“Fusão” ofusca show do Novo Mundo

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Não houve campeonato feminino no Paraná em 2009. Na falta de uma disputa, o Novo Mundo, vencedor do ano passado, foi indicado pela Federação Paranaense de Futebol (FPF) para representar o estado na Copa do Brasil. O Rio Grande do Sul teve a sua competição regional. Campeão, o Pelotas ganhou o direito de disputar o torneio nacional. Mas nem a inatividade impediu o time curitibano de massacrar as gaúchas por 8 a 0, on­­tem, no Estádio Orlando Ri­­naldin, no bairro Novo Mundo.

O placar elástico (3 gols de Dai­­ane, 3 de Thaís, um de Raquel e ou­­tro de Patrícia) e a diferença técnica permitem dizer que a classificação está garantida. O jogo de volta, me­­ra formalidade, ocorre dia 1.º de outubro, em Pelotas. Ficou mais perto o objetivo de enfrentar o Santos, da melhor do mundo Mar­­ta, no cruzamento da terceira fase.

Para montar um time tão superior ao campeão gaúcho, o No­­vo Mundo recorreu a uma espécie de "fusão" com o Jaborá. O problema, que gerou uma grande confusão nos bastidores, é que não foi feita em comum acordo com o clube de São José dos Pinhais.

Segundo os dirigentes do Jabo­­rá, apenas a meia Daiane Moretti – da seleção brasileira principal – pediu para jogar pelo Novo Mun­­do e foi autorizada. "Mas a Ra­­quel, a Fran, a Janaína, a Ana Paula e a Cléo não. Com certeza fizeram a cabeça delas. Investimos nessas jogadoras para eles usarem", reclamou o patrocinador do clube, o em­­presário Cleiton Azeredo, mu­­nido com uma cópia da identidade de atleta de cada uma delas. Os documentos, fornecidos pela FPF, foram datados no dia 10 de abril.

Indignado, ele prometeu en­­viar os papéis à CBF e deixar cópias com representantes do Pelotas, que poderia tentar ficar com a vaga via tapetão. O presidente da FPF, Hélio Cury, minimizou o problema. "Como não houve campeonato, elas ficaram liberadas. São amadoras, então podem ir para o time que quiserem. Mas nada impede o Jaborá de buscar seus direitos", afirmou.

De acordo com o diretor de registro e transferência da CBF, Luiz Gustavo Vieira de Castro, a FPF tem autonomia para determinar a condição de jogo das atletas, mesmo em uma competição na­­cional. "Quando são times do mesmo estado, quem cuida disso é a Federação local", explicou. Desta maneira, a denúncia não deve ir longe no tribunal.

Porém o Jaborá, vendo favorecimento político ao Novo Mundo, promete não ficar quieto. "Na verdade tudo começou ao não termos Campeonato Paranaense. Só três clubes estavam confirmados e a Federação disse que precisávamos de quatro. Me propus então a bancar o transporte do time de Gua­­ra­­puava, mas ficaram enrolando até o dia que não dava mais. Tudo para indicar o Novo Mundo", es­­bra­­ve­­jou Azeredo, que chegou a apontar outra solução. "Poderiam ter feito um triangular para decidir a vaga, mas também não quiseram. In­­vestimos para disputar a Copa do Brasil e não tivemos chance."

Cury diz lamentar o cancelamento do Estadual por falta de interessados e justifica a não realização da seletiva afirmando que "aí viraria uma bagunça". Grande aliado do presidente da FPF, Moacir Ribas Czéck, o Maza, presidente do Novo Mundo, também deu sua resposta. "Temos muita tradição no futebol feminino, somos os últimos campeões paranaenses e fomos indicados por isso. Não precisamos de favorecimento", discursou.