Duas ações criminosas de assalto contra funcionários da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e da Mercedes na noite de sexta-feira (10) vão fazer o esquema de segurança do GP do Brasil de Fórmula 1 mudar. A Polícia Militar vai aumentar o efetivo de trabalho nos arredores do Autódromo de Interlagos e ampliar o turno de trabalho. Uma das vítimas da violência, a equipe alemã, por sua vez, ganhará escolta policial em tempo integral. Ninguém ficou ferido nos incidentes.
Na região do autódromo, o esquema de segurança também passará a ser em tempo integral depois de bandidos se aproveitarem de uma brecha à noite, quando há menos movimento. Assim, a solução encontrada foi reforçar a presença policial em faixas horárias específicas. Isso contempla os momentos de saída do público e dos integrantes da equipes, como, por exemplo, entre as 22h de sábado e as 23h30 de domingo. O mutirão vai terminar somente na madrugada de segunda-feira.
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O chefe da equipe Mercedes, Toto Wolff, e o diretor da escuderia, o ex-piloto Niki Lauda, reclamaram em entrevistas sobre o episódio. Representantes da escuderia chegaram a se reunir no sábado pela manhã com a organização do GP para pedir auxílio. A Mercedes terá escolta policial especial até o fim da estadia no Brasil.
O assalto
Na noite da última sexta, uma van com funcionários da Mercedes foi cercada por um outro veículo na saída de Interlagos. Os bandidos chegaram a atirar e roubaram pertences das vítimas. Duas delas tiveram os passaportes levados, assim como celulares, relógios e dinheiro. O episódio motivou o protesto do tetracampeão mundial Lewis Hamilton.
“Algumas pessoas da minha equipe foram ameaçadas por armas na noite passada, quando deixavam o autódromo aqui no Brasil. Foram disparados tiros e as armas foram apontadas para a cabeça deles. Isso é decepcionante de saber”, escreveu no Twitter. “Isso acontece todo ano aqui. A Fórmula 1 e as equipes precisam fazer mais. Não há desculpas”, criticou.
Já o veículo com funcionários da FIA conseguiu fugir e evitar algo pior por ser blindado. Entre os passageiros estava o diretor de comunicação da entidade, o italiano Matteo Bonciani, que contou ter sido uma ação muito rápida, mas com estrago maior evitado graças à ação rápida do motorista em acelerar e deixar o local. “Eu moro em Paris e essas coisas também acontecem lá”, minimizou.
O pole position no GP, o finlandês Valtteri Bottas, afirmou ter dedicado a primeira posição aos colegas vítimas de violência, com quem conversou pela manhã antes de ir para a pista. “Falei com eles e disse que iria ser pole para animar todos, então eu estou feliz que isso tenha realmente acontecido. Primeiramente, fiquei feliz que todos estão inteiros e ninguém se feriu, mas obviamente é uma situação ruim”, comentou.
O único piloto brasileiro do grid da categoria, Felipe Massa, demonstrou não ter ficado surpreso com o episódio. Velho frequentador do autódromo, o piloto da Williams se disse envergonhado pelo ocorrido, lamentou a violência e contou que, por conhecer a região, faz questão de vir ao circuito somente com escolta e carro blindado.
Críticas passadas
As críticas de Hamilton sobre o histórico tumultuado de violência no bairro de Interlagos remetem a casos mais antigos. Em 2010, por exemplo, o piloto Jenson Button sofreu uma tentativa de assalto no caminho entre o circuito e o hotel, mas conseguiu escapar. Já em 2003, dentro do autódromo a Minardi teve algumas rodas roubadas e a Jaguar sofreu com o furto de computadores.