Foram quase 82 minutos de transmissão ao vivo, pela internet, de um jogo de futebol que nem sequer aconteceu. Polêmicas à parte, o Atletiba de domingo (19), na Arena da Baixada, não poderia ser melhor em termos de repercussão para Atlético e Coritiba.
A decisão de exibir o clássico no Youtube e no Facebook – os dois rivais não aceitaram a proposta da televisão – trouxe números significativos de audiência. E também a certeza de que a escolha foi acertada, apesar de um impasse com a Federação Paranaense de Futebol (FPF) manchar uma tarde histórica na Baixada.
“Estou fazendo um curso de futebol e, no sábado, um dos assuntos foi ‘meios alternativos de comunicação’. Tudo que era da tela grande está passando para a tela pequena. E um aspecto extremamente positivo disso é que esse Atletiba inaugurou esse modelo no Brasil”, comemora o presidente do Atlético, Luiz Sallim Emed.
O jogo que não aconteceu movimentou a internet. O pico de usuários únicos durante a transmissão foi de 148 mil – até o fim dessa segunda-feira (20) a quantidade de visualizações estava perto de meio milhão. No Twitter, o assunto entrou para a lista dos mais comentados.
O ganho também foi expressivo, por exemplo, na quantidade de inscritos nos canais dos clubes no Youtube. O Furacão aumentou em 80% sua base de assinantes, enquanto o Coxa registrou salto de 75%.
Agora, o Rubro-Negro tem cerca de 33,5 mil seguidores no canal de vídeos, aproximadamente cinco mil a menos do que o Alviverde. “Essa transmissão possibilita uma série de outras coisas. Identificamos possibilidade até de aumentar o faturamento, de ganho em comunicação, até de viralizar na internet”, ressalta o dirigente.
Apesar de comemorar a repercussão da transmissão, o Coritiba preferiu não se manifestar oficialmente sobre o assunto.
Televisão
Mesmo com tantos aspectos positivos, ainda é cedo para pensar que a exibição pela televisão deva ficar em segundo plano, ressalta o jornalista Erich Beting, editor do site Máquina do Esporte. “Os números mostram que é possível ter um caminho na web, mas sem comparar com a tevê, que já está consolidada, com um alcance bem maior. Não é possível abrir mão”, diz Beting, para quem a não realização do jogo pode ter pesado para o enorme sucesso do Atletiba pioneiro na internet. “O maior legado, vamos dizer assim, que esse evento deixa é mostrar quem é o dono do evento é o clube, não a federação”, completa.
Por enquanto, porém, o modelo do futebol nacional deixa poucas brechas para novas investidas como a da dupla Atletiba. Fora outros clássicos ainda no Estadual, os rivais estão de mãos atadas para repetir a dose no Brasileiro ou Copa do Brasil, por exemplo, já que há contratos firmados com a televisão.