A eleição no Atlético tirou do exílio o ex-presidente Marcos Malucelli. Afastado da Baixada há quase quatro anos, por vontade própria, o advogado vê-se envolvido na corrida por votos, como um nome que nenhuma chapa quer por perto.
Rejeição que Malucelli considera injustificada e desnecessária, já que não tem interesse algum no pleito de dezembro. “Não quero mais saber de futebol. Não estou em chapa nenhuma. Meu tempo de Atlético passou”, sentencia o ex-dirigente.
Eleito como candidato apoiado por Mario Celso Petraglia, atual presidente do Furacão, Malucelli dirigiu o clube de 2009 a 2011. Na última temporada a equipe acabou rebaixada para a Série B do Nacional.
O descenso é a “arma” dos situacionistas, liderados por Petraglia, na tentativa de relacionar Malucelli à chapa Atlético de Novo, de Henrique Gaede, candidato ao conselho deliberativo. Gaede integrou a gestão de Malucelli.
A Atlético de Novo, por sua vez, faz questão de ressaltar que não há qualquer ligação entre as duas partes. Não quer correr o risco de ser associada pela torcida ao principal fracasso esportivo do Rubro-Negro nos últimos anos.
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“Eu não me envergonho de ter participado da gestão em 2011, mas minha atividade era limitada, eu não estava ligado diretamente ao futebol. É uma estratégia eleitoral de quem está no poder”, comenta o advogado Henrique Gaede.
Há ainda uma terceira chapa, Democracia Coração Atleticano, do empresário Nadim Andraus e do ex-presidente José Carlos Farinhaki, apoiador. As três ainda não definiram os candidatos ao conselho administrativo.
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Repelido do processo, Malucelli está descontente. “Eu sou sócio do Atlético desde 1963, é claro que me entristece. Mas é por causa dessa paranoia do Petraglia comigo. O que eu vou fazer? O homem é doente”, desabafa Malucelli.
Apesar da distância das eleições, o advogado pretende votar. “A Câmara de Ética me excluiu do quadro de sócios, mas recorri e não foi julgado. Portanto, sou sócio. Vou votar, ainda não me decidi, mas será em chapa que não tenha o apoio do Petraglia”.
Sobre o “fardo” do rebaixamento nacional, Malucelli relativiza: “Não pode ser debitado apenas na conta do presidente, assim como o sucesso da administração toda, superavitária. Tudo era decidido pela diretoria”, comenta Malucelli.
O ex-presidente lembra ainda que o clube conquistou o último título em sua gestão, o Paranaense de 2009. “Em três anos tivemos ao menos uma conquista. A atual gestão, em quatro não teve nada, a não ser que o Torneio da Morte valha como título”.
Marcado pela queda, o iratiense iniciou a ascensão na hierarquia atleticana em momento de risco. Diretor do departamento jurídico, atendeu a um apelo de Petraglia para assumir o futebol em 2008, com o time ameaçado no Nacional. “Assumi o clube e ele ficou fora, não queria arcar com o ônus do rebaixamento, que era iminente. E não quis o Geninho de técnico. Apareceu no CT na véspera da vitória sobre o Flamengo [5 a 3], último jogo, quando nos salvamos”, diz Malucelli.
Mario Celso Petraglia foi procurado por telefone pela reportagem, mas desligou ao saber que era da Gazeta do Povo.