O campo tem grama sintética, cobertura inflável, além de ambiente climatizado. Tudo isso para proteger do frio congelante de Varsóvia, capital da Polônia, nessa época do ano.
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O cenário onde há duas semanas trabalha o paranaense Matheus Dias, 29, não é muito diferente do que encaram os cerca de dez brasileiros que vivem no país para jogar o nosso futebol na primeira divisão. A grande distinção é que a investida do curitibano é para treinar e não jogar.
E, acredite, a modalidade é o futebol americano, cujo principal jogo, o Super Bowl, é neste domingo (7), em Santa Clara (EUA). Denver Broncos e Carolina Panthers disputam o título de melhor da NFL, a liga americana.
“Estou vivendo algo que nunca havia passado pela minha cabeça”, admite o coordenador defensivo do Warsaw Eagles e exemplo do crescimento, mesmo que modesto, do esporte da bola oval no Brasil.
Jornalista por formação, Dias se mudou para os EUA em 2013 para perseguir sua paixão pelo esporte. Primeiro, enquanto era correspondente de um portal de notícias, se voluntariou para treinar no time de uma escola na Filadélfia. Por um amigo em comum, conheceu o treinador americano Daniel Levy, que já teve uma experiência treinando no Brasil, e entrou para a comissão técnica de uma equipe universitária em Nova York.
No fim de 2015, Levy recebeu proposta para treinar o clube polonês e chamou o paranaense para seu estafe. Com moradia, passagens e refeições no pacote, além de salário, era impossível recusar.
“Não vou ficar rico, mas é uma condição muito boa. Nos EUA a minha situação era difícil. Quem iria contratar um brasileiro para treinar o esporte deles?”, questiona o ex-jogador do Curitiba Brown Spiders, que compara a evolução do esporte na Polônia com o Brasil.
“O futebol americano também é jovem aqui. O primeiro jogo com equipamento completo foi em 2006 – no Brasil em 2008. Dá para traçar um paralelo bem interessante, já que é um dos esportes que mais cresce. Mas eles estão um pouco à frente”, afirma.
No Brasil, existem 130 times full pads (com equipamento completo) e dois campeonatos nacionais. A audiência da NFL cresce há cinco anos e, segundo o Ibope, 27 milhões de pessoas têm interesse no esporte no Brasil. Ano passado a seleção brasileira estreou no Copa do Mundo da modalidade.
Para aumentar o interesse, o primeiro brasileiro na NFL, o paulista Cairo Santos, kicker do Kansas City Chiefs, vai bem e pode abrir portas. “Vou ajudar no desenvolvimento do esporte no Brasil. Tenho certeza que podemos ter grandes jogadores”, confia.
“Este é o melhor momento para quem gosta e pratica o esporte. Mas ainda vai melhorar. Há muito espaço para crescer”, sentencia o comentarista da ESPN Paulo Mancha.