O setor de visitante do Beira-Rio estava dividido em três no último domingo (23), na partida entre Inter e Atlético. Com uma rixa antiga, as organizadas Os Fanáticos e Ultras foram separadas por um cordão de isolamento feito pela polícia gaúcha para evitar confusão. Os torcedores ‘comuns’ do clube, que não são integrantes de organizadas, também ficaram afastados, espremidos em um canto do estádio.
Cena cada vez mais habitual nas partidas do Furacão longe da Arena da Baixada. E que não mudará até a diretoria rubro-negra rever sua posição de banir a Ultras dos jogos em Curitiba, acredita o delegado Clóvis Galvão, da Delegacia Móvel de Atendimento ao Futebol e Eventos (Demafe) da Polícia Civil do Paraná.
De acordo com Galvão, a postura adotada pelo presidente Mario Celso Petraglia é prejudicial à questão e só intensifica a rixa entre as organizadas. Desde que foi eleito, no fim de 2010, o dirigente tem sistematicamente barrado a Ultras da Baixada. Uma posição política, segundo o delegado.
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A Câmara de Vereadores de Curitiba aprovou nesta terça-feira (25), por 19 a 11, o projeto para autorizar a comercialização de bebidas alcoólicas nos estádios da capital. A proposta será votada em 2º turno na manhã de quarta-feira (26) e, caso mantida a aprovação, restará apenas a sanção do prefeito Gustavo Fruet para cair a proibição que vigora des
Leia a matéria completa“Uma torcida [Os Fanáticos] apoiou a atual diretoria e a outra [Ultras] a oposição. De lá para cá, os confrontos nunca mais pararam. Acho que o Atlético, através da postura de seu presidente, tem sua parcela de culpa nesse problema”, acredita Galvão. “Deveria haver bom senso. Eles [diretoria] tomam partido na situação e discriminam a outra torcida”, emenda.
Para o clube, no entanto, é inviável que ambos dividam o setor Fan, o mais popular da Baixada, e o único que comporta organizadas. Como a Fanáticos é maioria no local, o histórico mostra que não haveria possibilidade de convivência conjunta.
Em maio, a Ultras conseguiu na Justiça o direito de frequentar os jogos no Joaquim Américo. No início de agosto, o Atlético obteve um efeito suspensivo sobre a decisão judicial até o julgamento do caso. Em seu site oficial, o clube relatou uma briga entre as torcidas no cruzamento das ruas Brigadeiro Franco e Brasílio Itiberê, próximo à Baixada, após o jogo contra o Sport pelo Brasileiro. Um torcedor da Os Fanáticos continua hospitalizado após o incidente.
“Já identificamos quem cometeu a agressão, um menor de idade. Vamos fazer a apresentação amanhã [terça-feira]. Tudo o que surge em matéria de denúncia a polícia apura, mas isso não está coibindo os problemas. Não está surtindo efeito”, opina Galvão.
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“Não tem como trabalhar preventivamente. Eles têm sua diferenças e todas as vezes que se encontram dá problema. É briga aqui, em São Paulo, no Rio. A origem de tudo isso é o Atlético, que até briga na Justiça para impedir os torcedores. Falta boa vontade”, completa o delegado.
A reportagem tentou contato com a assessoria de imprensa para ouvir a versão do Atlético sobre a briga das organizadas, mas não obteve resposta.
Disputa antiga
Os Fanáticos e Ultras têm uma velha rivalidade. Dissidentes da primeira foram os fundadores da segunda. Há diversos casos de conflitos entre elas, inclusive com perda de mando de campo para o Atlético. Um deles aconteceu em 2013, após briga na Vila Capanema durante um Atletiba.
Atualmente, porém, a Ultras garante que a situação é outra e que sua única reivindicação é ter o direito de assistir aos jogos. “Temos diálogo com a nova diretoria da torcida, uma relação normal. O problema era antes, quando o Julião [Julio César Sobota] era o presidente”, afirmou o presidente Fabiano Soares, em entrevista à Gazeta do Povo no início do mês.