Nas últimas semanas, o desafio do balde do gelo, envolvendo várias celebridades, fez com que uma doença degenerativa incurável, a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), ganhasse visibilidade. A doença vitimou dois ídolos do Atlético. O volante polonês Krzysztof Nowak, jogador rubro-negro na década de 90, morreu em 2005 com apenas 29 anos, na Alemanha. O atacante Washington, da dupla com Assis, o Casal 20 dos anos 80, faleceu em maio deste ano aos 54 anos, em Curitiba.
A ELA se manifesta com uma paralisação progressiva dos músculos do corpo, provocando enrijecimento e enfraquecimento, causando limitações no dia a dia, como a perda de movimentos. As estatísticas de pessoas no Brasil com a doença são defasadas. Os últimos dados são de 1998 e apontam 15 mil pacientes. Não há uma causa conhecida única para a doença.
"Dentro do total de pessoas com a doença, 90% é esporádica e outros 10% familiar, alteração de um gene. Estatisticamente afeta mais homens entre 50 e 60 anos. Nos Estados Unidos, descobriram algo relacionado ao estresse com muitos veteranos de guerra e ex-atletas profissionais", explica a advogada Andreza Diafera, diretora da Associação Pró-Cura da ELA, uma das instituições que encabeçam a campanha do balde de gelo no Brasil.
O ex-atacante e atual vereador de Curitiba Paulo Rink conviveu com Nowak no Atlético e também na Alemanha - enquanto o polonês defendia o Wolfsburg, Rink defendia o Bayer Leverkusen. "Ele era um gentleman no nosso elenco. Participei do jogo de despedida para ajudá-lo. Era muito educado e soube conhecer a cultura brasileira, foi um grande amigo. Enfrentei-o na Alemanha e acompanhei quando descobriu a doença. Cheguei a vê-lo de cadeira de rodas", relembra o ex-camisa 11 atleticano.
Nowak descobriu a ELA em 2001 ao se sentir mal em um jogo do Wolfsburg. No ano seguinte, se aposentou dos gramados. A doença evoluiu rápido e em 2003 Nowak passou a se locomover de cadeira de rodas, vindo a falecer em 2005.
No caso de Washington, os primeiros sintomas vieram em 2006, ao sentir dores na cintura ao correr. As dores ficaram cada vez mais fortes e o diagnóstico veio em 2009. O centroavante viveu seus últimos anos em uma cadeira de rodas e, depois, em uma UTI montada em casa e bancada pela Unimed, patrocinadora do Fluminense, outro clube de que foi ídolo.
A campanha de conscientização da ELA começou nos Estados Unidos com os amigos de Pete Frates, um ex-jogador de beisebol universitário diagnosticado com a doença. O participante opta entre tomar um banho de gelo doando uma quantia menor ou doar uma quantia maior para entidades que pesquisam sobre a doença. Além disso, desafiam outras três pessoas.
Nos EUA, a campanha já passou dos US$ 62 milhões. No Brasil, a campanhao chegou há pouco mais de uma semana, quando o lateral-esquerdo Marcelo, do Real Madrid, desafiou o empresário e apresentador de tevê Luciano Huck.
A Associação Pró-Cura da ELA, principal associação do país dedicada ao atendimento de pessoas com a doença, arrecadou, até a manhã desta terça-feira (26), R$ 330 mil. Somado a outras duas entidades que tratam da mesma doença, o total chega a mais de R$ 400 mil. No total, mais de 2 milhões de vídeos foram gravados em todo o mundo.
"A nossa associação quer reverter primeiro aos pacientas, pois 90% deles são atendidos pelo SUS e é uma doença degenerativa que não segue o ritmo do sistema. Apoiamos a pesquisa, mas temos de manter pacientes vivos primeiro, pois muitos morrem por morosidade dos serviços de saúde", explica a diretora da associação.
Uma vitória, o movimento conquistou: o Ministério da Saúde anunciou recentemente uma verba de R$ 6 milhões para pesquisas com o intuito de melhorar qualidade de vida das pessoas com a doença e tentar descobrir uma cura.
Serviço: Para doar para a Associação Pró-Cura da ELA a conta é no banco Bradesco, CNPJ é 989.225.0001-88, a agência é 2962 e a conta corrente e 2988-2.
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