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Ruy Machado Filho, neto do ex-jogador do Inter Cândido Mäder, em frente à Baixada: comemoração a cada referência ao Alvinegro | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Ruy Machado Filho, neto do ex-jogador do Inter Cândido Mäder, em frente à Baixada: comemoração a cada referência ao Alvinegro| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

O Atlético tem muito o que comemorar hoje. Há exatos cem anos, o Internacional, que mais tarde (1924) se uniria ao América para dar origem ao Rubro-Negro, abria as portas. Mas vasculhar a história do antigo clube do Água Verde não é nada fácil.

Não há baús empoeirados e camisas carcomidas no resgate à trajetória do Inter, que vai de 1912 a 1924. Para quem mergulha na história de um dos times que balançava o "Quar­­teirão do Tigre" (apelido do estádio) no início do século XX, a impressão é de que se entra na zaga de uma equipe com a missão de deter um ataque fulminante. O tempo se apresenta como um jogador que à medida que avança deixa para trás o recheio da história.

Os relatos, raros, são guardados apenas por menções em livros e memórias familiares. Relembrar a data é praticamente armar um contra-ataque, afinal essa é a história do primeiro campeão paranaense de futebol, em 1915. Neste ano o time ganhou todas as partidas, teve o feito contestado e gerou ainda a primeira polêmica na história do esporte no estado (ver ao lado).

Da história, o ex-jogador Cândido Mäder, avô do atleticano Ruy Machado Filho, por exemplo, deixou ao neto apenas uma pista. "Uma vez estava na casa da minha avó, ela me mostrou um boton. Aí entrei em contato pela primeira vez com o Inter. Depois fui encontrando referências na internet, mas nada palpável", lamenta. Sempre que encontra um detalhe novo sobre a história do clube, Ruy comemora.

Dos gols marcados nas traves da Curitiba do início do século, se sabe que as peladas começaram a ocupar de uma hora para outra boa parte do zum-zum-zum que ia do Alto da Glória até a baixada do Água Verde. O que chegou meio por acaso na capital do Paraná passou a ser a "coqueluche dos curitibanos", como definem os historiadores Heriberto Ivan Machado e Levi Mulford Chrestenzen no livro "Futebol do Paraná: 100 anos de história".

A epidemia das bolas rolando pelas várzeas foi iniciada pelo professor Victor Ferreira do Amaral. Ao passar pela Rua do Ouvidor, no Rio, viu a pelota dando sopa e decidiu comprar. O objeto vinha acompanhado com um livro das regras do jogo. O esporte pipocou e logo havia vários times, inclusive o Internacional, fundado em 22 de maio de 1912.

"O que meu pai me falava é que o meu avô, o Joaquim Américo, gostou do tal do futebol e sei que eles montaram o time. Não só um time, um time da elite paranaense. Os outros eram de várzea, de praças, e ele fundou o Internacional dentro do Jockey Club", recorda uma das netas de Américo, Gilda Guimarães.

Ainda de acordo com o livro, o Inter foi o primeiro time do Paraná a construir um estádio com arquibancadas cobertas. O curioso é que para a manutenção do campo, na baixada do Água Verde, os cavalos de Joaquim Américo garantiram por mais de uma vez espaço para os torcedores nos jogos. "Às vezes faltava arquibancada para a torcida e meu avô vendia seus cavalos para construir outras", relata a irmã de Gilda, Regina Guimarães.

Claro, no mosaico das histórias raras do Inter não poderia faltar alguns hematomas. O professor Sérgio Siqueira, neto do ex-jogador Arnaldo Loureiro de Siqueira, guarda a imagem do avô com as canelas roxas por um recurso diferente disponível no futebol na época. "Se o goleiro não repusesse a bola rápido, o atacante tinha o direito de trombar com ele", diverte-se. Mesmo assim, parece que o ataque de antigamente era mais fácil de driblar do que o que avança sobre a história do centenário Internacional de Curitiba.

Colaborou: João Carlos Fadino.

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