A Federação Paranaense de Fute­­bol (FPF) aceita a permanência de Ri­­cardo Teixeira à frente da CBF, mas exige novas eleições caso o mandatário resolva deixar o cargo que ocupa há 23 anos. A posição foi tomada há duas semanas, mas esta é primeira vez que o presidente da entidade estadual, Hélio Cury, se posiciona oficialmente so­­bre a situação delicada do dirigente do futebol nacional.

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"Temos de ter uma posição. O estado tem de ter uma posição. Não podemos ficar a reboque, relegados a um segundo plano. Temos o bom senso que o caminho mais certo é esse – uma nova eleição no caso de renúncia. E não só eu, é a opinião de várias federações, discutiu-se isso e chegamos ao consenso de que o caminho é esse."

Foram os quase seis meses de isolamento que fizeram com que Teixeira esteja em xeque, hoje, às 15 horas, na sede da entidade, no Rio. Mesmo que seja difícil a saída do dirigente na as­­sembleia-geral, o resultado da conversa pode mudar o panorama do fu­­tebol brasileiro.

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O silêncio, denúncias de corrupção, e a possibilidade de renúncia com manutenção do restante da diretoria fizeram um grupo de federações se "rebelarem" e colocarem Teixeira na parede pela primeira vez desde que o dirigente chegou ao poder, em 1989.

"O Ricardo se afastou nos últimos cinco, seis meses. Nem só de mim, mas de todos. A reclamação é geral de que não se consegue falar com o presidente", afirma Cury. Ele é parte importante no gru­­po que, a princípio, afirma que­­rer apenas explicações da entidade.

"O pior é que estão acontecendo esses fatos todos [denúncias contra Teixeira] sem nenhum conhecimento nosso. Quer dizer... É um absurdo. Temos de ter um mínimo de conhecimento do que está acontecendo no futebol brasileiro, afinal fizemos parte dele."

Há duas semanas, depois de boatos de que Teixeira deixaria o cargo, as federações "rebeldes" se reuniram e pediram uma assembleia condicional, para o caso de a saída se confirmar. O receio era a manutenção da diretoria atual, o que poderia acarretar em um domínio paulista na CBF.

Depois de tentar dissuadir a reunião via telefonemas do vice José Maria Marin – que como vice mais velho assumirá se houver renúncia –, a CBF, rápida, se sobrepôs com uma convocação de assembleia própria. Na pauta, além de explicações, foi colocada uma possível mudança no estatuto da entidade, o que deixou várias interrogações no ar.

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"[A convocação] fala em mu­­dan­­ça do estatuto. Mas não nos passaram nada para que pudéssemos fazer um estudo antecipado. Então só vamos receber essas informações adicionais lá. O que deu para perceber nas colocações feitas no edital é que o presidente não vai se afastar. Ao menos aparentemente", afirma Cury, que não demonstra preocupação com represálias caso a permanência do dirigente seja confirmada.

"Risco todo mundo tem, faz parte do show. Mas a gente não pode se apegar a isso. Se todo mundo recuar e entender que está tudo certo... Embora, se me perguntar o que está acontecendo, só sei o que todos que leem no jornal."

Para presidente da Federação Gaúcha, Francisco Noveletto Neto, tido como líder dos "rebeldes", o cartola entrega o cargo. "Acho que ele sai. Foi o que disse ao tio, Marco Antônio Teixeira, quando o demitiu [em 3 de fevereiro]", disse. "O presidente está cansado, quer viver um pouco, enjoou", afirmou. Teixeira reservou para esta tarde um presente para cada dirigente das 27 federações. Isso foi interpretado por alguns como um gesto de despedida.