| Foto: Rodolfo Buhrer/Arquivo/Gazeta do Povo

Neto do Bruxo ganha destaque

Neto do folclórico dirigente Hélio Alves, o Bruxo, e filho do supervisor de futebol do Coritiba Paulinho Alves, Paulo Roberto Alves Júnior não conseguiu ficar longe do futebol. Tentou até os 20 anos a carreira como centroavante. Quando percebeu que não teria muito sucesso como atleta, viu na arbitragem a chance de seguir nos gramados.

"Abriu um curso de arbitragem em Maringá [onde mora] e meu pai sugeriu para que eu tentasse porque entendia de futebol, tinha uma condição física boa. Deu certo", explicou uma das apostas do aposentado Antônio Denival de Morais.

"A comissão de arbitragem está preparando muito bem os árbitros e nos dá bastante respaldo. Pode ter certeza que logo, logo vão surgir árbitros paranaenses que vão apitar jogos de expressão no cenário nacional", projeta ele. "Prefiro não falar mais nada para não haver má interpretação."

Aos 31 anos, Alves Júnior cursou Educação Física e confessa que tinha uma visão muito diferente da profissão. "A arbitragem também me ajudou como pessoa. Você se torna uma figura pública, que precisa se preservar", comenta. "Em campo, tem de estar muito concentrado, bem preparado. As estrelas são os atletas, o árbitro tem apenas de cumprir as regras. Se não aparecer, melhor", ensina.

Ele conta já estar se preparando para a disputa do Paranaense do próximo ano. O teste físico dos profissionais está marcado para a última semana de janeiro. "É a nossa porta de entrada para os torneios nacionais. Será um campeonato muito disputado, porque além dos três clubes da capital, o interior ganhou força, com a final deste ano entre Londrina e Maringá", prevê.

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A arbitragem paranaense se despediu do Brasileirão 2014 no ostracismo. Nos últimos 100 jogos, da 29.ª a 38.ª rodada do 2.º turno, os representantes do estado estiveram no comando de apenas duas partidas – só perde para Rondônia, com atuação em apenas um duelo. Cenário ruim e sem previsão de uma reviravolta em pouco tempo.

O diagnóstico é do responsável pelo último ato dos juízes locais no campeonato. Um gesto apenas protocolar. Antônio Denival de Morais, 45 anos, foi homenageado pelo árbitro principal Dewson Fernando Freitas da Silva, do Pará, que lhe deu o apito para decretar o fim de Corinthians 2 a 1 no Criciúma, no Itaquerão, na rodada derradeira.

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Agora aposentado, após 23 anos de carreira, Antônio Denival de Morais reconhece que há uma lacuna no quadro local que requer trabalho e tempo para ser preenchida.

"A arbitragem paranaense melhorou muito. Antes não tínhamos um projeto de formação. Hoje há uma atenção muito maior. Temos alguns nomes com bastante potencial, mas que ainda estão sendo trabalhados para daqui a dois, três anos", explicou o agora ex-árbitro – ele agora irá se dedicar à formação de novos aspirantes à profissão.

Denival discorda de que uma crise política reduza o espaço dos profissionais locais. Em maio deste ano, quando um levantamento da Gazeta do Povo mostrou que apenas 5% dos 298 jogos nacionais tinham contado com apitadores paranaenses, alguns profissionais ouvidos pelo jornal relacionaram a "geladeira" ao fato de o presidente da Federação Paranaense de Futebol (FPF), Hélio Cury, ser oposição ao atual presidente da CBF, José Maria Marín, e ao próximo, Marco Polo Del Nero.

"Não acredito nessa questão política. Temos um excelente relacionamento com a comissão de arbitragem da CBF. Tão bom que somos sinceros. Sabemos que alguns profissionais precisam ser melhor lapidados", admitiu Morais.

Entre as apostas da nova geração estão Rodolpho Toski Marques, Rafael Traci, Leonardo Zanon e Paulo Alves Júnior, que é filho do supervisor de futebol do Coritiba, Paulinho Alves.

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Eles são esperados na pré-temporada marcada para a última semana de janeiro, quando o quadro local começará a preparação para o Campeonato Paranaense-2015, a porta de entrada para quem almeja uma vaga no cenário nacional. A preparação será de 28 a 31 de janeiro, em Cascavel, com a presença de até 18 árbitros e dez aspirantes – além de 36 assistentes, com quatro aspirantes.

"Antes era muito mais sossegado para trabalhar. Essa evolução tecnológica aumentou demais a exposição dos árbitros e exigiu uma preparação muito melhor", conta Morais, que, no seu último jogo, contou cinco câmeras acopladas apenas nas redes dos gols do Itaquerão. Não há detalhe que escape.

Procurado, o presidente da comissão de arbitragem local, Afonso Vitor de Oliveira, desligou o telefone após dizer que não se pronunciaria sobre o assunto.

Avaliação

O Paraná não teve destaque na relação dos melhores árbitros e assistentes do Brasileiro de 2014. A avaliação foi feita pelos assessores e delegados especiais da entidade. As notas são subjetivas: ruim, aceitável, bom, ótimo e excelente. E levam em conta a dificuldade dos jogos: normal, média e alta. Entre os 10 árbitros e 16 assistentes do estado, apenas o auxiliar Bruno Boschilia aparece, na 13ª posição.

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