A torcida do Flamengo já pode comemorar mais um título em 2019. No último sábado (7), o Flamengo eSports foi campeão do Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLOL) ao vencer a INTZ de virada, por 3 a 2, na final que foi disputada na Arena Jeunesse, no Rio de Janeiro.
Criado em 2009, o League of Legends, como jogo competitivo, chegou ao Brasil em 2012. O CBLOL, nos moldes atuais, surgiu em 2015. No entanto, o crescimento da marca e do torneio no Brasil tem sido constante, tanto pelo lado do interesse do público, quanto pelo de marcas e times que querem participar do evento.
De acordo com o diretor de eSports da Riot Games Brasil (desenvolvedora do jogo), Carlos Antunes, os anos de 2016 e 2017 foram momentos-chave para o desenvolvimento da modalidade no Brasil. “2016 foi um ano de virada de chave. Foi quando tivemos grandes organizações, provocar alguns resultados interessantes internacionais, começamos a ir para a TV. Foi a fase de consolidação do CBLOL”, declarou em entrevista durante as finais.
Foi em 2016 que as primeiras transmissões na televisão aconteceram. Através de uma parceria com o canal fechado, SporTV, alguns jogos decisivos foram transmitidos. Depois, em janeiro de 2017, a transmissão passou a ocorrer todo final de semana, juntamente com o modelo online tradicional. O modelo acontece até hoje. Embora tenha sido um salto grande e de uma audiência maior, a entrada em um novo meio preocupou os executivos da companhia.
“No momento em que fomos para a TV a cabo, vindo da twitch e do Youtube, que são canais tradicionais de internet, a gente ficou preocupado se estaríamos abrindo demais o leque e chegando em pessoas que não necessariamente querem ver games dentro da TV”, esclareceu Roberto Iervolino, gerente-geral da Riot Games Brasil. Porém, Iervolino garantiu que a recepção foi positiva e isso também estimula as renovações dos contratos com a televisão paga. No entanto, a televisão aberta, a princípio, não faz parte dos planos da Riot.
Com o aumento de público, marcas também passaram a se interessar e investir nos eSports. Primeiramente por empresas ligadas à área, como Dell-gaming (computadores), Razer (equipamentos de games), Vivo (internet), Samsung (computadores e periféricos) como depois outras tantas que não eram visualizadas com frequência no cenário, como Coca-Cola, OMO, Red-Bull, MasterCard, Intelbrás, entre outros. Recentemente, o Flamengo trouxe do futebol um novo patrocínio, a BS2.
Os primeiros campeonatos oficiais foram disputados online, mas hoje em dia, os estúdios da Riot Games (em São Paulo) recebem os jogos semanalmente. Além do Rio de Janeiro, as finais nacionais já passaram por São Paulo (Allianz Parque e Ginásio do Ibirapuera), Belo Horizonte, Fortaleza, Florianópolis, Recife e por Porto Alegre. A média de público das finais presenciais ultrapassa as 10 mil pessoas por evento.
Mesmo sem ter ainda um destaque nos campeonatos internacionais, o Brasil já sediou dois eventos que contava com participantes de todo o globo.O IWCQ (International Wild Card Qualifier), em Curitiba em 2016 e o MSI (Mid-season Invitational), também no Rio de Janeiro em 2017.
Arena com espírito de Maracanã
A final do segundo split do CBLOL 2019 foi disputada na Arena Jeunesse, no Rio de Janeiro. Por coincidência, o Flamengo disputou a final (a cidade foi decidida antecipadamente) e isso levou uma “mini nação” de rubro-negros para a arena assistir ao jogo.
O que se viu foi um clima real de jogo de futebol. Desde a recepção do ônibus dos atletas flamenguistas, que contou com a primeira torcida organizada de uma equipe de Lol - a Urubarons -, passando pela imensa maioria de torcedores com a camisa do Flamengo no local (do futebol mesmo) e chegando ao clima durante as partidas.
Os mais de 8 mil presentes eram de maioria flamenguistas. E isso foi notado durante os cinco confrontos do sábado. Cada abate do Flamengo era comemorado como um gol (uma partida facilmente passa dos 10 abates para cada lado), enquanto que cada jogada do adversário pouco trazia. Gritos de “Mengo”, faixas penduradas e manifestações aos erros da INTZ foram as marcas do confronto.
Quando o título veio, os torcedores não se aguentaram e correram para perto do palco para comemorar (havia um setor “pista” que ficava apenas alguns metros do acesso ao estádio). Um certo alvoroço foi causado para a equipe de segurança, que realizou um cordão humano para segurar os empolgados flamenguistas. Celebração que nunca havia sido vista nem no Brasil, nem em nenhum outro evento de League of Legends mundo afora.
Flamenguista assumido, o atirador campeão, Felipe “brTT” Gonçalves, 28, veterano experiente do cenário, avaliou como foi o apoio dos rubro-negros na Arena. “Eu sinto que foi a mesma energia. Não importa se são 10 mil ou 60 mil. A final no Maracanã ou aqui, é a mesma coisa, esses 8 mil torceram como 60 mil”, declarou em entrevista após o título.