A tentativa de trazer Miguel Ángel Portugal, um técnico estrangeiro, que trouxesse novos conhecimentos ao Atlético, foi mal-sucedida justamente pelo choque cultural com os jogadores, segundo o presidente Mário Celso Petraglia. Contratado no começo do ano para substituir Vagner Mancini, o espanhol foi contratado no começo ano e pediu demissão em abril, após se chocar com alguns jogadores.
"Ele não quis permanecer. Houve um choque de cultura muito grande como se ministra futebol em todos os sentidos na Europa", revelou o cartola ao programa Camarote PFC, do canal por assinatura Premiere, no último sábado (22). "O nosso jogador não tem a mesma visão, a mesma forma, a mesma cultura. Então, ele pediu para sair", completou Petraglia.
Segundo o presidente rubro-negro, houve problemas internos do treinador com o elenco. Principalmente por causa da rigidez de Portugal em conduzir o grupo. Entre os fatos que causaram maior desgaste estava a obrigatoriedade de os jogadores se pesarem diariamente, além da proibição de qualquer tipo de doces e controle rígido de treinamentos nos dois turnos. "Uma série de posições que, na Europa, são normalíssimos, e aqui houve uma certa reação. Houve a descontinuidade do nosso trabalho", explicou o presidente.
O primeiro desentendimento de Portugal foi com o atacante Adriano. Na partida contra o Vélez Sarsfield, em Buenos Aires, pela Libertadores, em março, o Imperador não escondeu a insatisfação de entrar na partida faltando apenas 11 minutos, quando o Furacão já perdia por 2 a 0.
Em abril, o goleiro e capitão Weverton foi reclamar com Petraglia da forma como Portugal conduzia a equipe. O arqueiro foi afastado do time titular por algumas partidas. No mesmo mês, Adriano foi dispensado e o zagueiro Manoel afastado, ao mesmo tempo em que 12 jogadores foram separados do elenco principal, sendo o principal deles o atacante Douglas Coutinho. Dentro de campo, a escolha por Portugal também não surtiu resultados. Na Libertadores, o Atlético foi eliminado na primeira fase, enquanto a largada do Brasileiro foi tímida, com apenas cinco pontos somados nas cinco rodadas sob o comando do espanhol. O empate em 1 a 1 com a Chapecoense, em Maringá, selou o destino de Portugal, que pediu demissão logo a seguir.