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Kléberson, Klebinho, Daphne e Dayane abraçam o Mickey: estilo americano conquista paranaense de Uraí. | Arquivo pessoal/Divulgação
Kléberson, Klebinho, Daphne e Dayane abraçam o Mickey: estilo americano conquista paranaense de Uraí.| Foto: Arquivo pessoal/Divulgação

Aos 36 anos, próximo da aposentadoria, Kléberson experimenta o sonho americano. Na vida pessoal e na bola. Há quase três anos nos Estados Unidos, o ex-volante do Atlético acompanha o estabelecimento do futebol no país enquanto desfruta, ao lado dos familiares, do estilo de vida local.

Após um período difícil no Brasil, o jogador encontrou sossego no Philadelphia Union. E no início deste ano mudou pela segunda vez de clube dentro dos EUA, ao deixar o Indy Eleven e rumar para o Fort Lauderdale Strikers. Na Flórida, foi ser jogador de Ronaldo, parceiro do penta mundial com a seleção brasileira, em 2002, na Coreia e no Japão, e um dos acionistas da equipe.

“Ronaldo virou meu patrão”, brinca o paranaense de Uraí, norte do estado. Na entrevista, o camisa 10 do Furacão campeão brasileiro de 2001 aborda o atual momento da carreira, trata dos planos para o futuro e projeta uma vida na América. “Pretendo ficar por aqui”.

O que você esperava do futebol americano quando partiu do Bahia e o que você encontrou?

Criei uma expectativa muito grande. Quando vim para os Estados Unidos sabia que o futebol aqui não é uma unanimidade. Mas sabia do crescimento. Percebi que só não tem ainda os valores milionários de esportes, mas em termos de popularidade é um dos mais praticado. É impressionante como está crescendo.

O cenário da North American Soccer League (NASL) é muito diferente da Major League Soccer, a principal liga do país?

É uma comparação difícil, pois são duas ligas privadas, cada uma tem sua regra. A MLS investe em trazer jogadores famosos, para valorizar a marca. Já a NASL está preocupada em fazer uma liga consistente, com equipes iniciantes, está abrindo portas para cidades realizarem o sonho de ter um time de futebol. Mas ambas têm estrutura, organização e qualidade.

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Passados quase três anos nos EUA, dá para acreditar num desenvolvimento do mesmo nível das grandes ligas americanas, como NBA e NFL?

O esporte está tomando conta do país, há muitas crianças praticando, os pais estão motivando seus filhos para essa nova aventura. É cedo para comparar, mas não tenho dúvida que esse dia vai chegar.

Você tem dois filhos, Klebinho (12 anos) e Dhapne (7), e a esposa Dayane. Como está sendo a vida americana da tua família?

Sensacional. O que estou podendo proporcionar para a minha família não tem preço. Sou muito presente na vida deles e eles estão felizes demais. Estou vendo meus filhos aprendendo outras línguas, trocando informações de outras culturas, e tendo a oportunidade de viver em um país bem estruturado.

“O que estou podendo proporcionar para a minha família não tem preço. Sou muito presente na vida deles e eles estão felizes demais. Estou vendo meus filhos aprendendo outras línguas, trocando informações de outras culturas, e tendo a oportunidade de viver em um país bem estruturado”

Kléberson

Como teus filhos têm sentido a cultura americana? Você pretende seguir no país?

Nós somos uma família brasileira que se aprofundou na cultura americana. Vivemos intensamente as datas comemorativas, como o Halloween. Pretendo continuar por aqui, meus filhos falam em estudar em grandes colleges (universidades), as chances de voltar para o Brasil são pequenas.

O Klebinho pode virar jogador? O futebol é muito forte entre as mulheres no país. A Daphne já se interessou?

Tenho a convicção que meu filho será jogador e darei o apoio que precisar. O futebol aqui é realmente muito forte entre as mulheres, tanto que elas jogam entre os meninos e não fazem feio. Seria legal se minha filha tentasse jogar, mas não forço nada.

Você desembarcou na Pensilvânia, depois foi pra Indiana e agora está em Miami. Há diferenças consideráveis?

É muito clara a diferença. A Filadélfia tem muita história e aparece no filme Rocky há muito interesse dos turistas. Em Indianápolis a cultura americana é bem forte, a questão do patriotismo. E Miami é fácil falar pois você se sente mais próximo do Brasil, a comunidade brasileira é grande.

Xaropinho em ação pelo Fort Lauderdale Strikers, time de Ronaldo.Arquivo pessoal/Divulgação

Como foi o reencontro com o Ronaldo?

Está sendo muito legal estar ao lado do Ronaldo novamente, nós tivemos um momento maravilhoso para o futebol do Brasileiro, na Copa do Mundo de 2002. Ele soube da possibilidade de eu vir para o Strikers e apostou na experiência que eu poderia oferecer.

Tua passagem pelo Atlético em 2011 foi conturbada. Fez poucas partidas e o clube acabou rebaixado ao final do ano para a Série B do Brasileiro. Ficou a decepção?

Queria muito voltar para o Atlético naquela época e fui com a esperança de alcançar o sucesso que tive em 2001. O Atlético estava com um bom elenco, mas coisas extracampo atrapalharam. Foi o momento mais triste de minha carreira. E não pude ajudar pois tive uma lesão no ombro que me tirou dos dois últimos meses do Brasileiro. Mais foi sensacional vestir a camisa do Furacão e não me arrependo. Tenho um carinho enorme pelo clube, minha vida foi lá e espero um dia voltar a sentir o carinho da torcida.

Você chegou a fazer campanha para a chapa CAPGigante nas eleições do Atlético, ano passado. Como vê o clube atualmente? Qual a sua relação com o Mario Celso Petraglia?

Fui convidado por pessoas que me seguem desde a minha chegada ao Atlético em 1998. Sei que eleições sempre são conturbadas. Não sei te dizer se fiz a coisa certa ou errada, mas posso garantir que foi de coração. Tenho muito a agradecer ao Petraglia por tudo que fez na melhor época da minha carreira.

Já com 36 anos, como você planeja o fim da carreira?

Quero terminar minha carreira em um grande momento e estou com certeza planejando algo inesquecível. Minha família também está se preparando para esse dia especial.

Quando você se machucou nos Estados Unidos chegou a assumir uma função de auxiliar-técnico. Pretende ser treinador?

Depois da minha lesão recebi o convite para ser auxiliar e despertou algo interessante. Aprendi coisas que quando você é jogador não consegue enxergar. Não posso garantir que serei treinador, mas estudo essa possibilidade.

Campeão brasileiro, campeão mundial, qual a avaliação que faz da tua história?

Tenho muito orgulho da minha carreira. Meu maior troféu é a minha história. Acredito que foi uma história construída com muita força, dedicação e humildade. Sempre tive bons exemplos e depois que construí minha família tudo isso se tornou muito mais sólido. Meus sonhos se tornaram os deles.

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