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João Alfredo Costa Filho lidera chapa de oposição no Atlético. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
João Alfredo Costa Filho lidera chapa de oposição no Atlético.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

João Alfredo Costa Filho é o candidato à presidência do Conselho Administrativo do Atlético pela chapa de oposição, Atlético de Novo. Aos 65 anos, o empresário foi diretor de futebol do clube entre 2012 e 2013. “Vamos dar um corte na ditadura, nas pessoas prepotentes e mentirosas”, sentencia Costa Filho.

ENQUETE: quem vai vencer a eleição do Atlético?

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As eleições no Rubro-Negro estão marcadas para o dia 12 deste mês. Completa a chapa de oposição o advogado Henrique Gaede, candidato ao Deliberativo. O atual presidente do clube, Mario Celso Petraglia, concorre ao Deliberativo pela CAPGigante, de situação, e o médico Luiz Sallim Emed, vice-presidente, é o postulante ao Administrativo.

Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, Costa Filho aborda os principais temas relativos ao Atlético. Trata de política, patrimônio, finanças, gestão, futebol, atleticanismo e garante: “Podem ter certeza que os torcedores vão voltar a sorrir e o cinza que hoje existe vai deixar de existir”. Confira.

VÍDEO: assista aos principais trechos da entrevista com João Alfredo Costa Filho

POLÍTICA

Mario Celso Petraglia acusou o senhor de buscar vantagens no Atlético. Disse que o senhor saiu do clube por querer alugar ambulâncias para o clube. O que tem a dizer sobre isso?

Fico muito à vontade para falar. Até quero mostrar, que tenho na pasta, um contrato insignificante. Para não dizer que era de graça [Nota da edição: o serviço completo de ambulância foi prestado por 21 jogos do Atlético, em Curitiba, pelo valor de R$ 815, por ambulância e por partida]. A empresa é da minha esposa [Plus Santé Emergências Médicas Ltda]. Mas pergunto a você, cobrar algo insignificante ou privilegiar cinco pessoas da família? Eu tenho as mãos limpas, sou do bem. Ele [Petraglia] administra como se fosse o fundo do quintal da casa dele. Pode ter certeza que vai responder nas auditorias que vamos fazer.

Quais papéis terão o empresário Nadim Andraus e o ex-jogador Paulo Rink na gestão? Os dois eram de outras chapas e aceitaram compor com a Atlético de Novo.

Não terão papel nenhum. Teremos um bom relacionamento, mas não nos pediram nada. Isso não quer dizer que as portas serão fechadas.

A sua primeira passagem como diretor do clube foi cheia de idas e vindas. O que ocorreu?

Deixei o clube porque não concordava com a maneira de as pessoas administrarem. Entrei e fiz meu papel, muito bem feito, me orgulho de ter ajudado o time do meu coração na volta à Primeira Divisão. Fiz sozinho, porque o atual presidente abandonou e foi viajar, nunca sequer foi em um jogo com o time fora de Curitiba. Eu voltei porque foram na minha casa pedir e implorar pela minha volta. E dois meses depois saí porque não concordo com atitudes e maneiras de administrar o clube. Tem que ser transparente.

Por que o Petraglia não deve continuar no Atlético?

Não deve continuar porque não gosta de futebol, não entende de futebol. Somos mais de dois milhões [de atleticanos] nesse Brasil e pelo mundo. Ele gosta de fazer negociatas e o Atlético não pode servir de trampolim. Tem que dar satisfação, sim, ao conselho, tem que provocar o conselho para decidir as coisas. E hoje o Atlético é de uma pessoa, mas não vai ser mais. A partir do dia 12 vamos cortar a ditadura que hoje impera.

O Petraglia está há 20 anos no Atlético, com exceção do período 2009 a 2011. O que o senhor acha que foi positivo no trabalho dele?

Tem uma folha de coisas boas, mas tem cinco de coisas ruins. Ele não foi bom para o Atlético.

FUTEBOL

Quais títulos o Atlético vai buscar na sua gestão?

Eu não prometo. Fui eu – não gosto de usar a primeira pessoa – mas fui eu quem levou o Atlético para a Primeira Divisão. Tomei pé das coisas e tivemos sucesso. Nós vamos fazer um levantamento de tudo, planejar e o que eu posso dizer para a torcida é que fique tranquila: vamos montar um time que possa competir. Não adianta prometer algo sem antes assumir o clube, mas acredito que nossa prioridade seja o Campeonato Estadual. [Nota da edição: posteriormente, o candidato alertou que se expressou mal, e que o Atlético busca inicialmente o título do Paranaense, mas brigará pelas outras taças].

O senhor defende teto salarial para jogador e técnico? Haverá um limite de gastos para contratações?

Não vamos fazer loucura, não é o meu perfil contratar jogadores acima de um teto. A partir do dia 12 teremos um planejamento mais agressivo. Vamos vencer as eleições e fazer com que os jogadores não tenham um teto salarial muito alto. Teremos um pouco mais de cautela no primeiro ano.

“Hoje o Atlético é de uma pessoa, mas não vai ser mais. A partir do dia 12 vamos cortar a ditadura que hoje impera”

Pretendem contratar um diretor remunerado para o futebol?

Sim, nós vamos contratar um diretor remunerado, estamos trabalhando por isso, mas no momento não é oportuno anunciar. É importante ter um profissional da área, com reconhecimento, para ajudar o Atlético.

FINANÇAS

O Atlético tem um patrimônio de mais de R$ 500 milhões, com receitas anuais superiores a R$ 100 milhões. O senhor está preparado para gerir tudo isso?

