasileiro. O caminho para o hexa ficou mais curto depois da vitória por 2 a 0 sobre o Corinthians, neste domingo, em Campinas, e da derrota do então líder São Paulo para o Goiás, em Goiânia. Com 64 pontos, a equipe rubro-negra chegou pela primeira vez na ponta da tabela.
O Flamengo, na verdade, nem precisou fazer muito para vencer um desmotivado Corinthians, que logo no primeiro tempo perdeu Edu e Ronaldo, machucados. Depois de marcar o primeiro gol com Zé Roberto, aos 26 minutos da etapa inicial, o time carioca apenas administrou o jogo e viu sua torcida fazer a festa com a derrota do São Paulo. A Fiel, por sua vez, era o reflexo do time: apática. Léo Moura fez o segundo.
Nesse novo cenário do Brasileirão, o Maracanã tem tudo para ser o palco de uma grande festa rubro-negra no próximo domingo, quando o Fla recebe o Grêmio, pela última rodada da competição. Assim como fez no empate com o Goiás, que impediu a liderança carioca na semana passada, a torcida deve lotar o estádio e, enfim, voltar a comemorar um título brasileiro, algo que não acontece desde 1992.
Para o Corinthians, por outro lado, será o fim de uma temporada que valeu pelo primeiro semestre, quando a equipe conquistou o Paulistão e a Copa do Brasil. A ideia para o jogo contra o Atlético-MG, domingo, em Belo Horizonte, já é poupar a maioria dos jogadores para o início do próximo ano. Após 37 jogos do Nacional, o Timão soma 49 pontos e figura na zona intermediária.
Ao final da partida, já nos acréscimos, uma cena lamentável. Um torcedor do Corinthians invadiu o gramado e partiu para cima do auxiliar Alessandro Alvaro Rocha Matos, com quem trocou socos e pontapés. A Polícia Militar o prendeu.
Emoção rubro-negra
Se para o Corinthians o jogo não valia nada, para o Flamengo valia muito. Não à toa a equipe carioca partiu para cima logo de cara. Aos dois minutos, Léo Moura avançou com velocidade pela direita e cruzou para o meio da área. A defesa do Timão, porém, levou a melhor. Quem levou a pior foi Edu no lance seguinte, aos três minutos.
O volante corintiano se esticou para tirar uma bola e sentiu a virilha. Imediatamente o técnico Mano Menezes mandou Moradei a campo. Sem tomar conhecimento dos problemas do adversário, o Flamengo quase chegou ao gol aos quatro. Petkovic bateu falta para área e Álvaro cabeceou na trave esquerda do goleiro Felipe.
A pressão rubro-negra aumentou no lance seguinte. Petkovic cobrou escanteio e a bola sobrou para Willians, que chutou cruzado para fora. O domínio era todo do Flamengo, que aos 12 teve excelente chance com Bruno Mezenga. O garoto, de 21 anos, apareceu na cara do gol, depois de ganha da zaga na corrida, e bateu para fora.
Aos 13, enfim, uma chance para o Corinthians. O argentino Escudero arriscou forte chute de fora da área, obrigando Bruno a espalmar. Dois minutos depois, em cobrança de falta, Ronaldo deu mais trabalho ao goleiro rubro-negro. A pequena pressão do Timão diminuiu o ímpeto flamenguista, mas o time carioca ainda era melhor.
Dez minutos mais tarde, o Alvinegro teve mais um problema. E dessa vez fenomenal. Ronaldo avançou com velocidade para área e na hora de disputar com Airton caiu na grande área, sentindo um estiramento na coxa. Souza entrou em seu lugar, e a torcida do Flamengo gritou o nome do atacante.
A notícia que vinha do Serra Dourada, porém, não era tão boa para o Fla: gol do São Paulo. Mas o time não se abateu em campo. Pelo contrário. Aos 26, após ótimo passe de Toró, Zé Roberto ganhou na corrida da zaga e tocou para o fundo do gol. Minutos depois, a notícia do gol de empate do Goiás explodiu novamente a massa rubro-negra.
Mais tarde, o time esmeraldino ainda viraria o jogo, para alegria dos flamenguistas. Do outro lado, a torcida do Corinthians estava quieta, um reflexo do que o time estava apresentando em campo. O jogo só "animou" para os alvinegros quando Evandro Rogério Roman fez um festival de cartões amarelos: Souza, Elias e Chicão.
Irritado, Mano Menezes reclamou muito à beira do campo e foi expulso. E antes que o primeiro tempo terminasse, Chicão quase empatou de falta, aos 47 minutos.
É campeão?
As duas equipes voltaram para a segunda etapa sem alterações. Mas dessa vez quem tomou a atitude de ir para o ataque primeiro foi o Corinthians. Logo no primeiro minuto, Defederico recebeu perto da meia-lua, cortou um marcador e bateu de fora da área. A bola, porém, saiu fraca e Bruno fez defesa tranquila.
O Corinthians aparentava estar mais organizado no início da etapa final, mas a boa marcação do Flamengo no meio campo impedia que Defederico e Elias conseguissem armar alguma boa jogada. Tanto que aos 4 minutos o Timão girou a bola de um lado para o outro e não encontrou espaço para tentar servir os atacantes.
A solução foi mandar a bola para área. Aos 7 minutos, Defederico alçou cobrança de falta buscando Jorge Henrique, mas Bruno ficou tranquilo com a bola. A melhor chance do Timão, aliás, saiu de uma bola parada. Aos 10, Defederico bateu escanteio da esquerda e Paulo André cabeceou para boa intervenção do goleiro rubro-negro.
Diferentemente do primeiro tempo, quando atacou quase o tempo todo, o Flamengo estava mais apático no segundo. Mas embora não conseguisse chegar com perigo, o Corinthians também não dava trabalho. A equipe paulista voltou a ter uma chance apenas aos 21. Chicão cobrou falta, mas bateu fraco na bola e facilitou para Bruno.
O zagueiro corintiano, porém, seria expulso logo depois, aos 23, por falta em Fierro. A comemoração da torcida rubro-negra aumentaria ainda mais aos 24, quando chegou a notícia de que o Goiás marcara o terceiro gol em cima do São Paulo. A equipe tricolor até diminuiu em seguida, mas logo levou o quarto e despreocupou os flamenguistas.
Em campo, nem Flamengo, muito menos o Corinthians, pareciam dispostos a mudar o placar. Mas aos 45 minutos, Dodô puxou Léo Moura na grande área. Pênalti. Na cobrança, aos 48, Léo Moura fez o segundo. E a torcida do Fla gritou: "É campeão".
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