Quem se aproxima desavisado do Erico Galeano, em Capiatá, região metropolitana de Assunção, no Paraguai, não poderia imaginar que o acanhado estádio está prestes a receber uma partida da mais importante competição da América do Sul, com prestígio e milhões de dólares em jogo.
Uma praça esportiva em zona rural, com estruturas extremamente simples: além da equipe do Deportivo Capiatá, é este cenário que o Atlético enfrentará na noite de quarta-feira (22), na partida de volta da terceira fase da Libertadores. Um portão de ferro, quase sempre aberto, é o que separa o estádio da pequena rua que lhe confere acesso.
No complexo há três campos auxiliares, além do piso principal, onde o time comandado por Diego Gavilán manda seus duelos. Ainda nesta terça-feira (21), além de uma enxuta equipe de limpeza trabalhando, dois funcionários pintavam e marcavam manualmente as faixas brancas no gramado do palco da partida e soldavam partes do ferro dos bancos de reserva. Operação realizada com carinho, mas que beira o amadorismo. Um contraste com o futebol moderno.
O vestiário que o Furacão utilizará é amplo, porém de uma simplicidade que relembra a maioria dos estádios de times do interior paranaense e até mesmo algumas das casas da Suburbana de Curitiba. O caminho que leva ao campo, por sua vez, é quase claustrofóbico: apenas cinco metros de um corredor estreito, muito próximo da torcida, separarão os atleticanos do palco do duelo.
O local em que o Atlético estacionará seu ônibus no dia da partida poderá alguns dos jogadores relembrar de seus inícios de carreira, em clubes menores ou amadores. O “estacionamento” fica separado apenas por uma grade de arame de pequenas casas rurais repletas de galos, porcos e outros animais. A partir daí, uma caminhada por debaixo das arquibancadas, em ambiente úmido e escuro, até o vestiário.
Na manhã desta terça, era possível visitar os vestiários, subir as arquibancadas e até mesmo caminhar pelo campo de jogo. Alguns policiais faziam a segurança do local, mas aparentavam total despreocupação com a presença dos poucos torcedores, curiosos e membros da imprensa paranaense.
Com capacidade para cerca de 15 mil pessoas, o Erico Galeano promete se transformar num pequeno inferno para o Furacão no dia do jogo, com seus quatro lances de arquibancada em formato quadrangular. O estádio foi construído em 2009, apenas um ano depois da fundação do Deportivo Capiatá e, em alguns aspectos, ainda aparenta estar em construção.
Confiança
Apesar do panorama de simplicidade, basta conversar com alguns poucos funcionários e torcedores para perceber uma amostra do que o Atlético enfrentará contra o Deportivo Capiatá, pela terceira fase da Libertadores.
O estado semibruto das instalações físicas do jovem clube contrasta com a força de vontade e orgulho dos locais. Sentimento que certamente será transportado para dentro de campo pelos comandados do técnico Diego Gavilán, que na partida de ida, na moderna Baixada, arrancaram empate por 3 a 3 contra o time de Paulo Autuori.
“Todos aqui são muito amáveis, desde os diretores, até os jogadores, que são amores de pessoa”, conta Julia Maldonado, 49 anos. Ela lidera a pequena equipe familiar que faz a limpeza da praça esportiva antes dos jogos. Os olhos dela transbordam quando fala do clube. “É um orgulho para todos da cidade, quase nem podemos acreditar. Uma participação dessas...”, comenta, para depois arriscar, sem medo: 2 a 0 Capiatá no jogo de volta.
O interior é aqui
Capiatá fica situada na região metropolitana de Assunção, mas poderia facilmente estar em algum ponto do interior do Paraná. No entorno do estádio, predominam os sons rurais dos galos e porcos de criação, assim como da música tradicional local, algo próxima do sertanejo de raiz brasileiro.
Nas ruas, sob o forte calor e por sobre a terra vermelha, as pessoas caminham tranquilamente, sem pressa, bebericando o sempre presente tereré, bebida típica feita com a infusão da erva-mate. Amanhã, entretanto, este clima tranquilo promete mudar. A expectativa é de casa cheia. As bilheterias na manhã desta terça, porém, estavam ainda vazias.
São Caetano do Paraguai
Enquanto em Capiatá é possível ver torcedores com a camisa auriazul aqui e ali, em Assunção, capital do país, a jovem equipe é tratada como o segundo clube de grande parte dos paraguaios, que em sua maioria torcem para os tradicionais Olimpia e Cerro Porteño, mas acabaram simpatizando com os feitos do pequeno e humilde Deportivo Capiatá. Uma espécie de São Caetano do Brasil dos anos 2000.
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