O aplauso da torcida ao fim do jogo, sob gritos de Atlético, foi o reconhecimento de uma atuação muito maior do que o resultado. Após sair para o intervalo perdendo para o Vitória por 3 a 0, na Vila Capanema, o Furacão buscou o empate e teve duas chances para virar o jogo, com Róger e Everton. No fim, tomou dois gols e acabou derrotado por 5 a 3.
O resultado teve impacto nos números. Primeira derrota como mandante no Brasileiro. Primeira derrota em casa, com o time principal, desde o 1 a 0 para o São Caetano, em agosto do ano passado, em Paranaguá. A chance de chegar à vice-liderança foi perdida, bem como a terceira posição, agora do Grêmio. O líder Cruzeiro está a distantes 12 pontos.
Para a história, a derrota tira de ontem a condição de ficar marcado como o dia de uma das reações mais espetaculares do Atlético. Seria o jogo do Ziquita dessa geração. Quase foi o jogo do Éderson, autor de dois gols e uma assistência no intervalo de 12 minutos que o Furacão saiu da derrota para o empate e eletrizou os mais de 10 mil rubro-negros presentes.
"Gostei mais do primeiro, um gol de cabeça que subi bem e desviei. No segundo limpei bem para acertar o gol, algo que tento trabalhar bastante", analisou o artilheiro.
A separação entre resultado e reabilitação determinou o tom da análise atleticana para o jogo. "Reação espetacular", "jogo atípico" e "luta" foram termos recorrentes, em meio a agradecimentos ao torcedor e lamento pelo péssimo desempenho no primeiro tempo.
"Existem derrotas e derrotas no futebol, hoje nos ensinou muita coisa, saímos satisfeitos com o poder de reação do Atlético e chateados pelo ataque", resumiu Mancini.
O treinador sofreu sua segunda derrota no comando do Atlético. Buscará a reação contra o Grêmio, quarta-feira, em Porto Alegre, em jogo que vale a vice-liderança. Não contará com Marcelo, suspenso, mas terá a volta de Léo. Presente nos três últimos jogos, Paulo Baier possivelmente será poupado para a entrada de Fran Mérida, como na vitória sobre o Flamengo.
Uma virada improvável, que por pouco o Atlético não repetiu ontem. Uma partida que ficará na história pelo futebol, mas não pelo resultado.
"Eu não vou mudar aquilo que venho dizendo que o importante é somar pontos, isso nos dá a possibilidade de sonhar em todos os jogos. Nós temos condições de ir além, a torcida pode esperar a reação e a entrega. Os torcedores saíram de campo vendo que os jogadores honram a camisa que vestem", disse o treinador.
Duelo tático marca embate de treinadores na Vila Capanema
O 3 a 0 no intervalo refletiu o pior início de jogo do Atlético, na avaliação de Vagner Mancini. Sem compactação no meio de campo e errando muitos passes, o Furacão falhava na tentativa de pressionar o Vitória e permitia ao time baiano fazer um gol atrás do outro. Um cenário que começou a mudar ainda no primeiro tempo, com a substituição de Jonas por Róger, e seguiu no vestiário, com a troca de Pedro Botelho por Zezinho.
"Arrumamos taticamente a equipe [no intervalo], sabíamos que alguma coisa estava errada. Foi um diálogo franco. Voltamos para o segundo tempo sem os dois laterais e era necessário que a gente mostrasse a cada atleta a função dele em campo. Nos expusemos, mas a reação foi espetacular", analisou o treinador.
O Atlético perdeu fôlego para chegar à virada a partir das substituições de Ney Franco no segundo tempo. Na contramão da cartilha de técnicos de times pressionados, colocou mais dois atacantes em campo para tirar o Furacão da sua área. Foi a segunda intervenção precisa do ex-comandante atleticano, que no primeiro havia encaixado a marcação e encaminhado a vitória ao recuar o volante Luiz Gustavo para a zaga e soltar os laterais Juan deu uma assistência e Ayrton fez dois gols.
"Foi realmente um duelo tático porque o Ney, quando teve um jogador machucado, colocou mais um atacante. Saímos chateados, mas taticamente houve muita variação e quem veio ao estádio viu um belo jogo de futebol", resignou-se Mancini.
Deixe sua opinião