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Delegacia especializada para conter a violência no futebol identifica vândalo no jogo de Joinville | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Delegacia especializada para conter a violência no futebol identifica vândalo no jogo de Joinville| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
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As cenas de violência registradas entre atleticanos e vascaínos, há três semanas em Joinville, repercutiram internacionalmente e reforçaram a insatisfação da população com os membros de torcidas organizadas.

Ainda sob o impacto do episódio que fechou com pancadaria o Campeonato Brasileiro 2013, uma pesquisa encomendada pela Gazeta do Povo revelou o quanto as facções são mal vistas na capital: 89,1% dos entrevistados apontam que elas ocupam as arquibancadas como protagonistas da violência nos estádios.

A rejeição é geral. A culpa pelos atos violentos é atribuída maciçamente às uniformizadas por todas as faixas etárias ouvidas – acima de 18 anos –, todas as classes sociais, níveis de escolaridade, por homem e mulheres.

Os mais refratários às torcidas foram os entrevistados entre 45 a 59 anos: 94% relacionam brigas e organizadas nas praças esportivas. Apenas 6% das pessoas ouvidas nesse recorte de idade não liga um fato ao outro.

Mesmo a diferença um pouco mais acentuada em relação a opinião de classes sociais distintas, se iguala na margem de erro: 90% dos integrantes das classe A e C atribuem a violência às organizadas, enquanto o número cai para 85% nas classes C e D.

Foram entrevistadas 704 pessoas durante os dias 15 a 18 de dezembro de 2013, com margem de erro estimada em 4%. "É um número bem elevado. Ficou muito ruim para a imagem das organizadas", comentou o Murilo Hidalgo Lopes, diretor da Paraná Pesquisas.

Um possível alívio viria através da exclusão. Diante de tanto medo nos estádios, 68,1% das pessoas consultadas disseram sim à torcida única nos jogos.

Tamanha reprovação fez ainda com que 75,9% dos entrevistados concordassem que a extinção das torcidas diminuiria os riscos. A medida, contudo, é inviável juridicamente.

Envolvida na confusão em Joinville, a pena institucional imposta à facção atleticana Fanáticos limitou-se a uma suspensão de seis meses, com o veto ao uso de camisas da organizada, assim como outros objetos que façam menção à torcida.

O termo de ajuste de conduta (TAC) assinado pela diretoria da Fanáticos e pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) prevê uma multa de R$ 20 mil em caso de descumprimento e suspensão de três anos se houver envolvimento de novos confrontos.

Alternativa paliativa que engrossa outras medidas ineficientes. Lançada pioneiramente em Curitiba em 2010, o projeto do Ministério do Esporte Torcida Legal não vingou na cidade. A capital foi escolhida exatamente por ter sido palco da barbárie no Couto Pereira após o rebaixamento em dezembro de 2009. O pouco mais de três anos depois, as torcidas curitibanas foram as únicas a não aderirem ao programa. A iniciativa federal instituía o cadastramento dos torcedores na tentativa de coibir a violência.

Ironicamente a identificação nos estádios foi tema de um projeto de lei da Câmara de Vereadores de Curitiba em 2010. Entre os parlamentares propositores estava Juliano Borghetti, hoje ex-vereador e um dos atleticanos presos pela briga em Joinville. A casa legislativa municipal requereu na semana passada novas informações sobre o cadastramento.

Surpreso, delegado encerra caso

A repercussão internacional – com veiculação até pelo New York Times – surpreendeu os responsáveis pela operação Cartão Vermelho, deflagrada para prender e tentar punir os envolvidos na briga entre atleticanos e vascaínos em Joinville, há três semanas.

"Sabemos que o Brasil está às vésperas de uma Copa do Mundo, de uma Olimpíada, mas foi uma repercussão inesperada", afirmou o delegado Clóvis Galvão, da Delegacia Móvel de Atendimento ao Futebol e Eventos (Demafe).

Com 16 prisões efetuadas no Paraná, a delegacia deu por encerrados os trabalhos por enquanto. "Mas as investigações continuam e as autoridades policiais e judiciárias de Santa Catarina querem uma punição exemplar e prometem muito rigor", comentou.

De acordo com o delegado, dos cerca de 40 envolvidos, 28 foram identificados e já começaram a ter a individualização das condutas praticadas. "É possível que alguns não tenham participado diretamente de todos os crimes. Isso será analisado", ponderou. Entre as acusações estão tentativa de homicídio, furto, dano ao patrimônio e delitos ligados ao Estatuto do Torcedor.

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