| Foto: Walter Alves/ Gazeta do Povo

Em junho, durante a parada do Brasileiro para a Copa das Confederações, o atleticano Éderson, 24 anos, passou dez dias em sua cidade natal, Pentecoste, no Ceará. Quando desceu do carro, na entrada do município de 35 mil habitantes, o atacante encontrou uma calorosa recepção feita por 300 alunos de escolas locais.

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"Isso foi agora nas férias. E ele nem tinha feito todos esses gols aí", ressalta o vigia Valdemir Rosa da Silva, o Marinho, pai do artilheiro do Nacional com dez gols.

O instinto goleador do pentecostense mais ilustre, que no último domingo marcou os dois gols responsáveis por colocar o Atlético no G4, na vitória sobre o Botafogo, não espanta ninguém pelas bandas do Norte cearense. Aliás, o que chega a estranhar foi o tempo que isso demorou a acontecer.

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Revelado pelo Ceará, Éderson detém o recorde estadual de gols nas categorias de base. Foram 74 em partidas oficiais, mas a estatística sobe para 92 se partidas amistosas forem consideradas. Sua fama é tão grande quanto a habilidade para balançar a rede.

"Teve uma vez que ele fez oito gols no mesmo dia. Jogou pela manhã no sub-17 e fez cinco. À tarde, entrou no segundo tempo pelo sub-20 e marcou mais três. Era de impressionar", relata Valdemar Patrão, atual supervisor de futebol do Ceará, na época coordenador da base do Vovô.

Isso foi em 2006. Em janeiro do ano seguinte, o jovem matador se transferiu para o Atlético. Sem custo. O clube paranaense pagou a transação com os empréstimos do zagueiro Juninho e do meia Jorge Henrique, no ano anterior, e ficou com 70% dos direitos federativos do atleta.

Mas até conseguir se provar na Série A, Éderson penou. Jogou na base do Furacão, foi emprestado de volta ao Ceará, onde lesionou o joelho e parou por um ano.

Em 2010 e 2011, voltou a marcar gols pelo ABC-RN, e se tornou ídolo da torcida. No ano passado, retornou ao Vovô, mas não deslanchou e encerrou a temporada pelo time de Natal.

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‘Caladinho’, como era conhecido no Ceará, Éderson cavou seu espaço no Atlético de Ricardo Drubscky. Até a Confederações, quase sempre como titular, marcou quatro gols. Com a chegada de Vagner Mancini foi para a reserva, mas segue afiado na pontaria.

"Ele é um menino muito bom. Ajuda muito a família e nem reclama da reserva. Ele fala que se está dando certo assim não tem por que reclamar", conta o pai, orgulhoso, e que passou a instalar a televisão na frente de casa em todos os jogos do Atlético.

Marinho ainda sonha com o dia em que o filho vai começar a fazer gols de falta no Atlético – segundo ele, uma especialidade – e chegar à seleção. "É inteligente. De três bolas, ele mete duas [na rede]. Se continuar fazendo gol, não tem como segurar", elogia.