Somos um grupo de conselheiros e fica fácil dividir as coisas. Vamos destinar 80% da receita para o futebol e os outros 20% ficam para a administração. Temos que verificar qual a situação do clube. Hoje não sabemos porque é totalmente fechado. Fica difícil fazer uma avaliação de qual o tamanho da dívida, mas pode ter certeza que vamos honrar os compromissos que o Atlético assumiu.

Qual a ideia da chapa sobre o acordo tripartite com governo do Estado e prefeitura de Curitibaque viabilizou a realização da Copa do Mundo. Deve-se contemplar os R$ 184 milhões do primeiro orçamento ou os R$ 346 milhões do último?

Vamos brigar pelos R$ 346 milhões, ver de que maneira equacionar e dar continuidade nisso. Vamos conversar para ver a maneira mais viável para resolver a questão.

Costa Filho ao lado de Henrique Gaede, candidato ao Conselho Deliberativo.Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

PATRIMÔNIO

O senhor concorda com as críticas de que a Arena é cinza, que não tem as cores do clube?

Infelizmente, concordo. Mas quero dizer que não é só a Arena que está cinza. O coração atleticano está cinza. A torcida está triste. Somos um time totalmente antipático no Brasil. Posso dizer que esse cinza, a nuvem que tem sobre o Atlético, a partir do dia 12 não vai mais existir. Vamos transformar o Atlético. Hoje, mesmo nas vitórias, as pessoas estão cabisbaixas, não há mais aquela alegria, porque hoje o Atlético está direcionado para outras coisas que não o futebol. E o Atlético é uma instituição de quase 100 anos, dedicada ao futebol, e não a shows.

Qual o plano da chapa sobre o aproveitamento da Arena como estádio multiuso?

Não somos contra o multiuso, mas temos uma visão diferente. Não precisamos explorar os shows. Precisamos e podemos alugar o espaço. O Atlético é futebol e temos que canalizar nossas forças nisso. Hoje, infelizmente, o futebol é segundo plano.

O senhor pretende encampar a construção da Areninha?

Existem vários projetos, estudos, que eu diria que vamos pensar, mas evidentemente estaremos abertos a conversações e parceiros que queiram conversar.

O médico Luiz Sallim Emed, vice-presidente do Atlético e candidato da chapa CAPGigante ao Conselho Administrativo, concederá entrevista nesta quinta-feira (3), nos mesmos moldes da realizada com a oposição. O material será publicado no site da Gazeta do Povo no fim da noite.

GESTÃO

Como será o relacionamento com as organizadas?

Vamos ser presidentes de uma instituição. Todos têm a liberdade de escolher e nós teremos um bom relacionamento com todos os torcedores, independentemente de qualquer coisa. Não podemos ver quem apoiou ou quem deixou de apoiar. Todos serão bem vindos, todos terão o nosso respeito.

“O coração atleticano está cinza. A torcida está triste. Somos um time totalmente antipático no Brasil. Posso dizer que esse cinza, a nuvem que tem sobre o Atlético, a partir do dia 12 não vai mais existir”

Haverá abertura para a imprensa?

Vamos dar um corte na ditadura, nas pessoas prepotentes e mentirosas. Vocês vão ter acesso, evidentemente vamos estabelecer junto com o departamento de marketing. Mas os senhores vão poder entrevistar os jogadores, os técnicos. Serão respeitados, sim.

ATLETICANISMO

Como o senhor se tornou atleticano?

Sou de Ibaiti e vim em 1967 para Curitiba para jogar futebol, vim para o Britânia e conheci o Joffre Cabral. Foi um dos maiores presidentes que o Atlético teve e passei a gostar. Não tive problema de identificação, porque o time da minha cidade é rubro-negro. Tenho uma história no Atlético. Em 1980 fui diretor do presidente Milton Isfer. Sempre fui conselheiro, sempre estive envolvido e sempre do lado do bem.

Qual o seu principal ídolo no Atlético?

Temos tantos, mas tenho carinho e admiração pelo Sicupira. Washington, Assis, Caju, todos eles tiveram sua importância. Temos que respeitá-los.

“Não precisamos explorar os shows. Precisamos e podemos alugar o espaço. O Atlético é futebol e temos que canalizar nossas forças nisso”

Qual vitória do Atlético é inesquecível para você?

Uma vitória por 4 a 3 sobre o Coritiba [1971, Paranaense], nosso coirmão. Estávamos perdendo e viramos para 4 a 3. Mais de 60 mil pessoas. E outra por 2 a 0 contra o Flamengo, que precisávamos ganhar de três [1983, Brasileiro].

E sua maior tristeza com o Atlético?

É ter apoiado uma pessoa que não deveria. Eu me arrependo. Foi a maior tristeza de ter lutado para que ele fosse presidente. Pensei que iria fazer algo pelo futebol, mas não fez.

Qual a sua mensagem para ao sócio que vai às urnas?

Quero pedir aos associados que lembrem que dia 12 temos que votar com alegria, votar com respeito, não podemos mais deixar o futebol em segundo, terceiro plano. Esse é o momento de dar o voto de confiança, não só para esse presidente, mas para o Gaede [candidato à presidente do Conselho Deliberativo], e todo grupo gestor. Podem ter certeza que vão voltar a sorrir e o cinza que hoje existe vai deixar de existir. Confio em vocês, conto com vocês. Atlético, Atlético, Atlético.

“Vamos dar um corte na ditadura no Atlético”, diz João Alfredo, candidato da oposição

A Gazeta do Povo sabatinou João Alfredo Costa Filho, candidato à presidência do Conselho Administrativo do Atlético pela chapa Atlético de Novo. Na conversa, o representante da oposição responde sobre futebol, política, gestão, patrimônio, finanças etc. As eleições serão dia 12 de dezembro.

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