No melhor sonho de Felipe Massa, a partir do momento em que soube que a Ferrari não iria renovar seu contrato, a despedida ideal da escuderia seria com uma vitória em casa, amanhã, em Interlagos, no Grande Prêmio que tem largada às 14 horas.
No mesmo autódromo em que começou a carreira no kart, em 1990, porém, o piloto tenta evitar um adeus melancólico para uma carreira em declínio. A última vitória do brasileiro na F1 aconteceu há cinco anos. Massa tinha 27 anos de idade e fazia a melhor de suas três temporadas até então com o carro vermelho. Subiu no lugar mais alto do pódio no GP do Brasil, mas viu o inglês Lewis Hamilton estragar sua festa com uma ultrapassagem na última volta e ficar com o título.
A partir desse momento, a trajetória de Massa na F1 mudou. De um jovem talentoso que poderia sonhar em ser campeão, passou a ser coadjuvante do espanhol Fernando Alonso. A disputa por vitórias nunca mais foi seu roteiro. O máximo que conseguiu foram seis terceiros lugares.
A fase piorou depois do incidente com uma mola do carro de Rubens Barrichello que se soltou e acertou seu capacete, em 2009, na Hungria. Ficou em coma. Se recuperou, mas perdeu as oito corridas restantes da temporada.
Perdeu também a competitividade. A prova cabal veio em 2010, quando seguiu a ordem de abrir para o companheiro de equipe. "Fernando is faster than you [Fernando está mais rápido do que você]", dizia a famigerada mensagem via rádio do engenheiro Rob Smedley. Massa abriu e Alonso, não só ultrapassou na pista como também assumiu o posto de primeiro piloto da escuderia.
Nos dois campeonatos seguintes, o brasileiro ficou em sexto. Ano passado, foi sétimo mesma posição que terminará em 2013. Substituído na Ferrari pelo finlandês Kimi Raikkonen, fechou com a Williams para tentar uma retomada na carreira.
No adeus no Brasil, onde também venceu em 2006, tentará relembrar os velhos tempos. "Felipe construiu uma história incrível na Ferrari. Ele é um cara espetacular, tivemos muitos bons momentos juntos, e alguns ruins, também. Ele merece que esta despedida seja especial, pois esteve muito próximo do título aqui em São Paulo", lembrou o diretor da escuderia, Stefano Domenicale.