Os envolvidos
Nelsinho Piquet
Piloto da Renault do início da temporada passada até o GP da Hungria deste ano. Já teve a carreira gerenciada por Flavio Briatore.
Flavio Briatore
Diretor-geral da Renault até quarta-feira passada, gerenciou a carreira de diversos pilotos, como Michael Schumacher, Fernando Alonso e Nelsinho Piquet.
Pat Symonds
Diretor-técnico da Renault demitido na quarta-feira.
Nelson Piquet
Tricampeão mundial de Fórmula 1, piloto dirigido por Briatore na Benetton, entre 1990 e 91, e pai de Nelsinho.
Fernando Alonso
Bicampeão mundial (2005/06) pela Renault, voltou à equipe ano passado após uma temporada na McLaren. Também teve sua carreira gerenciada por Briatore.
O acidente
Na 14ª volta do GP de Cingapura de 2008, Nelsinho bate sua Renault na curva 17, local sem área de escape e de difícil acesso de guindaste (foto 1). "Eu já vinha beliscando o muro aqui e ali, mas acabei beliscando um pouco demais", explicou o brasileiro depois da prova. O acidente beneficia seu companheiro de equipe, Fernando Alonso, que largara em 15º e acabara de sair dos boxes. O safety car entra na pista, os outros carros vão para o pit stop e o espanhol sobe para quinto. O bicampeão seria o vencedor da corrida.
A delação
Um dia depois do GP da Hungria deste ano, o último de Nelsinho na Renault, Nelson Piquet procura Max Mosley, presidente da FIA, para dizer que o acidente de seu filho foi proposital. O objetivo é vingar-se de Flavio Briatore pela demissão do garoto. A Federação inicia uma investigação sigilosa.
A confissão
Em agosto, Nelsinho Piquet presta depoimento à FIA dizendo ter provocado o acidente no GP da Cingapura a mando de Flavio Briatore e Pat Symonds, para beneficiar Alonso e, segundo ele, defender seu emprego.
A primeira prova
No dia 17 de agosto, Nelsinho faz chegar à FIA um documento em que ele aponta a telemetria (foto 2) do seu carro como prova da farsa: "Os dados claramente demonstram que eu pisei no acelerador com mais força e antes do momento que vinha fazendo nas outras voltas. Acelerei com mais força ainda depois do momento que a traseira escapou e novamente depois do impacto no concreto", relatou.
Imunidade
Em troca da revelação da armação, Nelsinho Piquet recebe da FIA a garantia de imunidade no julgamento do Conselho Mundial, uma espécie de delação premiada. O mesmo artifício é oferecido a Pat Symonds.
Defesa e culpa
Em clara tentativa de escapar da punição no Conselho Mundial da FIA, a Renault demitiu na quarta-feira Briatore e Symonds. Também disse que não irá contestar as acusações.
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O jornal inglês The Times publicou a transcrição completa dos diálogos via rádio entre Nelsinho e Renault.
Nelsinho (no início da corrida) "Em que volta estamos? Em que volta estamos?"
Symonds "Diga a ele que ele está prestes a completar oito voltas."
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Symonds "Acho que faremos nossa parada um pouco antes de alcançá-lo (referindo-se ao pit stop de Alonso, que estava se aproximando da Williams de Kazuki Nakajima) e tirá-lo do tráfego. São apenas algumas voltas. Vamos antecipar seu pit stop e faremos a 2ª parada na 40 volta."
Engenheiro "Pat, você não acha que ainda é um pouco cedo?"
Symonds "Não, não, vai dar tudo certo."
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(Após o pit stop de Alonso)
Symonds "Tudo certo, agora você (engenheiro) tem de pressioná-lo muito (referindo-se a Nelsinho). Se ele não passar Barrichello, não irá a lugar nenhum. Ele tem de alcançar Barrichello nesta volta."
Briatore "Diga a ele que o pressione."
Engenheiro "Nelson, sem desculpas agora. Você tem de superar Barrichello. Você tem quatro voltas para isso. Vamos, você tem que pressioná-lo, você deve ultrapassá-lo".
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(Após o acidente)
Várias vozes ao mesmo tempo "Nelson está fora. Nelson teve um acidente. Acho que teremos bandeira vermelha."
Nelsinho "Desculpem-me. Perdi o traçado."
Engenheiro "Ele está bem?"
Symonds "Pergunte a ele se está tudo bem."
Engenheiro "Você está bem? Você está bem? Fernando passou por você... OK, bandeira amarela."
Nelsinho "Sim, bati com a cabeça para trás, mas acho que estou bem."
Briatore "Que desgraça, ele não é piloto."
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