Nas redes sociais, Adriano promete continuar a carreira| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Opinião

Quem será o próximo a estender a mão para o teimoso Adriano?

Carlos Eduardo Vicelli, editor-assistente de Esportes

O que dizer de mais um melancólico adeus de Adriano? Lembro bem que tão logo esboçou uma união com o Atlético, escrevi que se tivesse um pouquinho de boa vontade e perseverança, seria em pouco tempo o melhor centroavante do Brasil, um posto que jamais deveria ter deixado vago. Quem sabe até deixando um pulguinha atrás da orelha do Felipão.

Pois é, errei feio. Adriano veio, viu, fez um mísero gol, curtiu a noite curitibana e arrumou as malas para o seu Rio de Janeiro amado (e quem não gosta?).

Nas mídias sociais avisa que dará continuidade à carreira. Tchau, tô fora. Não quero mais me fiar na esperança vã de reencontrar o velho e bom Imperador, aquele capaz de acabar com a Argentina com seu potente chute de pé esquerdo. Esse não existe mais.

Adriano é da noite, é da vida. É um ex-jogador traumatizado, repleto de pesadelos e sem coragem para pendurar as chuteiras. Mas sempre terá alguém para lhe estender a mão. Quem será o próximo? Eu passo.

CARREGANDO :)

271 minutos

Precisando recuperar a forma, Adriano entrou pouco em campo. Foram apenas 271 minutos e duas partidas como titular – pelo sub-23, na semifinal estadual, e na eliminação da Libertadores, diante do The Strongest.

130 dias

Entre o início dos trabalhos do Imperador no CT do Caju, no início de dezembro, ainda sem contrato, até a despedida oficializada ontem, o atacante manteve uma relação de cerca de quatro meses com o Atlético.

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Desmoronou o império de Adriano no Atlético. Atacante e clube acertaram a rescisão do contrato assinado até o fim de 2014 ontem à tarde. Foram apenas 130 dias do Imperador como jogador do Rubro-Negro.

De acordo com a versão oficial, estava combinada uma revisão do vínculo quando o Furacão deixasse a Libertadores, o que ocorreu no revés diante do The Strongest-BOL, na terça-feira. Ninguém imaginava que a relação chegaria tão desgastada.

Da parte da diretoria atleticana, pesou a "falta de comprometimento" de Adriano. Na quinta-feira, o atleta não apareceu na reapresentação do elenco. Ontem, foi flagrado de madrugada no show da cantora Anitta, em Curitiba, e novamente não treinou.

Quando da elaboração do contrato – salário de R$ 100 mil mais bônus relacionados a participações nas partidas, gols, venda de camisas e patrocínios – o clube se resguardou prevendo a rescisão em caso de "mau comportamento".

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Fontes ligadas ao atleta alegam que Adriano estava de folga. E que também teve os seus motivos para interromper a breve relação. A começar por uma proposta do futebol dos Estados Unidos surgida nos últimos dias.

Outras duas razões, relacionadas ao gramado, justificaram a disposição do Imperador. A perda da vitrine internacional, com a saída do Atlético da Libertadores, e a convivência difícil com o técnico Miguel Ángel Portugal.

Desde que assinou contrato com o Rubro-Negro, dia 11 de fevereiro, o atacante e o treinador travaram uma "guerra fria" pela escalação no time titular. O espanhol segurou o quanto pôde a participação de Adriano, por entender que ainda era cedo para aproveitar alguém que havia jogado pela última vez em março de 2012, pelo Corinthians.

A primeira chance veio contra o The Strongest, a cinco minutos do término da vitória atleticana por 1 a 0. O suficiente para o delírio da torcida atleticana na Vila Capanema. A oportunidade seguinte também ocorreu no finalzinho. O Vélez Sarsfield vencia o Atlético por 2 a 0, em Buenos Aires, quando Portugal chamou Adriano. O camisa 30 reclamou, mas entrou.

A partir daí, uma presença maior passou a ser costurada nos bastidores. A pressão surtiu efeito e o Imperador estreou como titular no amistoso-teste da Arena. Depois, jogou toda a semifinal diante do Londrina – derrota do sub-23 por 4 a 1 e a eliminação no Paranaense.

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Na altitude de La Paz, fez a sua última partida e marcou o único gol com a camisa atleticana. Ao todo, foram 271 minutos jogados. "Minha passagem pelo time foi muito gratificante. Agora vamos dar sequência no que mais gosto de fazer, jogar bola! O objetivo da minha ida ao clube foi cumprido e hoje estou de volta aos campos", declarou Adriano, em seus perfis no Twitter e no Facebook.

Isso é Imperador

O curto período de Adriano na Baixada:

3 dez – Adriano começa a trabalhar no CT do Caju.

8 dez – vai ao jogo entre Atlético e Vasco, em Joinville.

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28 jan – não se reapresenta após folga no Rio.

30 jan – após uma semana de folga, volta ao Atlético.

11 fev – assina contrato de um ano com o Atlético.

12 fev – é inscrito na Libertadores com a camisa 30, a mesma de Paulo Baier.

13 fev – Sem jogar desde março de 2012, Imperador entra nos minutos finais da partida contra o The Strongest.

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25 fev – entra aos 36/2º, quando o Vélez vencia por 2 a 0, e reclama do técnico: "Agora!"

4 mar – treina durante todo o carnaval em Curitiba.

9 mar – com lombalgia, jogador é vetado dos jogos.

19 mar – com dores na coxa, segue de fora do time.

29 mar – titular pela 1ª vez, joga 61 minutos na reabertura da Arena. Amistoso sem gols com o J. Malucelli.

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1º abr – clube confirma que jogador, enfim, será titular em partida oficial: enfrenta o Londrina, no Café.

8 abr – titular contra o The Strongest, marca um gol.

11 abr – Um dia após ser flagrado no show da cantora Anitta, entra em acordo e deixa Atlético.