Na primeira entrevista coletiva desde que reassumiu a presidência do Atlético, em dezembro de 2011, Mario Celso Petraglia fez na tarde desta sexta-feira (10) um balanço dos pouco mais de sete meses de gestão, com foco principalmente nas obras de conclusão da Arena da Baixada para a Copa do Mundo de 2014, na situação do atacante uruguaio Morro García e no planejamento para conseguir o retorno à Série A - que ele já admite a possibilidade de não cumprir. Como de costume, também aproveitou para cutucar o ex-mandatário Marcos Malucelli, que comandou o clube entre 2009 e 2011.
Confira abaixo os principais pontos da entrevista:
O time
Petraglia admitiu que a aposta com os jogadores mais jovens não deu certo, principalmente após o início da Série B. "Os meninos começaram a sentir. Quando vimos que poderia não dar certo, trouxemos 11 jogadores, nove deles que o Jorginho avaliou. Quem escolheu foi o clube", disse. Por isso, o presidente atleticano já reconhece a possibilidade de não voltar à Série A neste ano. "Não considero como desastre [não subir]. Vamos subir. Só não vamos se os deuses conspirarem contra ou se não formos capazes. Mas isso não influenciará a nossa história. Não será catastrófico perto do que nos tornaremos em breve."
Copa e Arena
O presidente justificou a demora na retomada das obras em razão de projetos estruturais mal conduzidos, que obrigaram o clube a contratar novos responsáveis. "Tivemos de rescindir o contrato com uma empresa de Belo Horizonte. A qualidade do serviço nos colocaria em risco. Não tivemos coragem de começar a obra. Buscamos uma empresa espanhola, encarregada do projeto do Corinthians, e já estamos finalizando o projeto estrutural", explicou.
Ele também deu mais detalhes sobre a obra. Além da cobertura retrátil, que ainda está em fase de estudos preliminares, o Atlético não precisará se preocupar com energia elétrica. Petraglia confirmou um financiamento a fundo perdido da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de R$ 25 milhões para a Copel, que vai garantir ao clube energia limpa na ordem de 1% do que é produzido pela Usina de Itaipu. "O Atlético não gastará mais com energia, nem para jogo, nem para shows e mesmo para a utilização diária."
Morro García
Petraglia atacou novamente o ex-diretor de futebol, Alfredo Ibiapina, a respeito da compra do atacante uruguaio Morro García. A bronca é que não houve respaldo jurídico para a assinatura de contrato. "Não tenho adjetivos para qualificar essa operação", afirmou. "Foi assinado pelo seu [Alfredo] Ibiapiana. Pessoa sem condições jurídicas de assinar e pagar. As pessoas que não assinaram os contratos, assinaram os cheques, mesmo sendo contra", atacou.
"O Ibiapina foi para Montevidéu acompanhado do advogado do clube. Lá alguém tinha que assinar. Ele estava lá, assinou, e quanto voltou ao Brasil, ratificamos", explicou o ex-presidente Marcos Malucelli.
O mandatário reclamou da porcentagem direcionada a intermediários, em pagamentos de comissão pela negociação cerca de 40% do valor total, de US$ 6,2 milhões. Mas reconheceu que não há muito o que fazer. "É quase impossível anular o contrato, é uma causa perdida", disse, resignado.
Mesmo assim, ele espera transferir o jogador para algum time da Europa o Grasshopper, da Suíça, é o principal interessado. "A alternativa é a Europa, mas há uma grande dificuldade. Ele não joga há oito meses [impedido pelo próprio Petraglia], está desmotivado, o salário é grande. Tivemos uma reunião com o Nacional e estamos conversando para tentar uma solução amigável. Estamos vendo todas as alternativas. A intenção é um acordo."
Marcos Malucelli
Durante a entrevista, Petraglia não perdeu a chance de criticar a gestão do ex-presidente Marcos Malucelli. Falou sobre os jogadores que passaram entre 2009 e 2011, num total de 105 que rescindiram contrato. "Isso sim é um balcão de negócios", provocou. Sem contar os salários dos técnicos que, segundo o atual mandatário, foram exagerados. Só Renato Gaúcho receberia cerca de R$ 400 mil por mês.
Ele ainda declarou que o escritório de advocacia de Malucelli recebeu do Atlético, entre 2001 e 2012, mais de R$ 1 milhão - até 2009 o próprio Petraglia estava no clube. "E ainda exigiu receber R$ 15 mil neste ano", comentou. Petraglia destacou o fato de que o escritório prestou serviços inclusive enquanto Malucelli estava no comando do clube. Teriam sido R$ 370 mil em três anos.
O ex-presidente Marcos Malucelli rebateu as declarações de Petraglia. Ele explicou que o escritório foi contratado em 2001, na gestão Marcus Coelho, para centralizar a assistência jurídica na área cível. "Eu vim com esse contrato até 2008, sofrendo reajuste. Nos três anos que fui presidente não fiz nenhum reajuste, por iniciativa minha, por questão ética", afirmou.