Pioneirismo
A história da Baixada começou há mais de um século. Em maio de 1912, Joaquim Américo Guimarães, dirigente do Internacional, alugou da família Hauer uma chácara para abrigar a sede do novo clube e primeiro estádio de futebol do Paraná. O plano virou realidade em 1914 com a construção de uma pequena arquibancada de madeira na "baixada do arrabalde do Água Verde". Administrador e desportista destacado, Joaquim Américo enxergava na edificação um trunfo para amealhar adeptos em um cenário futebolístico ainda incipiente e precário. Já utilizada para confrontos locais, a praça esportiva foi inaugurada oficialmente em 6 de setembro de 1914. O Flamengo foi o adversário do Internacional e aplicou 7 a 1 na representação curitibana diante de um público de cerca de 3 mil pessoas. Joaquim Américo acabou falecendo com apenas 38 anos, em 1917. Sete anos mais tarde, o Internacional fundiu-se com o América, outro clube local, originando o Atlético. O Rubro-Negro assumiu o patrimônio e logo prorrogou o aluguel da área por cinco anos.
Seis décadas de aperto
A segunda fase do estádio é a mais duradoura. Pode ser contada da fundação do Atlético, em 1924, até 14 julho de 1986, data do último jogo do Furacão em casa, empate por 0 a 0 com o Cascavel. Foram 62 anos até a mudança para o Pinheirão. O Rubro-Negro obteve a posse do terreno somente no início da década de 30, ao trocar por uma área no Juvevê, recebida como doação de Afonso Camargo, presidente do Estado, como se chamava o título de governador na época. Como forma de homenagem, o batismo de Estádio Joaquim Américo. Em 1937 veio a primeira grande transformação, com a construção das arquibancadas de concreto. Somente 30 anos depois nova obra de porte: mais degraus para a torcida, alambrados e vestiários novos. Até que, em 1980, foi instalado o sistema de iluminação. Neste período, as bancadas de tijolos aparentes eram uma das marcas principais da apelidada Baixada. "Sempre foi tudo muito simples e acanhado, o que favorecia a participação da torcida", relembra Jackson Nascimento, meia do célebre Furacão de 1949.
Volta para o velho lar
A troca da Baixada pelo Pinheirão fez mal à torcida do Atlético. Localizada no Tarumã, a propriedade da Federação Paranaense de Futebol (FPF) era considerada à época "gelada" e distante do centro. A presença do público nos jogos do Rubro-Negro despencou. A insatisfação geral motivou José Carlos Farinhaque, então presidente do Furacão, a encampar o retorno para o Joaquim Américo, na ocasião abandonado como estádio, útil apenas para treinos. Em dois anos, contando com a colaboração de torcedores ilustres, como o ex-governador Ney Braga, a praça esportiva foi reformulada, ganhando novas sociais e um tobogã na curva dos fundos, capaz de receber cerca de 20 mil pessoas. A reinauguração ocorreu dia 22 de maio de 1994, com a vitória por 1 a 0 sobre o Flamengo, em amistoso. Em 1996, já sob a gestão do grupo liderado por Mario Celso Petraglia, foi preciso instalar arquibancadas metálicas na entrada (com a demolição do antigo ginásio) e nos fundos. "A Baixada ficou pequena para tanta empolgação dos atleticanos com a nova fase", recorda Paulo Rink, ex-atacante do Rubro-Negro, hoje vereador (PPS).
Arena: novo conceito
Como fórmula para atingir um novo patamar no cenário da bola, o Atlético tomou uma atitude drástica. Em 1997 demoliu a velha Baixada prometendo erguer no lugar um estádio conforme o conceito europeu de "arena" e capaz de receber "multi-eventos". Para tanto, contou com a ajuda das negociações de Paulo Rink e Oséas, dois dos atacantes mais valorizados do futebol nacional no período. O empreendimento custou em torno de US$ 35 milhões na época. Foram necessários dois anos de obra para um novo retorno para casa, considerada a mais moderna da América Latina, status que ostentou até a abertura do Engenhão, no Rio de Janeiro, em 2007. A inauguração aconteceu no dia 24 de junho de 1999, com a vitória por 2 a 1 sobre o Cerro Porteño-PAR. A nova capacidade era de 32 mil espectadores. O nome de Estádio Joaquim Américo foi mantido, mas a praça esportiva passou a ser conhecida por Arena da Baixada. "Continuou com a arquibancada muito perto do campo, como era antigamente e bem diferente de quase todos os campos no Brasil. O barulho da torcida era enorme", rememora Gustavo Caiche, zagueiro campeão brasileiro com o clube em 2001.
Arena de Copa do Mundo
Cerca de dois anos e meio foram necessários para transformar a Arena inaugurada em 1999 em sua nova versão, palco do Mundial de 2014 da sede paranaense, para quase 42 mil pessoas. Não faltaram problemas, atrasos e preocupação sobre o futuro do estádio, que chegou a ser ameaçado de ser cortado da festa da bola. E o orçamento explodiu, alcançando R$ 330 milhões, montante dividido entre o Atlético, a prefeitura de Curitiba e o governo do Paraná. Após dois jogos-testes do Furacão (contra J. Malucelli e Corinthians), finalmente o Joaquim Américo foi reaberto no Mundial, no empate em 0 a 0 entre Irã e Nigéria outros três jogos da competição foram disputados no local. Com a punição de perda de mando de campo recebida no Brasileiro 2013, por causa da selvageria em Joinville, o torcedor atleticano teve de esperar ainda mais para voltar para casa. O time retornou antes e já realizou quatro jogos sem público. O tão aguardado reencontro dos rubro-negros com sua casa acontece na próxima quarta-feira (3/9), diante do América-RN, pela Copa do Brasil.
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