O grupo CAPGigante, liderado por Mario Celso Petraglia, pretende estender seu mandato à frente do Atlético por mais um ano. O pedido foi enviado por e-mail aos cerca de oito mil sócios votantes que podem comparecer à Assembleia Extraordinária do clube, marcada para hoje, das 10 horas às 19 horas, no Espaço VIP
da Arena da Baixada. A extensão é válida para os conselhos Deliberativo, Administrativo e Fiscal. O mandato do CAPGigante começou no início de 2012 e termina no dia 31 de dezembro deste ano.
A atual gestão justifica a importância do prolongamento do mandato para concluir a Arena da Baixada, finalizar o projeto de engenharia e viabilidade financeira da Areninha uma espécie de ginásio anexo ao estádio e, principalmente, o equacionamento das dívidas do clube. O texto ressalta que o projeto de reforma e ampliação do estádio foi mantido em R$ 330 milhões, mas não esclarece qual é o total da dívida atual e geral do Furacão.
"O principal objetivo é deixar o clube ajustado financeiramente para as próximas eleições, sendo vencedora a situação ou a oposição", explica a carta. De acordo com o documento, as dificuldades de fluxo de caixa foram geradas pelas dificuldades de liberação dos recursos financiados pelo clube e pela inflação.
Divergências
O sócio do Atlético e ex-vice-presidente do Conselho Deliberativo do clube, José Cid Campêlo Filho, é contra a extensão. Ele foi excluído do quadro de sócios em maio do ano passado, após denunciar que o filho de Petraglia, Mario Celso Keinert Petraglia, por meio da empresa Kango Brasil Ltda, foi escolhido como fornecedor de 43.981 unidades de assentos esportivos para o estádio, a um custo total de R$ 12,3 milhões. Apesar disso, conseguiu decisão liminar na justiça para manter-se como sócio.
"Acho que o período de mandato vai aumentar por uma espécie de tratoraço", ressaltou Campêlo. A expressão é cunhada em ações que aceleram as tramitações das votações impopulares na Assembleia Legislativa do Paraná. "Todos fazem o que ele quer", complementou.
Ainda de acordo com Campêlo, a carta enviada aos sócios é uma forma de pressão ao tentar mostrar que está tudo dando certo e se o grupo CAPGigante sair pode piorar. "Por que não partir para uma eleição normal? Não existe explicação lógica", questiona.
Para o advogado Henrique Gaede, um dos nomes cotados para liderar oposição nas próximas eleições do Atlético, programada para dezembro, a atual gestão deve obter mais um ano de administração para esclarecer qual a "real" situação do clube. "É quase como um mal necessário. É preciso dar respostas aos atleticanos", resumiu Gaede. Para ele, o associado ainda não tem o conhecimento detalhado da administração do clube e isso deverá ocorrer durante a prorrogação de mandato.
Ouvido pela Gazeta do Povo, o ex-vice de futebol do clube João Alfredo Costa Filho se posicionou a favor da prorrogação pelos mesmos aspectos de Gaede. "No momento é preciso dar continuidade. Não conhecemos o balanço geral das contas do Atlético", disse.
A reportagem procurou o Atlético para comentar o assunto, mas a assessoria de imprensa ressaltou que o clube não concede informações para a Gazeta do Povo.
Em entrevista à emissora de rádio oficial ontem, Petraglia afirmou que está subordinado à vontade dos associados. "Faremos as eleições no fim do ano se a maioria entender que não [a extensão]. Se serei ou não candidato, não vou entrar nessa história. Tudo ao seu tempo", disse o dirigente.
Colaborou: Gustavo Ribeiro
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