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| Foto: SR/gs/CVI/STEFANO RELLANDINI

O britânico Bernie Ecclestone, de 85 anos, que é há 40 anos pilota o Mundial de Fórmula 1, continuará dirigindo o esporte por, ao menos, mais três anos.

O grupo americano Liberty Media, que se concentra em entretenimento e esportes, aceitou comprar as temporadas do fundo de investimentos europeu CVC Capital Partners por US$ 4,4 bilhões, num acordo de US$ 8 bilhões, incluindo os débitos. Ecclestone continua como diretor-executivo, mas ficará sob a sombra de Chase Carey, ex-braço direito de Rupert Murdoch na 21st Century Fox, que assumirá a presidência da 1.

“Eu gostaria de dar boas vindas à Liberty Media e a Chase Carey para a Fórmula 1 e estou ansioso para trabalhar com eles”, disse na quinta-feira, em comunicadoEcclestone, que é considerado o criador da Fórmula 1 moderna. Carey, por sua vez, falou sobre sua satisfação em trabalhar com o homem que tem sido o chefão do esporte. “Sou um grande fã da Fórmula 1, que é uma franquia esportiva única que atrai centenas de milhões de fãs no mundo a cada temporada. Vejo oportunidades importantes para ajudar a Fórmula 1 a continuar seu desenvolvimento pelo bem do esporte, dos torcedores, das equipes e dos investidores”, afirmou Carey, de acordo com um comunicado.

Administrando a F1 com mão de ferro ao longo das últimas décadas, Ecclestone incluiu no circuito locações novas e emocionantes e ajudou a transformar a F1 num empreendimento multibilionário, uma mina de ouro para seus promotores. O Mundial de F1 tem atualmente 21 corridas em todo o planeta e tanto os organizadores como os meios de comunicação pagam quantias astronômicas para ter o direito de organizar e transmitir as provas. As escuderias da categoria, 11 atualmente, recebem parte da arrecadação, segundo um acordo que tem vigência até 2020. Entre elas há nomes de prestígio como Ferrari, McLaren, Mercedes ou Renault, assim como marcas importantes como a Red Bull.

Mas Ecclestone enfrenta uma série de críticas. Acusado de ter pago US$ 44 milhões a Gehard Gribkowsky, ex-presidente do banco Bayern LB, durante a venda dos direitos de transmissão de TV da Fórmula-1 para a CVC, em 2006, ele se livrou com um acordo de US$ 100 milhões.

Neste ano, disse que a F1 está na pior do que nunca, após a Mercedes manter a supremacia por dois anos, e que não compraria ingressos para uma corrida. “Eu não gastaria meu dinheiro para levar minha família a uma corrida. De jeito nenhum.” Acusou ainda a Mercedes e a Ferrari de formação de cartel, se referindo à maneira de como dominam as definições das regras do esporte.

Aquisiçao progressiva

Em um primeiro momento, a Liberty Media comprará uma participação de 18,7% por US$ 761 milhões, que será progressivamente elevada a 100% graças à compra da totalidade da holding Delta Topco, por meio da qual o fundo de investimentos CVC Partners controlava até agora a Fórmula 1. No total, a Liberty Media desembolsará US$ 4,4 bilhões. O valor da Fórmula 1 foi calculado durante a negociação em US$ 8 bilhões, incluindo a dívida.

A montagem da operação é bastante complicada e deve terminar com o controle efetivo da Fórmula 1 pelo Liberty Media ao final do primeiro trimestre de 2017. O capital será dividido então entre Liberty Media e alguns dos atuais acionistas que estarão representados no conselho de administração.

A operação permite também à Liberty Media acrescentar a seu portfólio um dos esportes mais assistidos do mundo, com 400 milhões de telespectadores em média a cada corrida. O magnata americano John Malone, proprietário da Liberty Media, já está envolvido no mundo esportivo, como proprietário do time de beisebol Atlanta Braves e com uma participação na Fórmula E, que organiza uma competição com carros elétricos.

O grupo terá, no entanto, que obter o aval da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e das autoridades de concorrência, no momento em que a Comissão Europeia investiga os métodos de gestão da Fórmula 1. O modelo atual da administração do Mundial dá vantagens às grandes escuderias, mas a estrutura posterior à operação permitirá que se transformem em acionistas, com a aquisição de ações que devem ser cotadas na Bolsa, informou a Liberty Media. As modalidades exatas da participação ainda devem ser definidas.

A entrada de capital americano pode abrir a porta para o avanço da Fórmula 1 nos Estados Unidos, onde a categoria jamais conseguiu impor seu nome ante outras categorias, como a Nascar ou a Fórmula Indy.

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