Era uma decisão. Em campo, o anfitrião Deportivo Capiatá e o visitante Atlético duelavam por uma vaga na fase nobre da Libertadores. Nas arquibancadas do acanhado Estádio Erico Segovia, porém, o clima era de festa do interior. Tranquila. Sob o som da polca paraguaia, os torcedores da equipe local comiam pipoca e chipas – salgado de milho típico do país – enquanto observavam os jogadores do modesto clube fundado em 2008 fracassarem na tentativa de surpreender o Furacão.
O cenário pacífico teve apenas um momento de trégua. E dos mais lamentáveis. Quando o árbitro argentino Néstor Pitana apitou o fim do encontro, decretando o fim do sonho paraguaio, uma parte da plateia esqueceu os bons modos ao destilar toda a frustração pelo fracasso em cima dos jogadores paranaenses. Sobrou agressividade. O elenco atleticano denunciou atos racistas da torcida da casa e foi alvo de objetos atirados das arquibancadas, inclusive uma cadeira arrancada pelos rivais. A polícia teve de intervir.
Foi um lapso. Não demorou muito para os cerca de 50 torcedores do Furacão calarem os mandantes com cantos e gritos de guerra. Som ambiente bem mais próximo ao que se esperava de um confronto pela sobrevivência na competição mais importante da América do Sul.
PLANEJAMENTO: Autuori destaca “sofrimento” como trunfo para a evolução do Atlético
Casos de racismo revoltam jogadores do Atlético após triunfo no Paraguai
Leia a matéria completaPassado o ataque de fúria, o clima de confraternização voltou a imperar na pequena Capiatá. Torcedores rivais aguardaram a saída do elenco do Atlético para tietar e tirar fotos com os jogadores, que os atenderam solicitamente.
Na fase anterior, contra o Millonarios, da Colômbia, o Atlético já havia experimentado um clima de irmandade sem igual entre as torcidas. Nada de brigas. Muita confraternização e troca de favores. No Paraguai, a amizade não se repetiu com a mesma intensidade, mas a paz se repetiu. A Libertadores, entretanto, está só começando para o Furacão.