A Gazeta do Povo convidou para reforçar a entrevista de Alex Mineiro participantes da conquista do título brasileiro de 2001 pelo Atlético. Por telefone, cada um elaborou uma pergunta para o ex-jogador, agora quarentão, sobre os bastidores da estrela dourada, momentos da carreira e a vida de aposentado da bola.
Como você se sente chegando aos 40 anos?
Flávio, goleiro, empresário em Maceió
É uma coisa boa demais, uma idade diferente. Não sei, parece que, definitivamente, passou a fase de garotão. O tempo faz a gente amadurecer. Falo para os amigos que se tivesse a cabeça que tenho hoje quando jogava, seria infinitamente melhor.
Não acha que parou cedo?
Geninho, técnico, desde 2014 no Avaí
Parei na hora certa. Tive muitas contusões de 2009 a 2010. Desanimava demais. Só no Grêmio foram cinco. E com o nome que eu tinha, havia muita cobrança, era preciso estar em campo sempre. Não conseguia ficar 100%, voltava antes e machucava outra vez.
Você parou após uma confusão com a diretoria do Atlético. Ficou magoado?
Gazeta do Povo
Estava machucado, perdi um tratamento de manhã, tentei avisar o Ocimar Bolicenho, que era o diretor de futebol, liguei e ele não estava. Deixei recado com o fisioterapeuta. Houve um tumulto todo. Fiquei chateado. Faltou um pouco de respeito comigo. Não era o fim que eu esperava.
Sonhava com um jogo de despedida?
Gazeta do Povo
Chegou a ser cogitado. O presidente Marcos Malucelli queria um jogo para reverter a renda para mim. E assim eu abria mão do que tinha para receber. Mas não chegamos a um acordo.
Como se sente por ser o principal responsável pelo título de 2001?
Rogério Corrêa, zagueiro, diretor de futebol da Anapolina
Vai ficar para o resto da minha vida. E serei lembrado com muito carinho até que o Atlético consiga um novo título. Mas todos nós fomos responsáveis da mesma forma. Só tive a sorte de estar no lugar certo e na hora certa. Fui abençoado, como diz o Geninho.
Até o título de 2001 você era coadjuvante do Kléber. Por um período era até chamado de “Alex Abraço”, pois só aparecia para comemorar os gols do companheiro de ataque. Incomodava?
Gazeta do Povo
Fiquei bastante na sombra do Kléber. A gente jogava em função dele, que fazia muitos gols. Eu tinha a consciência que precisava melhorar. A partir do momento que o time foi crescendo, fui aproveitando.
Uma das marcas do Furacão são as duplas de frente: Jackson e Cireno, Assis e Washington, Paulo Rink e Oséas, Lima e Aloísio. Foi importante ter o Kléber?
Gazeta do Povo
Absolutamente fundamental. É importante ter uma parceria para o ataque funcionar. E, no nosso caso, era uma amizade que vinha de fora do campo. Estávamos sempre juntos, nossas esposas eram amigas.
Como aguentava as brincadeiras do Cocito e do Kléber?
Adriano Gabiru, meia, segue na ativa no Panambi-RS
Sempre tranquilo. A pressão do dia a dia é muito grande, então faz parte para descontrair. O Kléber era terrível, mas eu ficava só olhando e dando risada.
Lembro de uma vez que o seu time perdeu o rachão e teve de pagar o castigo, dar vários piques pelo gramado. Você chegou para mim e perguntou: “Professor, quer que eu vomite na ida ou na volta?”. Queria saber como você fazia para ser tão ativo na noite e empenhado nos treinamentos?
Mário Sérgio, técnico no início da campanha de 2001, comentarista da Fox Sports
Primeiro, eu sempre fui casado. Tomava cerveja, não bebo uísque, vodca, nem vinho. Sabia curtir as folgas ou mesmo durante a semana. Mas nunca faltei treino.
O Mário Sérgio cunhou a célebre frase quando saiu: “Ou o Atlético acaba com a noite, ou a noite acaba com o Atlético”. Ele estava certo?
Gazeta do Povo
O Mário foi um grande treinador e meu amigo. Mas foi um pouco precipitado. O time ia para a noite, era boêmio. O que não ia era o Flávio, goleiro. Mas todo mundo se empenhava, tanto que fomos campões.
O Geninho diz que nunca viu time ser campeão sem jogador bandido. Quem eram os bandidos do Atlético?
Gazeta do Povo
Os bandidos eram... o Nem. Mais vivido, malandrão, experiente.
Lembro de boa parte do nosso time reunido no meu quarto, em São Caetano, antes do segundo jogo, quando começaram a estourar fogos, já de madrugada. Você recorda o que disse na hora?
Nem, zagueiro, comentarista esportivo em Curitiba
Lembro, sim. Falei que os foguetes eram para o nosso time, que já era campeão. É claro que a gente respeitava o São Caetano, mas todo mundo estava muito confiante. Então, ao invés de desestabilizar, tirar o nosso sono, todo mundo riu e deu mais força.
Dos oito gols, qual foi o mais bonito?
Rogério Sousa, lateral reserva, representante comercial em Curitiba
O terceiro contra o São Caetano, na Baixada. Nosso time vem tocando desde a defesa, no contra-ataque, o Souza dá de letra, eu passo no meio da defesa e toco na saída do Silvio Luiz. Fico arrepiado de lembrar.
Um momento muito marcante para mim foi quando estávamos perdendo por 2 a 1 para o São Caetano, e eu babando e gritando, falei: ‘Alex, nos ajuda, guerreiro, decide pra gente, porra’. Você lembra?
Fabiano, lateral-esquerda, funcionário da base do Atlético
O barulho na Baixada era absurdo, dava para escutar pouca coisa. Mas lembro de você dando força, puxando o time. A angústia era terrível, o medo de perder tudo na decisão. Felizmente, deu tudo certo.
O que você achou de o Geninho entregar as faixas de campeão em 2001 já no vestiário, antes do segundo jogo em São Caetano?
Alessandro, lateral-direito, esteve no Metropolitano até 2014
O Geninho era um grande psicólogo. Foi um golpe de mestre. Deu muita confiança para o nosso time.
Queria saber se é normal paciente fazer sauna com cinco dias de pós-operatório...
Edilson Thiele, médico
Recordo da artroscopia no tornozelo, mas não estou lembrado dessa história aí, não (risos).
Você estava bem no Atlético, em 2007, quando sofreu a contusão na partida com o Grêmio, no lance com o Tcheco. Foi o momento mais difícil da tua carreira?
Gazeta do Povo
O lance foi rápido, fui cabecear e ele chegou chutando. Não deu pra ver se houve ou não maldade. Ele diz que não, prefiro acreditar na palavra do ser humano. Apesar de o Tcheco ter tido vários problemas, com várias confusões no futebol. Foi o momento mais difícil, sem dúvida. Fraturei nariz, maxilar, mandíbula, foram 45 dias só no canudinho, tomando líquido, noites de sofrimento em casa.
Como era tua relação com o Mario Celso Petraglia?
Gazeta do Povo
Muito boa. Nunca fui jogador de arrumar tumulto com ninguém, sempre na minha, tudo estava bom. Para os outros times ele é ruim, como o Eurico Miranda também é, mas é bom para o Vasco.
Sei que você está mexendo com construção civil também,. Como se planejou?
Cocito, volante, mora em Curitiba e trabalha com construção civil
O meu ex-cunhado sempre trabalhou com imóveis. Ele fez a proposta e achei interessante. Dá bastante dor de cabeça, mas estou pegando o jeito.
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