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Fabiano Soares, presidente da Ultras, e Adilson Pereira, presidente da Os Fanáticos: aperto de mão simbólico. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Fabiano Soares, presidente da Ultras, e Adilson Pereira, presidente da Os Fanáticos: aperto de mão simbólico.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Donas de uma rivalidade marcada por extenso histórico de violência – e que já atingiu diretamente o clube –, as torcidas organizadas do Atlético, Os Fanáticos e Ultras, garantem que selaram um cessar fogo. Segundo os organizados, as negociações para a trégua começaram no período de eleições presidenciais do Furacão, em dezembro, e foram fechadas no início de 2016.

Vencedor do pleito, o presidente Luiz Sallim Emed elogia a declaração de paz. Mas admite o temor de que um episódio isolado dê fim ao armistício. “Vamos ter de acabar com esses conflitos. Se algum membro sair do prumo, que possam identificá-lo. Pedimos esse entendimento, mas o clube não participou do acordo”, explica.

São torcidas que vêm se digladiando através dos tempos. Ficamos na expectativa de que o acordo prospere. Agora, se não vingar, a polícia vai agir. Vamos separar o joio do trigo

Clóvis Galvão,delegado titular da Delegacia Móvel de Atendimento a Futebol e Eventos (Demafe), da Polícia Civil

Delegado titular da Delegacia Móvel de Atendimento a Futebol e Eventos (Demafe), da Polícia Civil, Clóvis Galvão reitera a postura de Sallim de que a trégua deve ser comprovada na prática. E garante: os organizados continuarão a ser observados de perto. “São torcidas que vêm se digladiando através dos tempos. Ficamos na expectativa de que o acordo prospere. Agora, se não vingar, a polícia vai agir. Vamos separar o joio do trigo”, reforça.

O evidente ceticismo das autoridades se explica pela série de conflitos envolvendo as duas uniformizadas. Um desses confrontos, inclusive, trouxe danos substanciais ao clube. Em 2013, um Atletiba realizado na Vila Capanema acabou em pancadaria rubro-negra. A violência custou dois mandos de campo ao Furacão.

Relembre episódios da violenta rivalidade entre Ultras e Os Fanáticos

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No segundo desses mandos perdidos, jogando contra o Vasco em Joinville, uma nova briga de torcedores, esta contra a Força Jovem, organizada do time carioca, rendeu novo castigo do STJD. O Rubro-Negro teve de atuar em cinco jogos fora da Arena e em outros quatro na Baixada com os portões fechados. Foram seis meses sem o apoio das arquibancadas.

As frequentes demonstrações de ódio intenso das duas facções também não ajudam a vender essa promessa de bandeira branca.

Essa aproximação era necessária faz tempo. Teve gente que não gostou e está afastada. Mas essa gente não nos interessa

Fabiano Soares, presidente da Ultras

Em jogos em Santa Catarina e Rio Grande do Sul– a Ultras está proibida de frequentar a Baixada desde 2011, com breve intervalo de exceção em 2015 –, a rixa levou ao cúmulo de o policiamento ter de promover a separação dos atleticanos dentro do estádio. E mesmo assim, não faltou confusão (leia ao lado).

O mais recente episódio de confronto entre as partes aconteceu em agosto de 2015. Após jogo com o Sport, na Baixada, um jovem ficou ferido em estado grave, com traumatismo craniano. Um integrante da Ultras, preso dois meses depois por causa do incidente, disparou: “a treta vai ser eterna, vai ter morte dos dois lados”.

Apesar do passado comprometedor e das ressalvas de Sallim e Galvão, os presidentes de ambas as facções garantem que o período de inimizade faz parte do passado. E, apesar de admitirem a dificuldade de monitorar seus integrantes, prometem que possíveis envolvidos em confusões serão afastados.

Há muito tempo a gente vem conversando com os membros mais antigos das torcidas e agora vamos somar. Já são muitos anos de violência

Adílson Pereira, presidente da Os Fanáticos

“Há muito tempo a gente vem conversando com os membros mais antigos das torcidas e agora vamos somar. Já são muitos anos de violência”, opina Adilson Pereira, presidente da Os Fanáticos. “Essa aproximação era necessária faz tempo. Teve gente que não gostou e está afastada. Mas essa gente não nos interessa”, reforça Fabiano Soares, número 1 da Ultras.

Na estreia do Atlético no Estadual, integrantes das organizadas viajaram pacificamente para acompanhar a vitória sobre o Operário, em Ponta Grossa. Já no triunfo sobre o Maringá, no Ecoestádio, faixas das torcidas foram vistas estendidas lado a lado.

Cena rara: faixas das torcidas organizadas Ultras e Os Fanáticos lado a lado no Ecoestádio, no jogo do Atlético contra o Maringá.Hugo Harada/Gazeta do Povo

Fundada em 1992, a Ultras surgiu como dissidência da Os Fanáticos, datada de 1977. Por causa do longo histórico de ódio entre as facções, desde 2011 a Ultras foi proibida pelo Atlético de entrar na Baixada. A batalha judicial pode terminar caso a trégua com a Os Fanáticos se confirme na prática.

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