Presidente da CBF na época do amistoso, Ricardo Teixeira não foi citado na investigação da Fifa.| Foto: Ueslei Marcelino/ Reuters

Um amistoso entre Brasil e Argentina, em novembro de 2010, no Catar, foi realizado com o objetivo de transferir recursos para cartolas. Essa foi uma das conclusões apontadas pelo painel independente da Fifa que investigava compra de votos para a escolha das sedes das Copas de 2018, na Rússia, e 2022, no Catar. À época, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) era presidida por Ricardo Teixeira. O cartola foi investigado, mas nem seu nome nem o de nenhum outro dirigente é citado no resumo de 42 páginas do processo, divulgado nesta quinta-feira (13).

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Segundo a investigação, uma empresa que pertencia a um conglomerado do Catar "financiou o evento" - o jogo entre brasileiros e argentinos, vencido pela Argentina por 1 a 0. "Um rico sócio da entidade do Catar organizou o apoio, supostamente para fazer lobby por um investimento no setor do esporte", indicou o informe.

Segundo os organizadores da Copa de 2022, a entidade que pagou pelo evento não tem relação com o torneio da Fifa e nem com a Associação de Futebol do Catar. De acordo com esses dirigentes, "o fundo para organizar o jogo não veio do Catar/2022 e nem da Associação e o total pago para financiar o jogo era comparável às taxas que se pagam por outros jogos envolvendo times de elite".

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Apesar da versão dos dirigentes, a investigação indicou que os contratos para o jogo podem ter violações do Código de Ética da Fifa. "O financiamento do evento e sua estrutura contratual levantam, em parte, preocupações em particular em relação a certos arranjos relacionados com pagamentos para a Associação de Futebol da Argentina". Para os investigadores, entretanto, os acordos "não estão conectados com a campanha do Catar para a Copa de 2022".

Naqueles mesmos dias de novembro de 2010, Teixeira assinaria uma extensão do contrato com uma empresa árabe, a ISE, prolongando os direitos da companhia até 2022 para organizar os amistosos da seleção brasileira. Teixeira declarou ainda que votou pelo Catar e era um aliado de Bin Hammam.

Após dois anos de investigação, o painel independente da Fifa apresentou suas conclusões nesta quinta-feira. Não foi identificada corrupção na escolha das sedes dos dois próximos mundiais.