Paulo Baier se aposentou com 41 anos, jogando pelo modesto São Luiz, de Ijuí, clube de sua terra natal.| Foto: Daniel Isolani / Gazeta do Povo

A hora do adeus dos gramados do ex-atleticano Paulo Baier chegou. O Maestro fez sua última partida como profissional no último domingo (5), Aos 41 anos, pelo São Luiz, clube de sua cidade natal Ijuí, no Rio Grande do Sul.

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Paulo Baier iniciou e encerrou a carreira pelo clube da Segunda Divisão do gaúcho, mas o ex-meia revela que gostaria de ter aposentado com a camisa rubro-negra. Foram quase cinco anos – entre 2009 e 2013 – atuando pelo Furacão e 80 gols marcados.

Baier se tornou o segundo maior artilheiro da história do Brasileirão por pontos corridos, com 106 gols. Defendeu também na carreira clubes como Atlético-MG, Vasco, Criciúma, Goiás, Palmeiras, Sport e Juventude, mas não esconde o carinho especial pelo Atlético.

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Confira a entrevista:

Como foi parar de jogar depois de 21 anos de carreira?

Foi tudo tranquilo, normal. Eu me senti bem e com a sensação de dever cumprido. Para ser sincero achei que ia ser mais difícil. No dia seguinte, levantei da cama feliz; não foi algo triste. Eu também já estava me preparando para aposentar desde que voltei para o São Luiz. Difícil mesmo foi no começo da carreira. O salário era de R$ 300 e muitas vezes nem pagavam.

Era a sua intenção pendurar as chuteiras pelo São Luiz?

Não, o objetivo era ter encerrado [a carreira] no Atlético. Eu tinha muita identificação com o clube, com a torcida e a cidade. Não deu certo por causa desse cara aí que está na diretoria [Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo]. Então, decidi que seria legal eu terminar no São Luiz, onde comecei a carreira.

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Último momento de Paulo Baier como jogador profissional.  

Esse cara aí é o Mário Celso Petraglia? O que aconteceu?

Sim, é esse aí. Não gosto de ficar expondo essas situações. Eu tenho carinho muito grande pelo torcedor. O Atlético foi muito especial na minha vida.

Qual foi o momento mais marcante da sua passagem pelo Furacão?

Todos os momentos pelo Atlético foram marcantes. Ter jogado pelo Atlético foi especial demais. Foi o clube onde eu me senti muito bem desde o começo. Eu tinha prazer de trabalhar, de acordar cedo para ir treinar e, lógico, jogar.

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Por que você acha que se adaptou rapidamente ao Atlético?

O futebol é assim. Eu até tinha um contrato maior com o Sport, mas não deu certo lá e vim para Curitiba. Quando cheguei aqui, minha família se adaptou e foi muito bem recebida na cidade. Quem sabe eu não volto a morar em Curitiba. Deixei muitos amigos na cidade. É uma cidade maravilhosa, mas por enquanto vou ficar em Ijuí com a minha família.

Você espera alguma homenagem de despedida do Atlético?

Eu acho que tiver algo será feito pelo torcedor. Mas da direção eu acho que não. Agora é vida nova e vou me preparar para ser treinador. Só tenho de agradecer a todos os clubes que joguei.

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E os planos para a carreira como treinador?

Eu vou me preparar bem até o fim do ano. Vou fazer cursos e devagarzinho começar a procurar estágios para aprender. Começo agora no dia 25 até o dia 30 um curso aqui no Rio Grande do Sul.

Qual foi o melhor treinador que você teve na carreira?

É difícil elencar um, mas três foram marcantes. Geninho, no Goiás, em 2005; Tite, no Palmeiras, em 2006; e em especial o Vagner Mancini, no Atlético. Em 2013 nosso time era muito forte e encaixado. Era um time que quando os adversários vinham jogar contra a gente em casa o empate era lucro. Me lembro do meu gol 100 em Brasileiros [contra o Criciúma, fora de casa, na derrota por 2 a 1] que eu não ia jogar, seria poupado; Falei para o Mancini que queria viajar e ele me escalou. Foi um dos gols mais bonitos que fiz, lá do meio da rua. O Antônio Lopes [coordenador do Atlético na época] fez uma homenagem legal para mim e a torcida do Criciúma me aplaudiu. Até por isso voltei para lá.

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Você imaginava chegar com mais de 35 jogando em alto nível?

Não, mas eu me cuido e as coisas foram acontecendo. O futebol mudou muito. Acho que eu, o Alex, Zé Roberto, Juninho Pernambucano, Magno Alves, Alex Dias e outros atletas quebramos essa barreira que tinha antigamente de jogadores acima dos 30 e poucos anos não renderem em alto nível.

Você é alvo de muitas brincadeiras nas redes sociais pelo tempo que atuou como jogador. Isso te incomoda?

Não, se não for ofensivo eu levo na boa. O pessoal brinca bastante no Facebook, tem o pessoal do Desimpedidos que gosta de pegar no meu pé [risos]. Mas eu vejo até como uma forma de reconhecimento do meu trabalho.

No início você era chamado de Paulo César, mas quando você começou a ser chamado de Paulo Baier que sua carreira deslanchou. Por que mudou o nome?

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Eu fui para o Criciúma e já tinha outro Paulo César. Então tive que mudar para o Baier, que é meu sobrenome mesmo. Essa história eu sempre brinco: que o Paulo César era meia boca e o Paulo Baier é que era bom.