Velhas cores com novos tons constroem a identidade da F1 em 2010. Desfilando pelo asfalto com direito a um toque retrô na carroceria, Renault e Lotus revivem o passado. Na equipe francesa, o R30 surge com predominância do amarelo e diversas linhas pretas numa clara tentativa de relembrar o modelo com o qual a equipe estreou na categoria, em 1978. Para os saudosistas de Ayrton Senna e Nelson Piquet ao volante da Lotus, a equipe retorna depois de 16 anos com seu verde musgo, ou British Green, e linhas amarelas.
"A Renault está muito fantasiosa: o amarelo predominante deveria ser mais destacado, pois do jeito que está o carro ficou muito poluído. Eu utilizaria a segunda cor apenas para ressaltar detalhes da carroceria", observa Lúcio de Oliveira, designer que trabalha como restaurador de carros antigos. "Existe hoje uma mistura muito grande de cores para valorizar os patrocinadores, o que faz com que o carro e a equipe percam um pouco da sua identidade. A Lotus e a Renault ousaram em excesso nas cores", complementa. Mas o que é excesso para alguns, é beleza para outros. "Na Fórmula1 não existe exagero. Digamos que tudo pode. Com linhas mais retas e com a combinação de preto e amarelo, a Renault ficou muito linda e se destaca", contrapõe o aerografista e designer Gustavo Telles.
Com toques de modernidade, a Virgin Racing, equipe do piloto brasileiro Lucas di Grassi, surge rubro-negra, com um design inteiramente estruturado por computador. "Essa mistura que deu certo porque o preto é uma cor base que aceita bem qualquer outra", afirma Telles. Já a Ferrari segue com seu vermelho tradicional, mas abre espaço para o branco de um dos patrocinadores nas asas traseisa e dianteira. "Ainda que ocupe um espaço pequeno, isso descaracteriza o carro. Eles poderiam ter ousado mais com o vermelho, por exemplo, nas rodas", opina Oliveira.
De volta às pistas da F1, o heptacampeão Michael Schumacher será visto no prata clássico da Mercedes com a tradicional estrela de três pontas no bico dianteiro e linhas verdes laterais em referência ao patrocinador. "Prata é uma cor que identifica a equipe com os espectadores. A mesma coisa acontece na Williams, que manteve o azul e branco. Isso sempre agrada", opina o designer Oliveira. "Mercedes, Ferrari e Williams têm uma identidade muito tradicional que limita as inovações, dando às equipes novas vantagens criativas", aponta Telles.
Branco
Já a BMW-Sauber aparece no grid sem muitos detalhes, em um carro em que o branco predomina e no qual foi sentido a ausência de patrocinadores. "É um carro diferente. Bonito, mas, por ser uma equipe não muito expressiva, não é muito notada. Eu não diria que a BMW-Sauber possua uma identidade visual forte", observa Oliveira. "A BMW-Sauber vem um pouco apagada, mas, em cima do asfalto, o carro branco vai criar um contraste e aparecer bastante", aposta o aerografista Telles.
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