A parceria entre MSI e Corinthians, que terminou há pouco mais de um mês ainda traz problemas para o clube do Parque São Jorge. Nesta terça-feira, um funcionário do Corinthians foi detido ao tentar deixar a sede do clube com um computador. Suspeita-se que o equipamento era usado por Kia Joorabchian, representante do fundo de investimento MSI, quando ele estava no Brasil. O computador estava entre as peças com mandado de busca e apreensão determinado pela Justiça.
Os mandados foram cumpridos durante esta tarde, quando policiais e promotores apreenderam documentos e notas fiscais na sede do Corinthians, na zona leste da capital. As notas fiscais são consideradas frias pelo Ministério Público e pela Polícia Civil e serão avaliadas durante a investigação da parceria entre o clube e o fundo de investimentos.
Outros mandados foram cumpridos durante o dia, inclusive no escritório do ex-presidente do Corinthians, Alberto Dualib. De acordo com o Ministério Público, todas as empresas que emitiram as notas fiscais consideradas frias para o clube serão investigadas.
A polícia também esteve na empresa N.B.L. Serviços Contábeis, em Perdizes, zona oeste da capital, onde foram apreendidos computadores e notas fiscais. Todos os documentos e máquinas apreendidas serão encaminhadas para perícia no Instituto de Criminalística.
Ex-dirigentes do Corinthians, Dualib, e seu vice, Nesi Curi, terão de prestar depoimento à polícia e ao Ministério Público durante a investigação.
Há noves meses, o Ministério Público de São Paulo investiga a parceria entre o clube do Parque São Jorge e a N.B.L. Serviços Contábeis, suspeita de vender cerca de 80 notas frias ao clube entre 2000 e 2005 que teriam provocado prejuízo de mais de R$ 400 mil.
O proprietário da empresa, Juraci Benedito, já admitiu em depoimento que fez parte do processo e recebeu cerca de R$ 17 mil mensais durante seis anos.
A polêmica parceria com a MSI
Iniciada em dezembro de 2004, a parceria entre Corinthians e MSI sempre foi questionada pela oposição do clube, que duvidava da origem do dinheiro que o iraniano Kia estava investindo no Parque São Jorge. Havia suspeitas de que o dinheiro viria da máfia russa e que Kia tinha uma parceria com o magnata russo Boris Berezovsky, que vive entre a França e a Inglaterra e teve a prisão pedida pelo Ministério Público brasileiro no dia 12 de julho através da Interpol, que investigava suas conexões com a MSI, que é suspeita de lavagem de dinheiro.
A denúncia que baseou o pedido de prisão indica que Berezovsky utilizou o Corinthians para lavar dinheiro obtido de forma ilícita no exterior. O magnata, um dos mais ricos do mundo com uma fortuna estimada em US$ 10 bilhões, é procurado em seu país por crimes contra o sistema financeiro e corrupção.
Apesar das promessas de investimento por dez anos e até a possibilidade de construção de um estádio para o clube, o dinheiro da MSI começou a minguar já em 2006 após a venda do argentino Tevez, que ajudara a equipe a ser campeã brasileira no ano anterior.
A insatisfação com os rumos que o Corinthians tomava se juntou ao acúmulo de uma dívida de R$ 53 milhões e às investigações da polícia que colocou os principais dirigentes do clube como réus em processo na Justiça por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Diante deste quadro, o Conselho Deliberativo do Corinthians se reuniu no dia 24 de julho e aprovou por unanimidade o fim da parceria com a MSI.
No dia 8 de agosto, foi a vez do Conselho se reunir novamente para afastar o presidente Dualib e seu vice, Nesi Curi, que respondem a processo na Justiça. No final de agosto, Dualib negou em depoimento ao Tribunal Regional Federal de São Paulo que soubesse que o dinheiro da MSI era ilícito. Do contrário, não teria assinado a parceria.
Dualib e Curi, além do empresário Renato Duprat, do dirigente Paulo Angioni e do advogado Alexandre Verri, são acusados de crime de lavagem de dinheiro. O russo Boris Berezovsky e os iranianos Kia Joorabchian e Nojan Bedroud, que tiveram a prisão preventiva decretada, respondem por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
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