O técnico Zico usou seu site oficial para desabafar sobre o problema da violência no futebol grego. Demitido do Olympiacos, o Galinho reclamou da situação que viveu em seu último jogo pelo clube, domingo (17) contra o Kavala: além da intimidação da torcida local, o ídolo do Flamengo teve que ser escoltado por dez seguranças para dar uma entrevista coletiva.
"Antes do jogo, torcedores invadiram o gramado, duelaram com policiais e com outros torcedores. Bombas eram ouvidas e nosso time ficou preso no vestiário desde uma hora antes da partida começar pelo temor em relação à nossa integridade física. Nos escanteios, garrafas plásticas e objetos eram arremessados nos bandeirinhas, nos jogadores, como se todos fôssemos alvos em uma batalha. E, no intervalo, cadeiras arrancadas eram exibidas dentro do campo por torcedores que, novamente, invadiram o gramado. Eu, que voltava com o time para o segundo tempo, tive que me proteger. Um de nossos reservas não teve a mesma sorte e foi atingido na cabeça. Depois da partida, soubemos que a briga continuou fora do estádio", lembrou o Galinho.
Zico garantiu que sua saída do Olympiacos não teve relação com as cenas de violência. O técnico foi demitido na terça-feira (19) e disse que foi pego de surpresa ao ler a notícia no site oficial do clube. Ainda falando sobre a violência no jogo de domingo, o ex-camisa 10 afirmou que nunca viveu algo semelhante em sua vida. "Fui submetido a uma situação que não imaginei que viveria. Tive que seguir para uma entrevista coletiva cercado por dez seguranças que estavam ali para garantir a minha integridade física. Nosso ônibus foi escoltado por mais de uma dezena de carros de polícia, teve que usar caminhos alternativos e entrar por portões laterais na nossa chegada. A sensação que nós temos em momentos como esse é a de que estamos fugindo. E eu jamais imaginei que trabalhando no futebol teria que me proteger, que teria a minha segurança ameaçada no exercício do meu trabalho".
Mais uma vez, Zico voltou a afirmar que está desiludido com o futebol e que não sabe por quanto tempo continuará na profissão. "Vou confessar que não sei até quando aguentarei viver dentro do futebol dessa forma, quanto tempo ainda sigo como treinador. Ao longo de quase 40 anos dentro deste mundo da bola poucas vezes me peguei tão decepcionado e descrente".
O treinador, que já chegou a pedir à Uefa medidas contra a violência, diz ainda ter esperança em melhoras. E citou o "Jogo das Estrelas", organizado anualmente por ele no Maracanã, como exemplo positivo.
"Há poucas semanas estava atuando no Maracanã com quase 80 mil pessoas prestigiando ex-jogadores e jogadores atuais defendendo a solidariedade. Tive relatos de camisas do Vasco, Botafogo e Fluminense nas arquibancadas. Tivemos paz, o que me dá a sensação de que ela é possível", concluiu.