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O fim de semana acabou marcado por três episódios extracampo. No Couto Pereira, uma garotinha e seu pai foram hostilizados por um grupo de coritibanos. No Pacaembu, um escocês foi expulso da arquibancada por corintianos. E no Recife, uma faixa de protesto contra a arbitragem foi censurada.

Não me ative aos detalhes dos incidentes de propósito. Simplesmente, porque não interessam. O resumo acima é mais do que suficiente para alcançar uma conclusão. O futebol tornou-se, já há alguns anos, um esporte de idiotas.

Calma, não se ofenda. Tenho certeza de que a imensa maioria dos envolvidos com o jogo de bola é formada por gente boa da melhor qualidade – aposto que o caro leitor é um deles. E que o futebol sempre foi, é e será o esporte mais incrível praticado no planeta.

Agora, o problema é que os baba­­cas, definitivamente, tomaram conta geral. Eles são minoria, mas ditam as regras. Submetem os demais às suas vontades. Experimente discordar para ver o que te acontece.

Para piorar, jogam em todas as posições. Tem babaca torcedor, dirigente, árbitro, jogador, policial e, claro, jornalista. Estão em todas as praças esportivas, sempre revestidos de uma "autoridade" que eu não faço ideia de quando lhes foi outorgada.

Por exemplo, quando começou essa onda de quais cores são permitidas em determinados estádios? Eu entendo que não é, digamos, "conveniente" frequentar o Couto trajando rubro-negro ou a Baixada de alviverde. Óbvio.

Mas recordo que, há não muito tempo, a reação era bem diferente. O vacilão ou desavisado era obrigado a ouvir uma rima que iniciava com "ado ado ado" e terminava lançando dúvidas sobre a sexualidade dele. Alguns achavam isso engraçado e ficava por aí.

A ordem vigente é outra. Caso alguém – pode ser homem, mulher, velho ou criança – ostente uma cor "banida", será espancado e desnudado compulsoriamente. E muitos veem isso como algo absolutamente natural. "Infelizmente, é assim mesmo", dizem os conformados.

Aí é que está o problema. Até quando vamos achar normal esse tipo de atitude? Até quando vamos considerar o estádio, ou o futebol, como um mundo paralelo, de ética própria, em que a irracionalidade reina livremente? Não sou ingênuo a ponto de achar que um dia veremos novamente rivais sentados lado a lado. Ou que as facções organizadas passarão a entoar Imagine, do John Lennon, durante as partidas.

Mas, já que falei do velho beatle, é imaginar demais um futebol em que as pessoas não sejam agredidas somente por torcer por outro clube? Parece improvável, mas ainda dá tempo de reconquistar o futebol e fazer dos babacas apenas uma turma de chatos sem expressão.

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